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16/02/2006 - 18h09

Confira a íntegra do bate-papo com Salvador Nogueira

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da Folha Online

Confira abaixo a íntegra do bate-papo com o jornalista Salvador Nogueira, repórter de Ciência da Folha sobre a missão espacial da qual participa o brasileiro Marcos Cesar Pontes. O texto abaixo reproduz a forma como os participantes digitaram.

"Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com o jornalista Salvador Nogueira sobre a missão espacial da qual participa Marcos Cesar Pontes, o primeiro astronauta brasileiro. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(05:02:19) Salvador Nogueira: Olá, pessoal, obrigado por terem vindo. Fiquem à vontade para perguntar o que quiserem, que também ficarei à vontade para responder o que eu quiser. :-) Brincadeira! Obrigado a todos pela presença!

(05:03:02) saulowan fala para Salvador Nogueira: quais serão os experimentos na estação com desdobramentos para a pesquisa tecnológica no Brasil?

(05:05:00) Salvador Nogueira: Saulowan, os experimentos são variados. Com mais aplicação prática eu vejo especificamente o que a Embrapa preparou, sobre germinação de sementes no espaço. Esses experimentos são relativamente comuns nos programas espaciais tripulados internacionais, mas esta é uma oportunidade para testarmos a semente de uma espécie de planta tropical, típica do nosso país, de nosso interesse. A idéia é ver qual a influência que a gravidade tem no desenvolvimento dessas plantas. Mas, claro, para que isso tenha algum impacto ou desdobramento no país será preciso que se dê continuidade à pesquisa. Não se faz ciência com 1 experimento.

(05:05:08) xico fala para Salvador Nogueira: olá, gostaria de saber o que ele acha das pessoas que dizem que gastar milhões ou bilhões de dólares na exploração espacial um desperdício de dinheiro?

(05:07:04) Salvador Nogueira: Xico, eu acho isso um absurdo. Porque até agora o dinheiro voltou com sobras. Quanto não se ganha com transmissões de TV via satélite? Com o desenvolvimento de microprocessadores cada vez menores? Com tecnologias de energia limpa, como as células a combustível? São todas tecnologias derivadas da pesquisa espacial, que resultam em benefícios e incrementos à economia. O dinheiro volta. Claro, não volta para quem investe. Primeiro é preciso o governo gastar um monte, enquanto a atividade é anti-econômica. Depois que surgem os produtos derivados, a iniciativa privada pode entrar e então explorar os nichos abertos pelo poder público. É assim que funciona.

(05:07:19) Mateus Schäffer fala para Salvador Nogueira: Salvador. Qual é a sua opinião a respeito das recentes pesquisas de vôos orbitais para civis comuns?

(05:08:22) Salvador Nogueira: Mateus, sou totalmente a favor do turismo espacial, como uma forma justamente de fazer "o dinheiro voltar". Além disso, o interesse de civis comuns por essa atividade pode aumentar o número de vôos e estimular o desenvolvimento de tecnologias mais baratas de acesso ao espaço --só coisa boa.

(05:08:29) barbcout fala para Salvador Nogueira: tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Leal Velloso, afirmou que a viagem do astronauta brasileiro ao espaço é "questão de marketing" e que a experiência "não trará nenhum avanço científico para o Brasil". Gostaria de saber o quão isso é verdadeiro

(05:10:35) Salvador Nogueira: Barbcout, se os experimentos se resumirem a essa oportunidade e ninguém der continuidade a eles, é verdade que de nada terá servido. Por isso, é importante que a sociedade civil seja vigilante, com este e com o próximo governo, para que se dê continuidade ao programa. É preciso lembrar que o Brasil é um dos países participantes da ISS e, se honrar seus compromissos, pode enviar experimentos para lá mesmo quando o astronauta brasileiro não estiver lá. E temos oportunidades de fazer experimentos mais curtos, com alguns minutos de microgravidade, em foguetes brasileiros já existentes. O importante é não deixar o que o vôo do astronauta iniciou acabar como um mero espetáculo de viés político.

(05:10:46) Dulcidio fala para Salvador Nogueira: Olá Salvador. Você esteve presente ao vivo e em cores (que inveja!) na coletiva lá na Rússia. E provocou uma sistuação de "saia-justa", não foi? Conte-nos melhor sobre isso e outras coisas interessantes da sua viagem.

