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05/04/2006
-
16h08
DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington
O astronauta Marcos Pontes não tem um lugar garantido no Centro Espacial Johnson, da Nasa, quando voltar da ISS (sigla em inglês para Estação Espacial Internacional).
"Ainda não está decidido se ele volta para o centro. Para falar a verdade, praticamente não discutimos isso desde 2004", afirmou Peter Ahlf, diretor da Divisão de Ciência do Escritório de Relações Externas da Nasa em Washington.
O diretor afirma que a cooperação entre a Nasa e a AEB (Agência Espacial Brasileira) está parada desde 2004. "Precisamos retomar as conversas. Mas, do nosso ponto de vista, o novo nível de financiamento para o projeto provavelmente não inclui uma oportunidade de vôo para um astronauta brasileiro", afirmou Ahlf.
A permanência do Brasil no consórcio vai depender do volume de recurso que o país estiver disposto a desembolsar, na avaliação do responsável pela América Latina no Escritório de Relações Externas da Nasa, Michael Moore.
Por não cumprir com o acordo firmado em 1997, que previa a entrega de seis equipamentos para a Estação Espacial Internacional, o Brasil perdeu o direito de enviar um astronauta para o espaço no convênio com a Nasa.
Regresso a Houston
Em entrevistas, Pontes disse que pretendia voltar para Houston --onde fica o centro-- e que poderia participar dos vôos da Nasa a partir de 2009. Segundo Ahlf, o treinamento recebido pelo brasileiro em Houston foi útil para que ele se qualificasse para o vôo a bordo da nave russa.
"Estamos felizes que Pontes tenha tido a oportunidade de voar neste acordo comercial com a agência russa. Achamos que é positivo tanto para a agência brasileira quanto para a cooperação geral no espaço", afirmou Ahlf.
A redução da participação brasileira na Estação Espacial Internacional começou a ser negociada no início do governo Lula, mas as conversas estão paradas desde fevereiro de 2003 --período em que se deu o acidente do ônibus espacial Columbia, que colocou em espera todo o programa de vôos para a estação.
O Brasil ainda é considerado pela Nasa como integrante do projeto, segundo Ahlf. Mas ele afirma que, apesar de ter investido no desenvolvimento inicial dos equipamentos, o Brasil não chegou a fornecer qualquer equipamento para a estação.
O acordo foi firmado em 1997, pelos ex-presidentes Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso. Naquele época, o Brasil se comprometeu a fornecer uma série de equipamentos para a Estação Espacial Internacional.
Em troca, o Brasil ganharia o direito de treinar um astronauta no Centro Johnson, que depois iria para o espaço em um ônibus espacial americano. Pelo acordo, o Brasil poderia ainda fazer uso da estação para pesquisa.
Os equipamentos foram orçados na época pelo governo brasileiro em US$ 120 milhões. Das seis peças previstas no acordo, as duas mais importantes, de acordo com Peter Ahlf, são o palete expresso para experimentos na estação espacial --um equipamento que seria utilizado dentro e fora da estação-- e o contêiner despressurizado para logística.
Os equipamentos nunca chegaram a ser entregues. "Trabalhamos com o governo brasileiro por alguns anos e sei que eles investiram recursos no desenho dessas peças. Em agosto de 2002, chegamos a um ponto quando parecia que eles não iriam conseguir entregar o equipamento", afirmou Ahlf.
Participação
No início do governo Lula, em 2003, as duas agências começaram a conversar sobre a redução da participação brasileira, para acomodar o corte de orçamento da AEB. "Começamos a conversar sobre um acordo diferente, reduzido, mas não completamos nada."
Depois do acidente com o ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, o foco da Nasa mudou. "Francamente, isso não é uma prioridade para nós. Por esse motivo, não completamos um novo acordo. E também nós não tivemos muita pressão do governo brasileiro para retomar essas discussões", afirmou Ahlf.
Segundo ele, a prioridade da Nasa passou a ser os procedimentos que pudessem garantir que os ônibus voassem com segurança e a manutenção da Estação Espacial Internacional em órbita mesmo sem os vôos. Enquanto isso, as viagens ficaram paradas, e só foram retomadas no ano passado.
Ahlf diz que a Nasa continua interessada nos equipamentos brasileiros, mas que, se a Agência Espacial Brasileira não for capaz de fornecê-los, a agência americana vai buscar outras alternativas. "Se retomarmos as conversas com o governo, tenho certeza que vamos encontrar uma maneira para que eles sejam úteis", afirmou.
O diretor da Nasa lembra que as agências americana e brasileira têm outros acordos de cooperação, que continuam em andamento, como um para a análise do clima na Amazônia.
