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03/01/2005
-
09h30
ALEXANDRE HISAYASU
da Folha de S.Paulo
O diretor da DAS (Divisão Anti-Seqüestro), delegado Wagner Giudice, que integra a elite da Polícia Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), foi denunciado pelo Ministério Público à Justiça sob acusação de corrupção.
Ele é suspeito de receber dinheiro do professor de direito civil da USP, Alcides Tomasetti Júnior, para não indiciá-lo no inquérito policial que investigou a morte da mulher dele, a procuradora do Estado Denise Piovani, em 1996.
O delegado nega as acusações e disse estar "surpreso" com as denúncias, já que nunca foi ouvido pelo Ministério Público. O professor de direito civil, que sempre afirmou que sua mulher havia se suicidado, não foi localizado pela reportagem em sua casa.
Também foram denunciados o ex-escrivão de polícia Marcelo Rodrigues Dantas e o perito Paulo Villa Hutterer. O perito não quis comentar a denúncia. O ex-escrivão também não foi localizado.
O processo sobre a morte de Denise tem 17 volumes e ainda tramita na Justiça. O Ministério Público decidiu, em agosto de 2002, impronunciar (não levar a júri) o professor, alegando falta de provas. A família de Denise, que sempre contestou a versão de suicídio recorreu ao Tribunal de Justiça, que ainda não julgou o pedido.
Movimentação bancária
Na época das investigações, os três acusados pertenciam à equipe especial do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e a conclusão inicial da polícia era de que Denise havia se suicidado. Giudice era o responsável pelos trabalhos. Os demais eram seus subordinados. Posteriormente, outro delegado assumiu o caso e indiciou o professor por homicídio.
Segundo a denúncia, feita pelo promotor Gabriel Inellas, do Gecep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), durante a investigação, os três policiais passaram a ter uma movimentação bancária incompatível com seus salários.
A suposta corrupção foi investigada inicialmente pela Corregedoria da Polícia Civil, que indiciou Tomasetti e o perito Hutterer. O delegado Giudice e o ex-escrivão Rodrigues Dantas foram ouvidos como testemunhas.
O inquérito foi remetido, então, para apreciação do Ministério Público. A Promotoria, porém, decidiu denunciar não apenas os indiciados, mas também Giudice e o ex-escrivão na 24ª Vara Criminal, na semana passada.
O promotor analisou os extratos bancários dos três acusados e do professor. Segundo ele, sempre que saía uma quantia da conta de Tomasetti Júnior, o mesmo valor aparecia na dos policiais.
Ainda segundo o promotor, o delegado Giudice chegou a comprar, em 1997, um apartamento no bairro Paraíso, na zona sul, por cerca de R$ 37 mil, com o dinheiro recebido de Tomasetti.
Na denúncia, o promotor afirma que "em virtude da corrupção ativa cometida por Alcides Tomasetti Júnior, do suborno, das vantagens pecuniárias indevidas, recebidas continuamente, o delegado de polícia Wagner Giudice, aos 14 de julho de 1997, adquiriu para si o apartamento designado pelo preço de R$ 36.291".
Já o perito Hutterer, segundo a denúncia, é acusado de elaborar um laudo falso de suicídio após receber um depósito em sua conta bancária de R$ 25 mil de Tomasetti no dia 13 de julho de 1998.
O ex-escrivão Rodrigues Dantas comprou um terreno avaliado em R$ 10 mil, na zona leste de São Paulo, e um Fiat Palio, por R$ 14 mil, e que também recebeu um depósito de R$ 20 mil. Ainda segundo a denúncia, o escrivão pediu exoneração da Polícia Civil meses depois de receber dinheiro de Tomasetti e estaria morando no Mato Grosso do Sul.
Outro lado
O delegado Wagner Giudice negou as acusações de corrupção e disse que a denúncia feita pelo Ministério Público pode estar baseada em "perseguições de ordem pessoal" --referindo-se ao promotor Gabriel Inellas e a advogada da família de Denise Piovani, Liliana Prinzivalli.