(05:12:54) Salvador Nogueira: Dulcidio, é verdade. Fui criticado por um membro da agência espacial russa por mencionar que o astronauta americano, assim como o nosso, teve de comprar seu assento na nave Soyuz que parte em 30 de março. A verdade é que eles lá na Rússia (resquício da União Soviética) têm horror a ouvir de nós que eles estão "vendendo" alguma coisa (isso é coisa de capitalista, credo!). Quando perguntei algo parecido para a curadora do museu que há na Cidade das Estrelas, ela teve uma reação parecida. Em vez de responder à minha pergunta, ela disse: "Oh, não, nós não vendemos assentos. Nós fazemos acordos de cooperação". Santo eufemismo, Batman! :-)

(05:13:50) Determinista fala para Salvador Nogueira: Salvador, mas precisava ser um voo tripulado para fazer estes tipos de experimentos?

(05:15:46) Salvador Nogueira: Determinista, preferivelmente sim, mas tecnicamente não. Vale lembrar que o Brasil desenvolve atualmente um projeto de um satélite capaz de reentrar na atmosfera da Terra após um tempo em órbita. Isso seria ótimo para fazer experimentos de longa duração não-tripulados. Mas o desenvolvimento dessa tecnologia custaria imensamente mais caro, a curto prazo, do que pagar US$ 10 milhões e pegar uma carona na Soyuz. Para o atual estágio do nosso programa, não consigo ver um esforço menos custoso do que ir de Soyuz, com o astronauta brasileiro. É um bom começo. O problema é se morrer aí. Isso é que não pode acontecer.

(05:16:24) xico fala para Salvador Nogueira: você acha que algum dia o brasil pode ser auto-suficiente na área de exploração espacial (seguindo os passos de índia e china)?

(05:18:28) Salvador Nogueira: Xico, acho que pode sim. Pode e deve. O Brasil, na verdade, é um dos países que possui maior tradição espacial. Nosso interesse remonta a 1960, três anos apenas depois do lançamento do primeiro satélite artificial. O que mina o nosso programa é a falta de priorização pelo governo e a inconstância de recursos. Ainda assim, no setor de satélites, trabalhamos de igual para igual com gente como a China, com quem desenvolvemos satélites de sensoriamento remoto conjuntamente. Então, acho bem possível que o Brasil consiga acompanhar esses outros países, se o programa deixar de ser algo de um governo para se tornar algo de uma nação.

(05:18:38) Marcus fala para Salvador Nogueira: Boa tarde, gostaria de saber sua opinião sobre como o Brasil está no cenário mundial da astronomia? Está sendo considerado uma nação fortemente capacitada para futuras jornadas e estudos?

(05:20:59) Salvador Nogueira: Marcus, na astronomia o Brasil é campeão. É um dos países que mais se destacam na área. Temos uma boa participação no Soar, um telescópio no Chile que construímos em parceria com os americanos, e também temos uma porcentagem no uso dos telescópios Gemini Norte e Sul. O Brasil publica muito na área e faz pesquisa importante, como por exemplo o trabalho de Augusto Damineli, da USP, com a estrela Eta Carinae, que é tido como maior especialista no estudo desse astro gigante.

(05:21:30) Mateus Schäffer fala para Salvador Nogueira: Apenas os civis ricos poderiam entrar nesse turismo espacial, não acha?

(05:23:06) Salvador Nogueira: Mateus, hoje sim. Para ir à Estação Espacial Internacional você precisa de US$ 20 milhões. Mas isso pode mudar. O desenvolvimento de naves suborbitais mais baratas já está a caminho, de modo que você possa fazer uma curta viagem ao espaço por uns US$ 150 mil. E, se a estratégia der certo, o custo pode cair ainda mais nos próximos anos. Claro, nunca vai ser tão barato quanto andar de avião (o que já é bem caro), mas vai ser acessível a uma parcela significativa da população mundial, sobretudo entre os primos ricos do hemisfério Norte.

(05:23:53) edu fala para Salvador Nogueira: Qual a vantagem que o Brasil vai ter mandando este astronalta pro espaço, ou é só o nosso dinheiro que vai.

(05:25:36) Bruno fala para Salvador Nogueira: Para nós brasileiros, a ida de um astronauta de nossa país, será um grande passo , para nossa conquista espacial e cientifica. correto. Ao seu ver, o Brasil ganhará ou perderá com isso? quais as vantagens que serão obtidaspor este mérito alcançado.

