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29/03/2007 - 12h31

Dinossauro não oprimia mamífero, diz estudo

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da Folha de S.Paulo

Muita gente já ouviu essa história: o impacto de asteróides que eliminou os dinossauros há 65 milhões de anos permitiu que os mamíferos --até então animais pequenos, "oprimidos" pelos grandes répteis-- pudessem se diversificar e se espalhar pelo mundo. Seria mesmo uma bela história. Se fosse verdade.

Mas um estudo publicado hoje sugere que a tal opressão ecológica dos dinossauros sobre os mamíferos simplesmente não existiu. A classe de animais peludos e de sangue quente à qual pertencem os seres humanos experimentou uma grande explosão evolutiva não há 65 milhões, mas há 93 milhões de anos. Naquela época, dinossauros reinavam absolutos sobre a Terra. E, ainda assim, houve espaço para os mamíferos se diversificarem.

O estudo sai hoje na revista "Nature", desafiando a noção de que mamíferos se aproveitaram dos nichos ecológicos deixados vagos pelos dinos após a megaextinção, numa bomba evolutiva de "pavio curto". Os dados indicam que a explosão que daria origem aos ancestrais das 4.554 espécies conhecidas de mamíferos modernos aconteceu, numa bomba de "pavio longo", com duas grandes detonações. A primeira há 93 milhões de anos, a última há cerca de 50 milhões de anos.

A nova hipótese pode exigir uma revisão nos livros didáticos. "Isso é ciência de verdade. A argumentação é sólida, os dados são sólidos", disse o paleontólogo Reinaldo José Bertini, da Unesp de Rio Claro. "Todo mundo tinha esse faro, mas ninguém tinha evidências ainda porque os fósseis daquele período são muito raros."

Os próprios autores do estudo dizem não ver "nenhum conflito" com os dados existentes. "A explosão de 65 milhões de anos atrás aconteceu, mas não entre os grupos de mamíferos nos quais a maioria das pessoas pensa", afirma o canadense Olaf Bininda-Emonds, da Universidade de Jena, Alemanha, autor principal do estudo.

Os mamíferos que se aproveitaram do fim dos dinos foram todos grupos que hoje estão extintos, como os chamados multituberculados, animais parecidos com roedores e de dentes esquisitos.

O trabalho de Bininda e seus colegas reabilita os mamíferos do Cretáceo (último período da era dos dinossauros), que costumam ser pintados em livros e documentários de TV como bichos minúsculos e tímidos, todos parecidos com um rato.

Indícios de que essa imagem era falsa têm surgido aqui e ali. Em 2005, por exemplo, chineses apresentaram fósseis de um mamífero do Cretáceo que devorava dinossauros, o Repenomamus. Estudos de DNA também apontam para uma origem muito antiga dos placentários, divisão à qual pertence a maioria dos mamíferos modernos.

"Mas muitos paleontólogos são céticos sobre isso", por falta de evidência fóssil direta, diz Bininda. Seu estudo diz que a primeira diversificação de placentários foi entre 93 milhões e 85 milhões de anos atrás.

Mas, se a tese da liberação ecológica pela extinção dos dinos não causou os surtos de diversificação dos mamíferos, o que o fez? "Ambas as radiações coincidem com episódios de mudança climática mas, ao mesmo tempo em que é tentador inferir daí uma causa direta, não há nenhuma evidência material disso por enquanto."

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