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06/03/2007
-
11h19
FELIPE SELIGMAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Para reverter a tendência de aquecimento global a longo prazo, o mundo terá de cortar entre 60% e 80% das emissões de gás carbônico (CO2) até 2050. Essa é a cota defendida pelo diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner, que se encontrou ontem em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Steiner disse ter vindo ao Brasil para um processo de consultas com dois objetivos principais. O primeiro é "entender como o Brasil tem abordado os diferentes desafios relacionados ao ambiente para mostrar na comunidade internacional as grandes realizações do país". O segundo é "fazer um trabalho para que o Brasil possa contribuir sendo um líder nas iniciativas ambientais".
O diretor do Pnuma elogiou a política nacional contra o desmatamento brasileiro que, segundo ele, conseguiu reduzir o problema em 52% ("poucos países conseguiram tamanho sucesso"). Segundo Steiner, os países que mais prejudicaram o meio ambiente global têm mais responsabilidade de iniciativa. "Nenhum país pode continuar do jeito que está, se não aceitar a realidade climática atual".
Steinter defendeu a imposição de metas maiores de redução na emissão de CO2 para países industrializados. "Hoje a União Européia olha para os Estados Unidos e diz que eles não fazem nada. Os EUA, por sua vez, criticam a China que, em contrapartida, critica os EUA e a União Européia. No final, ninguém faz nada".
Já para países em desenvolvimento, Steiner diz que as metas deveriam surgir voluntariamente. "Se olharmos para o Brasil e para sua redução de desmatamento, não é necessário ter metas definidas para atingir bons resultados."
Brasil pró-ativo
Após o encontro com Steiner, a ministra Marina Silva disse que o Brasil precisa ser "mais pró-ativo e menos reativo", aceitando as críticas feitas pelo chefe do Pnuma em entrevista à Folha. "Temos que adotar uma postura na qual o Brasil possa liderar como exemplo, utilizando o Plano Nacional para Mudanças Climáticas, que está sendo discutido dentro do governo", disse. "Não podemos ficar na defensiva, com os bons exemplos que temos: 45% das nossas matrizes energéticas são limpas."
Marina Silva diz que o país está disposto a convocar uma reunião com ministros e diplomatas de 15 países --considerando os blocos regionais-- para criar um consenso internacional sobre o ambiente". De acordo com a ministra, a reunião deve acontecer no meio deste ano, "para comemorar os 15 anos da Eco-92".
Ela também indicou a possibilidade de uma reunião de cúpula, com chefes de estado de diversos países --nos moldes da Eco-92-- para criar metas internacionais. "Mas essa não é uma convocação brasileira".
Mencionando o encontro entre Lula e o presidente dos EUA, George W. Bush, marcado para o final desta semana, Steiner elogiou o fato de os biocombustíveis serem um assunto na pauta do encontro e disse que as discussões sobre o etanol precisam avançar. "Necessitamos de economia na produção, criação de um mercado global, que considere o etanol uma commodity e, principalmente, criar padrões e normas para priorizar a sustentabilidade da produção", disse.
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Pnuma quer corte de 60% em emissões
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Para reverter a tendência de aquecimento global a longo prazo, o mundo terá de cortar entre 60% e 80% das emissões de gás carbônico (CO2) até 2050. Essa é a cota defendida pelo diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner, que se encontrou ontem em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Steiner disse ter vindo ao Brasil para um processo de consultas com dois objetivos principais. O primeiro é "entender como o Brasil tem abordado os diferentes desafios relacionados ao ambiente para mostrar na comunidade internacional as grandes realizações do país". O segundo é "fazer um trabalho para que o Brasil possa contribuir sendo um líder nas iniciativas ambientais".
O diretor do Pnuma elogiou a política nacional contra o desmatamento brasileiro que, segundo ele, conseguiu reduzir o problema em 52% ("poucos países conseguiram tamanho sucesso"). Segundo Steiner, os países que mais prejudicaram o meio ambiente global têm mais responsabilidade de iniciativa. "Nenhum país pode continuar do jeito que está, se não aceitar a realidade climática atual".
Steinter defendeu a imposição de metas maiores de redução na emissão de CO2 para países industrializados. "Hoje a União Européia olha para os Estados Unidos e diz que eles não fazem nada. Os EUA, por sua vez, criticam a China que, em contrapartida, critica os EUA e a União Européia. No final, ninguém faz nada".
Já para países em desenvolvimento, Steiner diz que as metas deveriam surgir voluntariamente. "Se olharmos para o Brasil e para sua redução de desmatamento, não é necessário ter metas definidas para atingir bons resultados."
Brasil pró-ativo
Após o encontro com Steiner, a ministra Marina Silva disse que o Brasil precisa ser "mais pró-ativo e menos reativo", aceitando as críticas feitas pelo chefe do Pnuma em entrevista à Folha. "Temos que adotar uma postura na qual o Brasil possa liderar como exemplo, utilizando o Plano Nacional para Mudanças Climáticas, que está sendo discutido dentro do governo", disse. "Não podemos ficar na defensiva, com os bons exemplos que temos: 45% das nossas matrizes energéticas são limpas."
Marina Silva diz que o país está disposto a convocar uma reunião com ministros e diplomatas de 15 países --considerando os blocos regionais-- para criar um consenso internacional sobre o ambiente". De acordo com a ministra, a reunião deve acontecer no meio deste ano, "para comemorar os 15 anos da Eco-92".
Ela também indicou a possibilidade de uma reunião de cúpula, com chefes de estado de diversos países --nos moldes da Eco-92-- para criar metas internacionais. "Mas essa não é uma convocação brasileira".
Mencionando o encontro entre Lula e o presidente dos EUA, George W. Bush, marcado para o final desta semana, Steiner elogiou o fato de os biocombustíveis serem um assunto na pauta do encontro e disse que as discussões sobre o etanol precisam avançar. "Necessitamos de economia na produção, criação de um mercado global, que considere o etanol uma commodity e, principalmente, criar padrões e normas para priorizar a sustentabilidade da produção", disse.
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