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17/09/2000 - 09h23

Tribo indígina começa a plantar para poupar a mata

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da Folha de S.Paulo

Nos 948 hectares de mata atlântica da reserva indígena guarani, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, a extração e venda de bromélias e outras plantas da floresta são atividades de rotina.

Os índios colhem pencas de bromélias, plantam em vasos improvisados e as vendem na rodovia Rio-Santos, que fica próxima à entrada da reserva. O preço varia de R$ 5 a R$ 30, dependendo do tamanho e da espécie.

Mesmo com o aval do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), porque a legislação permite aos índios a comercialização de plantas extraídas da reserva, moradores da tribo não querem depender só da extração. Estão começando a plantar, ainda que em pequena quantidade.

"Se todo mundo só tirar as plantas da natureza, um dia elas vão acabar", diz o índio Vando dos Santos, 38, o Karay, nome que significa protetor dos pássaros.

Karay está conscientizando a tribo. Depois de ler uma reportagem sobre plantio de palmito pupunha, ele decidiu investir na plantação. Conseguiu algumas mudas na Casa da Agricultura de São Sebastião (litoral norte de São Paulo) e iniciou o plantio de palmito. Isso já faz quatro anos.

Além de palmito, hoje ele produz bromélia e uma outra flor da mata altântica, a elicônia. "Tenho 70 clientes em São Sebastião. Transportamos a produção em um carro cedido pela prefeitura."

O índio, que divide um casebre de madeira com a mulher e quatro filhos, consegue faturar em média R$ 600 por mês.

Com o apoio da Funai e da Prefeitura de São Sebastião, ele criou o viveiro Salve a Mata, com plantação de bromélias, palmito pupunha e elicônias. "Tenho até nota fiscal para as pessoas que compram minha produção", afirma, mostrando um bloco de notas.

Ele diz que, antes da introdução do palmito pupunha na tribo, os índios só exploravam o palmito jussara, nativo da mata, que demora em média 15 anos para atingir o ponto ideal para o corte.

Karay admite, no entanto, que o fim do extrativismo na tribo está longe de acabar. "Muitos índios ainda preferem buscar as plantas no mato para vender. Pegar o que está pronto é mais fácil", lamenta.
Emenegildo Santos, o Mirim (pequeno), planta as bromélias que caem das árvores e depois as vende na estrada.

Cristina de Oliveira, a Paramirim (pequenina), fez um viveiro. "Estou ampliando a minha plantação. Quero parar de vender na estrada para vender em casa", diz.


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