16/02/2006 - 18h08

Salvador Nogueira defende investimento em missões espaciais

da Folha Online

O jornalista Salvador Nogueira, 26, falou nesta quinta-feira sobre a missão do astronauta Marcos Cesar Pontes --classificada por alguns especialistas como "marketing"-- e defendeu os investimentos feitos na exploração espacial. O jornalista e colunista da Folha Online participou hoje de um bate-papo que contou com 491 internautas.

Os participantes questionaram o investimento de US$ 10 milhões feito pelo Brasil --"o custo vale a pena, já que o país tem tantas misérias?", questionou um deles. Segundo o jornalista, um país que deseja ser grande e justo precisa apostar não só em políticas sociais, mas também em pilares sólidos para sustentar uma economia e educação saudáveis e competitivas.

Folha Imagem

O jornalista Salvador Nogueira

Nogueira afirmou que a participação do brasileiro na missão tem um valor "incalculável". "Quantos jovens não se inspirarão com a viagem e decidirão estudar e perseguir uma carreira em ciência?", questionou. "Se este investimento mantiver cem crianças na escola, em vez de nas ruas, acho que já valeu a pena."

Além disso, lembrou que, no âmbito nacional, a iniciativa pode trazer mais investimentos para a área. Internacionalmente, esta iniciativa chamará atenção de outros mercados para a indústria espacial brasileira. "Isso sem falar na oportunidade de realizar experimentos no maior e melhor laboratório de microgravidade do mundo: a Estação Espacial Internacional", continuou.

Vigilância

O jornalista reforçou a importância de a sociedade civil não deixar que a ida do brasileiro ao espaço seja apenas um espetáculo --ela deve ser considerada um marco para um "vigoroso programa espacial nacional". Para que isso aconteça, é necessário que os brasileiros fiquem vigilantes, fazendo com que este e o próximo governo dêem continuidade ao programa.

Durante a missão de oito dias, que terá início em 30 de março, Pontes vai realizar experimentos preparados por cientistas brasileiros. Entre eles, um teste da Embrapa que mostrará o impacto da gravidade no desenvolvimento de uma planta tropical. "Para que isso tenha algum desdobramento no país, será preciso que se dê continuidade à pesquisa. Não se faz ciência com apenas um experimento."

Apesar de essa ser a primeira missão do astronauta brasileiro, o jornalista lembra que nos últimos sete anos Pontes representou o Brasil na Nasa (agência espacial norte-americana) diante de outros 15 participantes do projeto da ISS (Estação Espacial Internacional).

"Se o Brasil honrar seus compromissos, pode enviar experimentos para lá mesmo sem o astronauta brasileiro." A principal "pendência" é a entrega de peças que o país se comprometeu a fazer para uso no complexo orbital. Elas estão sendo prototipadas pelo Senai e, depois disso, serão confeccionadas pela indústria nacional. "Ou seja, ainda tem muito trabalho pela frente".

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