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20/05/2001 - 11h48

Alemanha retém tecnologia nuclear e pode comprometer Angra-3

CLAUDIO ANGELO
enviado da Folha à Alemanha

O governo alemão vai suspender os créditos às exportações de tecnologia nuclear, o que ameaça a consolidação do programa de energia atômica do Brasil. Com o corte, a construção da usina de Angra-3 pode ficar mais difícil de sair do papel.

A suspensão dos créditos, pelos quais o governo alemão bancava os riscos das exportações de empresas atômicas, foi aprovada pelo Bundestag, o Parlamento do país, e deverá ser adotada pelos ministérios. "É uma decisão de governo", disse à Folha a deputada Angelika Köster-Lossak, do partido Aliança 90/Os Verdes.

"Mudamos as nossas linhas-mestras de concessão de crédito, de modo a incluir questões como desenvolvimento sustentável e proteção ambiental, e decidimos que a tecnologia nuclear não deverá mais ser exportada", disse.

Com a nova política, a empresa alemã Siemens, que fabricou os reatores das usinas Angra-2 e Angra-3, não poderá mais recorrer às facilidades estatais para exportar os equipamentos para as plantas atômicas brasileiras.

O sistema de crédito a exportações é uma espécie de aval do Estado aos investimentos das empresas alemãs no exterior. Se a Siemens, por exemplo, tem um plano para montar uma usina no Brasil, ela submete a proposta ao governo e uma comissão interministerial decide se banca uma garantia contra riscos do projeto.

A retirada do apoio estatal não significa, porém, a proibição da venda de tecnologia nuclear ao exterior. No entanto, segundo Köster-Lossak, "agora elas [as empresas" terão de buscar garantias próprias, junto a bancos, por exemplo. Mas não sei que banco financiaria esse risco."

Sem notificação

O governo brasileiro não foi notificado ainda da decisão. Mas, segundo a deputada verde, o recado de que não haveria apoio alemão a Angra-3 já havia sido dado no ano passado, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso visitou a Alemanha.

A suspensão faz parte do plano de banir o uso da energia nuclear no país até 2021. Um acordo entre a coalizão governista e as empresas energéticas produziu um acordo que determina o desligamento das 19 usinas atômicas em funcionamento. A primeira delas, em Obrigheim (Baden-Württemberg), será desativada até 2002.

O acordo deverá ser aprovado como lei ainda este ano. Ele determina o tempo de vida útil de um reator nuclear no país em 32 anos e fixa datas para o desligamento das usinas. Se uma empresa optar por desligar um reator antigo antes do previsto, pode usar esse tempo para prolongar o funcionamento de um reator mais novo.

O jornalista Claudio Angelo viajou à Alemanha a convite do governo alemão (Instituto Goethe/InterNationes)

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