(05:26:19) Salvador Nogueira: Edu, as vantagens são muitas, algumas de valor incalculável. Por exemplo: quantos jovens não se inspirarão com a viagem e decidirão estudar e perseguir uma carreira em ciência? O espaço, e a Nasa sabe muito bem disso, é uma ótima oportunidade para fascinar os jovens com a ciência. Outro potencial benefício é o chamariz que o vôo criará para o programa espacial brasileiro. No âmbito nacional, pode sensibilizar o(s) governo(s) a investirem mais na área. No âmbito internacional, chamará a atenção dos mercados externos para a nossa indústria espacial. Isso tudo sem falar no mais objetivo: a oportunidade de realizar experimentos no maior e melhor laboratório de microgravidade do mundo, a Estação Espacial Internacional.

(05:26:21) Pedro-sjc fala para Salvador Nogueira: Boa Tarde. Eu sou filho de um grande amigo do Marcos Pontes, moramos nos EUA na mesma época e mesmo local. Como todo amigo, eu tenho preocupações quanto à segurança do vôo, até porque assisti a alguns desastres nesse ramo (na TV, claro). O que você poderia me dizer sobre isso?

(05:29:02) Salvador Nogueira: Pedro, exploração espacial e risco são sinônimos. Então, não posso te dizer que a chance de uma catástrofe é zero. O que posso te dizer, no entanto, é que a Soyuz é um veículo extremamente confiável e inerentemente seguro -- ou seja, não depende de controles artificiais para fazer uma reentrada com sucesso na atmosfera, a própria aerodinâmica cuida disso. Não há acidente fatal com uma Soyuz desde 1971. A espaçonave é usada desde 1967. Mais de 200 foram lançadas, apenas 2 resultaram em morte da tripulação (um total de quatro cosmonautas perdidos). O registro é bom. O Marcos Pontes, que já foi piloto de prova de avião, já esteve em apuro muito maior que esse num cockpit de avião. ;-)

(05:29:08) edu fala para Salvador Nogueira: O que este piloto brasileiro vai fazer lá?

(05:30:31) Salvador Nogueira: Edu, o astronauta irá realizar experimentos preparados por cientistas brasileiros. Mas seu trabalho não se resume a isso. Nos últimos sete anos, ele não só adquiriu todo o treinamento para essa viagem espacial como sofreu na função de burocrata, representando o Brasil na Nasa diante dos outros 15 países participantes do projeto da ISS.

(05:30:32) Loirinho sarado fala para Salvador Nogueira: O "astronauta" brasileiro não está pronto ainda, não está suficientemente treinado para essa missão. Os cientistas ainda podem mudar de idéia e ele não ir.

(05:31:47) Salvador Nogueira: Loirinho sarado, a missão não será adiada. E todos os envolvidos estão trabalhando duro para que o Pontes tenha todo o treinamento necessário para a execução dos experimentos antes do lançamento. De toda forma, é importante ressaltar que o único problema é o treinamento com os experimentos. Do ponto de vista de segurança, o astronauta brasileiro está mais que pronto para voar.

(05:32:04) Délbio Lima fala para Salvador Nogueira: Boa tarde Salvador Nogueira... o que você está achando da ideia de ir um astronauta brasileiro no espaço?

(05:33:39) Salvador Nogueira: Délbio, tenho duas respostas. Uma como jornalista: acompanho isso com um olhar crítico; é preciso que a sociedade civil não deixe que a ida do astronauta seja apenas um espetáculo, mas um marco para um vigoroso programa espacial nacional. Como cidadão: estou achando uma grande oportunidade para mostrar lá fora que o Brasil é mais que futebol e Ayrton Senna (com todo respeito ao grande campeão da F1 e aos que vestem a amarelinha).

(05:33:46) Olimpo fala para Salvador Nogueira: me fale da chances de ingressar outro astronauta brasileiro na nasa e se isso acontecer qual é o tempo p estar pronto p realizar uma tarefa como a do Pontes ?

(05:35:15) Salvador Nogueira: Olimpo, logo depois da escalação do Pontes, em 1998, as chances de um segundo astronauta nacional eram altas. Numa época, a AEB (Agência Espacial Brasileira) chegou até a anunciar novo processo de seleção. Mas de lá para cá a participação brasileira na ISS foi severamente reduzida, e não há perspectiva atual da preparação de um segundo astronauta. De toda forma, estou certo de que quem vai mais lutar para ver isso acontecer é o próprio Pontes, que já declarou que é o primeiro, mas não quer ser o último.