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da BBC Brasil, em Washington
O astronauta Marcos Pontes não tem um lugar garantido no Centro Espacial Johnson, da Nasa, quando voltar da ISS (sigla em inglês para Estação Espacial Internacional).
"Ainda não está decidido se ele volta para o centro. Para falar a verdade, praticamente não discutimos isso desde 2004", afirmou Peter Ahlf, diretor da Divisão de Ciência do Escritório de Relações Externas da Nasa em Washington.
O diretor afirma que a cooperação entre a Nasa e a AEB (Agência Espacial Brasileira) está parada desde 2004. "Precisamos retomar as conversas. Mas, do nosso ponto de vista, o novo nível de financiamento para o projeto provavelmente não inclui uma oportunidade de vôo para um astronauta brasileiro", afirmou Ahlf.
A permanência do Brasil no consórcio vai depender do volume de recurso que o país estiver disposto a desembolsar, na avaliação do responsável pela América Latina no Escritório de Relações Externas da Nasa, Michael Moore.
Por não cumprir com o acordo firmado em 1997, que previa a entrega de seis equipamentos para a Estação Espacial Internacional, o Brasil perdeu o direito de enviar um astronauta para o espaço no convênio com a Nasa.
Regresso a Houston
Em entrevistas, Pontes disse que pretendia voltar para Houston --onde fica o centro-- e que poderia participar dos vôos da Nasa a partir de 2009. Segundo Ahlf, o treinamento recebido pelo brasileiro em Houston foi útil para que ele se qualificasse para o vôo a bordo da nave russa.
"Estamos felizes que Pontes tenha tido a oportunidade de voar neste acordo comercial com a agência russa. Achamos que é positivo tanto para a agência brasileira quanto para a cooperação geral no espaço", afirmou Ahlf.
A redução da participação brasileira na Estação Espacial Internacional começou a ser negociada no início do governo Lula, mas as conversas estão paradas desde fevereiro de 2003 --período em que se deu o acidente do ônibus espacial Columbia, que colocou em espera todo o programa de vôos para a estação.
O Brasil ainda é considerado pela Nasa como integrante do projeto, segundo Ahlf. Mas ele afirma que, apesar de ter investido no desenvolvimento inicial dos equipamentos, o Brasil não chegou a fornecer qualquer equipamento para a estação.
O acordo foi firmado em 1997, pelos ex-presidentes Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso. Naquele época, o Brasil se comprometeu a fornecer uma série de equipamentos para a Estação Espacial Internacional.
Em troca, o Brasil ganharia o direito de treinar um astronauta no Centro Johnson, que depois iria para o espaço em um ônibus espacial americano. Pelo acordo, o Brasil poderia ainda fazer uso da estação para pesquisa.
Os equipamentos foram orçados na época pelo governo brasileiro em US$ 120 milhões. Das seis peças previstas no acordo, as duas mais importantes, de acordo com Peter Ahlf, são o palete expresso para experimentos na estação espacial --um equipamento que seria utilizado dentro e fora da estação-- e o contêiner despressurizado para logística.
Os equipamentos nunca chegaram a ser entregues. "Trabalhamos com o governo brasileiro por alguns anos e sei que eles investiram recursos no desenho dessas peças. Em agosto de 2002, chegamos a um ponto quando parecia que eles não iriam conseguir entregar o equipamento", afirmou Ahlf.
Participação
No início do governo Lula, em 2003, as duas agências começaram a conversar sobre a redução da participação brasileira, para acomodar o corte de orçamento da AEB. "Começamos a conversar sobre um acordo diferente, reduzido, mas não completamos nada."
Depois do acidente com o ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, o foco da Nasa mudou. "Francamente, isso não é uma prioridade para nós. Por esse motivo, não completamos um novo acordo. E também nós não tivemos muita pressão do governo brasileiro para retomar essas discussões", afirmou Ahlf.
Segundo ele, a prioridade da Nasa passou a ser os procedimentos que pudessem garantir que os ônibus voassem com segurança e a manutenção da Estação Espacial Internacional em órbita mesmo sem os vôos. Enquanto isso, as viagens ficaram paradas, e só foram retomadas no ano passado.
Ahlf diz que a Nasa continua interessada nos equipamentos brasileiros, mas que, se a Agência Espacial Brasileira não for capaz de fornecê-los, a agência americana vai buscar outras alternativas. "Se retomarmos as conversas com o governo, tenho certeza que vamos encontrar uma maneira para que eles sejam úteis", afirmou.
O diretor da Nasa lembra que as agências americana e brasileira têm outros acordos de cooperação, que continuam em andamento, como um para a análise do clima na Amazônia.
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