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02/12/2005
-
11h15
da France Presse, em Montréal
O aquecimento global está derretendo o gelo do Ártico canadense tão rapidamente que abre uma nova rota marítima entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Com ela, surge o risco de uma disputa territorial entre o Canadá e os Estados Unidos.
O Pólo Norte é a região do mundo que se aquece com maior velocidade, duas vezes mais rápido que o resto do planeta, afirmam especialistas da ONU e do governo canadense. A tal ponto que antes de 2050 a navegação no grande norte canadense deveria ser possível durante a maior parte do verão.
Esta rota reduziria para 16 mil km o trajeto Londres-Tóquio, contra os 21 mil km via canal de Suez e 23 mil km via Panamá. "Atualmente há porções do território marítimo do Pólo Norte que estão cada vez mais livres de gelo", disse Frédéric Lasserre, geógrafo e especialista sobre o tema na universidade Laval de Quebec.
"Já se pode passar de maneira relativamente fácil no fim do verão por esta rota, verdadeiro labirinto de estreitos que formam o arquipélago ártico canadense", continuou.
E isto é só o começo, já que as temperaturas médias na região deverão aumentar em pelo menos 5ºC a 7ºC até o fim do século, segundo especialistas.
"O que estamos vendo no Ártico e que o vemos também mais ao sul, com os furacões, são os modelos mais pessimistas do aquecimento climático", informou o oceanógrafo Louis Fortier, de volta de uma expedição científica na região a bordo do barco de pesquisas canadense Amundsen.
Segundo Lasserre, em trinta anos os bancos de gelo deverão ter derretido de tal forma que talvez navios não-concebidos especialmente para o Ártico sejam capazes de navegar pela Passagem do Noroeste. A cada verão já passam por ali de 20 a 30 navios.
Para o Canadá, o problema é que os Estados Unidos, mas também a União Européia e até mesmo o Japão, nunca reconheceram sua proclamação, em 1986, sobre as "águas interiores" do Ártico. Os americanos sustentam que estas são águas internacionais.
Um quebra-gelos americano atravessou o arquipélago em 1985 sem autorização, gerando uma disputa diplomática com o Canadá, que declarou na época que sua soberania no "Pólo era indivisível, porque as ilhas estão reunidas entre si pelo gelo".
Se algum dia a pretensão canadense de soberania sobre estas águas for levada à Justiça, isto impediria a Ottawa impor suas regras à navegação da região, o que implicaria em riscos para o meio ambiente e os indígenas inuit.
Além disso, disse Lasserre, "a fronteira marítima e da plataforma continental entre Canadá e Estados Unidos ainda não está delimitada". Isso já dá lugar a um litígio de magnitude, já que o mar de Beaufort, no limite entre Yukon e o Alasca, contém importantes reservas de gás e petróleo.
A exploração destas reservas será cada vez mais fácil com o aquecimento da região, afirmam os especialistas. "E serão descobertas novas jazidas. Não só de petróleo, porque no Ártico também há ouro, diamantes, cobre e zinco. Portanto, também haverá uma forte navegação induzida pela exploração mineira", acredita Lasserre.
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O Pólo Norte é a região do mundo que se aquece com maior velocidade, duas vezes mais rápido que o resto do planeta, afirmam especialistas da ONU e do governo canadense. A tal ponto que antes de 2050 a navegação no grande norte canadense deveria ser possível durante a maior parte do verão.
Esta rota reduziria para 16 mil km o trajeto Londres-Tóquio, contra os 21 mil km via canal de Suez e 23 mil km via Panamá. "Atualmente há porções do território marítimo do Pólo Norte que estão cada vez mais livres de gelo", disse Frédéric Lasserre, geógrafo e especialista sobre o tema na universidade Laval de Quebec.
"Já se pode passar de maneira relativamente fácil no fim do verão por esta rota, verdadeiro labirinto de estreitos que formam o arquipélago ártico canadense", continuou.
E isto é só o começo, já que as temperaturas médias na região deverão aumentar em pelo menos 5ºC a 7ºC até o fim do século, segundo especialistas.
"O que estamos vendo no Ártico e que o vemos também mais ao sul, com os furacões, são os modelos mais pessimistas do aquecimento climático", informou o oceanógrafo Louis Fortier, de volta de uma expedição científica na região a bordo do barco de pesquisas canadense Amundsen.
Segundo Lasserre, em trinta anos os bancos de gelo deverão ter derretido de tal forma que talvez navios não-concebidos especialmente para o Ártico sejam capazes de navegar pela Passagem do Noroeste. A cada verão já passam por ali de 20 a 30 navios.
Para o Canadá, o problema é que os Estados Unidos, mas também a União Européia e até mesmo o Japão, nunca reconheceram sua proclamação, em 1986, sobre as "águas interiores" do Ártico. Os americanos sustentam que estas são águas internacionais.
Um quebra-gelos americano atravessou o arquipélago em 1985 sem autorização, gerando uma disputa diplomática com o Canadá, que declarou na época que sua soberania no "Pólo era indivisível, porque as ilhas estão reunidas entre si pelo gelo".
Se algum dia a pretensão canadense de soberania sobre estas águas for levada à Justiça, isto impediria a Ottawa impor suas regras à navegação da região, o que implicaria em riscos para o meio ambiente e os indígenas inuit.
Além disso, disse Lasserre, "a fronteira marítima e da plataforma continental entre Canadá e Estados Unidos ainda não está delimitada". Isso já dá lugar a um litígio de magnitude, já que o mar de Beaufort, no limite entre Yukon e o Alasca, contém importantes reservas de gás e petróleo.
A exploração destas reservas será cada vez mais fácil com o aquecimento da região, afirmam os especialistas. "E serão descobertas novas jazidas. Não só de petróleo, porque no Ártico também há ouro, diamantes, cobre e zinco. Portanto, também haverá uma forte navegação induzida pela exploração mineira", acredita Lasserre.
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