(05:35:43) H Ctba fala para Salvador Nogueira: A Russia cobrou US$10 milhoes para levar o astronautra brasileiro... peraí... este é exatamente o valor cobrado por um turista espacial... nao seria o "astronauta brasileiro" apenas o primeiro "turista espacial brasileiro", bancado pelo governo?

(05:36:56) Salvador Nogueira: H Ctba, o valor por turista espacial é de cerca de US$ 20 milhões. O americano Jeffrey Williams vai voar na mesma Soyuz que o Pontes por US$ 21 milhões, pagos pela Nasa. Ninguém está dizendo que ele é um turista espacial brasileiro. Não é o pagamento que caracteriza o turismo, é o turista. Minhas viagens a trabalho também são pagas, e nem por isso eu me sinto turista. ;-)

(05:37:16) Bei fala para Salvador Nogueira: Salvador, qual a real possibilidade do Brasil continuar a investir na pesquisa espacial, seja na ISS ou em algum outro vôo tripulado?

(05:39:06) Salvador Nogueira: Bei, na ISS o Brasil ainda está por cumprir suas obrigações, ou seja, entregar as peças que se comprometeu a fazer para uso no complexo orbital. Elas estão no momento sendo prototipadas pelo SENAI, e a tecnologia de sua fabricação então será repassada à indústria nacional, para que elas sejam confeccionadas e entregues. Ou seja, ainda tem muito trabalho pela frente. Quanto a outro projeto tripulado, é difícil de antever. Vai depender de vontade política e oportunidade. Hoje, nem mesmo na Nasa ou na Rússia está claro como, e com que parcerias internacionais, serão realizados os próximos projetos tripulados, além da ISS.

(05:40:12) Guili fala para Salvador Nogueira: Qual a sua dica para engressar no mundo jornalistico?

(05:40:58) Salvador Nogueira: Guili, prestar atenção a tudo que está ao seu redor. Perceber que há matérias em toda parte. E bater perna. Correr atrás. Estudar. Sorte também ajuda. ;-)

(05:41:07) saulowan fala para Salvador Nogueira: Alguém do alto escalão do governo federal tem idéia do que representa a missão, além do efeito político?

(05:42:11) Salvador Nogueira: Saulowan, para ser bem honesto, duvido. Mas vale lembrar que os soviéticos, quando lançaram o Sputnik, registraram como uma materinha de pé de página em seu jornal oficial, o Pravda. Eles só descobriram o tamanho do negócio quando virou manchete de primeira página do New York Times...

(05:42:11) Francisco fala para Salvador Nogueira: Você acha que o custo desta viagem vale a pena pelas tantas misérias que o Brasil passa ? Será que chegou a nossa hora ?

(05:44:02) Salvador Nogueira: Francisco, não gosto do discurso "o que poderia ser feito com esse dinheiro em vez de mandar o astronauta"... acho que um país que quer ser grande e justo precisa apostar não só em políticas sociais (óbvio) mas também em pilares sólidos sobre os quais sustentar uma economia e uma educação saudáveis e competitivas. O valor educacional do vôo do astronauta, como eu já disse, é imensurável. E se ele mantiver mais cem crianças na escola, em vez de nas ruas, acho que já valeu a pena.

(05:44:17) Murilo fala para Salvador Nogueira: por favor só me responde uma coisinha ...porq existe tanta dificuldade assim para o Homem voltar a lua..visto q o EUA projeta isso só para 2015...sendo que essa tecnologia ja foi desenvolvida em 1965

(05:46:07) Salvador Nogueira: Murilo, porque é caro pra burro. Com a União Soviética nos calcanhares, os americanos gastavam 5% de TODO O DINHEIRO ARRECADADO anualmente na Nasa, no Projeto Apollo. Hoje, o orçamento da Nasa é inferior a 1% do total. Com menos dinheiro, o tempo para projetar os sistemas é maior. É como se a Nasa tivesse, nos anos 1960, pago a viagem a Lua em prestações mais gordas, durante 8 anos. Agora, com menos recursos, eles vão ter de dividir em 13, 14 anos...

(05:46:13) Gabriel fala para Salvador Nogueira: O Vôo do astronauta brasileiro seria em uma missão STS pq houve a mudança para um Soyuz?

