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05/12/2006
-
10h04
CLAUDIO ANGELO
Enviado Especial da Folha de S.Paulo a Belém
O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), resolveu se despedir de seu mandato em grande estilo. Ontem, a menos de um mês de deixar o cargo, ele assinou a criação do maior conjunto de áreas de conservação em floresta tropical do planeta.
Só na calha Norte do rio Amazonas paraense foram colocados sob proteção oficial 12,7 milhões de hectares de floresta em área contínua --quase o equivalente a Portugal e à Suíça somados-- em cinco unidades de conservação. Entre as quais, a maior já criada no país, a Estação Ecológica Grão-Pará, com 4,2 milhões de hectares, e a terceira maior, a Floresta Estadual do Paru, com 3,6 milhões de hectares.
Três dessas unidades são Florestas Estaduais (Flotas) que admitem usos econômicos, como a exploração sustentável de madeira. As outras duas são de proteção integral, destinadas unicamente à conservação da biodiversidade e à pesquisa.
Somadas a duas outras áreas criadas na calha Sul, as reservas do Pará perfazem 15 milhões de hectares, ou um Ceará, e elevam em quase 3% a porção protegida da Amazônia. A festa de Jatene só não foi maior porque uma liminar concedida no fim de semana pela Justiça Federal de Altamira impediu a criação de duas outras unidades.
Corredor gigante
O mosaico paraense completa o maior corredor ecológico do planeta, que se estende da fronteira entre o Amazonas e a Colômbia até o litoral do Amapá. Quem percorrer essa região hoje poderá andar 3.000 km integralmente dentro de áreas protegidas --entre parques, reservas indígenas e florestas de uso sustentável.
A criação do mosaico da calha Norte é uma dupla boa notícia. Primeiro, porque antecipa a proteção a uma região ainda pouco impactada pela ação humana. De acordo com a ONG Conservação Internacional, que fará o inventário da biodiversidade local no ano que vem, a região sob proteção integral na calha Norte abriga pelo menos 61 espécies de anfíbios, quase 200 de mamíferos e 700 de aves. Oito estão ameaçadas.
Depois, porque o custo político de sua implementação é baixo, já que boa parte da região está fora de acesso para o setor produtivo por possuir relevo acidentado e solos pobres. "As áreas de proteção integral estão sob proteção passiva", disse à Folha Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que coordenou os estudos para a criação das novas reservas.
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Enviado Especial da Folha de S.Paulo a Belém
O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), resolveu se despedir de seu mandato em grande estilo. Ontem, a menos de um mês de deixar o cargo, ele assinou a criação do maior conjunto de áreas de conservação em floresta tropical do planeta.
Só na calha Norte do rio Amazonas paraense foram colocados sob proteção oficial 12,7 milhões de hectares de floresta em área contínua --quase o equivalente a Portugal e à Suíça somados-- em cinco unidades de conservação. Entre as quais, a maior já criada no país, a Estação Ecológica Grão-Pará, com 4,2 milhões de hectares, e a terceira maior, a Floresta Estadual do Paru, com 3,6 milhões de hectares.
Três dessas unidades são Florestas Estaduais (Flotas) que admitem usos econômicos, como a exploração sustentável de madeira. As outras duas são de proteção integral, destinadas unicamente à conservação da biodiversidade e à pesquisa.
Somadas a duas outras áreas criadas na calha Sul, as reservas do Pará perfazem 15 milhões de hectares, ou um Ceará, e elevam em quase 3% a porção protegida da Amazônia. A festa de Jatene só não foi maior porque uma liminar concedida no fim de semana pela Justiça Federal de Altamira impediu a criação de duas outras unidades.
Corredor gigante
O mosaico paraense completa o maior corredor ecológico do planeta, que se estende da fronteira entre o Amazonas e a Colômbia até o litoral do Amapá. Quem percorrer essa região hoje poderá andar 3.000 km integralmente dentro de áreas protegidas --entre parques, reservas indígenas e florestas de uso sustentável.
A criação do mosaico da calha Norte é uma dupla boa notícia. Primeiro, porque antecipa a proteção a uma região ainda pouco impactada pela ação humana. De acordo com a ONG Conservação Internacional, que fará o inventário da biodiversidade local no ano que vem, a região sob proteção integral na calha Norte abriga pelo menos 61 espécies de anfíbios, quase 200 de mamíferos e 700 de aves. Oito estão ameaçadas.
Depois, porque o custo político de sua implementação é baixo, já que boa parte da região está fora de acesso para o setor produtivo por possuir relevo acidentado e solos pobres. "As áreas de proteção integral estão sob proteção passiva", disse à Folha Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que coordenou os estudos para a criação das novas reservas.
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