(05:47:51) Salvador Nogueira: Gabriel, porque o STS (sigla chique para as missões do ônibus espacial) ficou na garagem por mais de dois anos, após o acidente com o Columbia, aumentando enormemente a "fila" de astronautas para voar. E, em segundo lugar, porque o Brasil reduziu o escopo de sua participação na ISS, o que tornou ainda mais difícil sua escalação num ônibus. No entanto, essa chance ainda existe. Nosso astronauta continua em "status" de pronto para voar lá na Nasa. Se precisarem dele, pode apostar que ele vai, sem pestanejar!

(05:47:57) Edd fala para Salvador Nogueira: Salvador, boa tarde! Não deveriamos estar focados na recostrução de Alcantara, concluir o projeto do veiculo lançador, e ai sim enviar um brasileiro para o espaço? Neste momento para mim, parece mais marketing do que outra coisa. temos a lição de casa para fazer.

(05:49:47) Salvador Nogueira: Edd, temos sim de reconstruir Alcântar e concluir o projeto do VLS-1, tendo em vista o desenvolvimento de outros lançadores ainda mais poderosos. Mas uma coisa não exclui a outra. Um programa espacial saudável equilibra seus diversos elementos. Foi muito ruim, por exemplo, o Brasil ter evoluído tanto em satélites, mas estar tão atrasado em lançadores. É preciso equilíbrio. Nesse sentido, acho que o vôo do Pontes (com US$ 10 milhões não dá para fazer nada disso que você mencionou) vem bem a calhar.

(05:50:11) spok fala para Salvador Nogueira: Como vai? nos diga algo sobre a situação tecnologica da russia, o que vc achou?

(05:52:12) Salvador Nogueira: Spok, a Rússia é uma país orgulhoso de suas tradições. E vive muito delas também. Infelizmente, o programa espacial russo está em estado de penúria. Eles vivem basicamente das glórias do passado, investindo quase tudo em seu programa tripulado e em satélites terrestres. Desde 1996 eles não tentam lançar nada além da órbita da Terra (e em 1996 eles falharam na tentativa!). É um país com imensa capacidade intelectual, mas sem dinheiro. Se você chegar lá com o dinheiro, eles te levam para a Lua antes dos americanos -- e se bobear com mais segurança.

(05:53:12) fdsf fala para Salvador Nogueira: como vc acha que ira se sair o nosso astronauta brasileiro?

(05:54:21) Salvador Nogueira: fdsf, muito bem. O Pontes é um sujeito extremamente bem-preparado e dedicado. Sempre esteve entre os melhores de sua turma na Nasa e tem uma extensa experiência com vôo em aeronaves experimentais. Ele vai tirar de letra. ;-)

(05:54:27) Luiggi_40 fala para Salvador Nogueira: Salvador: Há quem diga que os Shuttles são vasos de porcelana Ming voadores, e que as naves russas são sucatas... Sabemos que a tecnologia espacial ainda é precária em vários pontos, embora seja a melhor que dispomos. Vc não acha que a exploração robotizada traria avanços mais rapidamente que missões tripuladas?

(05:57:19) Salvador Nogueira: Luiggi_40, os shuttles são muito delicados, esse é o problema deles -- a analogia dos vasos Ming é boa. Quanto às naves russas, não são sucata não. O design é extremamente sofisticado -- não é porque é dos anos 1960 que é ruim. Ela funciona e funciona bem. "Um veículo bem inteligente", segundo o nosso astronauta. Agora, sem dúvida que ainda tem muito chão para que as naves tripuladas se tornem robustas a ponto de permitir a exploração consistente do sistema solar. Nesse sentido, o papel da ISS como "banco de testes" é fundamental. Sem ela, dificilmente aprenderemos a ir a Marte ou a outros lugares. Então, sim, hoje a exploração não-tripulada rende mais dividendos científicos. Agora, se você tiver a chance de enviar gente a um lugar, pode esperar muito mais. Nenhuma missão não-tripulada fez tanto pelo estudo da Lua quanto as missões Apollo tripuladas. Moral da história: tudo vale a pena, se a verba não é pequena. ;-)

(05:58:15) Salvador Nogueira: Pessoal, agradeço pelas perguntas e peço que todos façam muitas figas pelo sucesso do nosso astronauta. E, para quem se interessa pelo assunto de exploração espacial, não resisto a fazer uma auto-propaganda: dêem uma folheada no meu livro "Rumo ao Infinito". Grande abraço a todos.

(05:58:21) Moderador UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Salvador Nogueira e a participação de todos os internautas. Até o próximo!

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