Os dois disseram, no entanto, não ter problemas pessoais com o delegado e que a denúncia foi resultado das provas colhidas.
Segundo Giudice, para comprar o apartamento no Paraíso, avaliado em R$ 120 mil, deu uma entrada, de cerca de R$ 37 mil, e financiou o resto em cinco anos. "Dei a entrada no imóvel em julho de 1997, e assumi o caso em dezembro do mesmo ano e fiquei até o início de 1999. Nunca poderia ter comprado o imóvel com dinheiro de propina como diz o Ministério Público. Isso é um absurdo."
O diretor da Corregedoria da Polícia Civil, delegado Rui Estanislau Silveira Mello, também se surpreendeu com a denúncia. Segundo ele, o inquérito da corregedoria sobre o caso havia sido mandado à Justiça com pedido para prorrogar as investigações, que haviam indiciado apenas Tomasetti Júnior e o perito Paulo Villa Hutterer por corrupção. "Vamos aguardar a decisão da Justiça", afirmou Mello.
A Secretaria da Segurança Pública informou que o perito Hutterer não quis comentar as acusações. O ex-escrivão Marcelo Rodrigues Dantas não foi localizado pela reportagem. Tomasetti também não. O advogado dele, Eduardo Carnelós, foi procurado, mas, segundo sua secretária, estava de férias.
Especial
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Ministério Público denuncia diretor da polícia por corrupção
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da Folha de S.Paulo
O diretor da DAS (Divisão Anti-Seqüestro), delegado Wagner Giudice, que integra a elite da Polícia Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), foi denunciado pelo Ministério Público à Justiça sob acusação de corrupção.
Ele é suspeito de receber dinheiro do professor de direito civil da USP, Alcides Tomasetti Júnior, para não indiciá-lo no inquérito policial que investigou a morte da mulher dele, a procuradora do Estado Denise Piovani, em 1996.
O delegado nega as acusações e disse estar "surpreso" com as denúncias, já que nunca foi ouvido pelo Ministério Público. O professor de direito civil, que sempre afirmou que sua mulher havia se suicidado, não foi localizado pela reportagem em sua casa.
Também foram denunciados o ex-escrivão de polícia Marcelo Rodrigues Dantas e o perito Paulo Villa Hutterer. O perito não quis comentar a denúncia. O ex-escrivão também não foi localizado.
O processo sobre a morte de Denise tem 17 volumes e ainda tramita na Justiça. O Ministério Público decidiu, em agosto de 2002, impronunciar (não levar a júri) o professor, alegando falta de provas. A família de Denise, que sempre contestou a versão de suicídio recorreu ao Tribunal de Justiça, que ainda não julgou o pedido.
Movimentação bancária
Na época das investigações, os três acusados pertenciam à equipe especial do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e a conclusão inicial da polícia era de que Denise havia se suicidado. Giudice era o responsável pelos trabalhos. Os demais eram seus subordinados. Posteriormente, outro delegado assumiu o caso e indiciou o professor por homicídio.
Segundo a denúncia, feita pelo promotor Gabriel Inellas, do Gecep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), durante a investigação, os três policiais passaram a ter uma movimentação bancária incompatível com seus salários.
A suposta corrupção foi investigada inicialmente pela Corregedoria da Polícia Civil, que indiciou Tomasetti e o perito Hutterer. O delegado Giudice e o ex-escrivão Rodrigues Dantas foram ouvidos como testemunhas.
O inquérito foi remetido, então, para apreciação do Ministério Público. A Promotoria, porém, decidiu denunciar não apenas os indiciados, mas também Giudice e o ex-escrivão na 24ª Vara Criminal, na semana passada.
O promotor analisou os extratos bancários dos três acusados e do professor. Segundo ele, sempre que saía uma quantia da conta de Tomasetti Júnior, o mesmo valor aparecia na dos policiais.
Ainda segundo o promotor, o delegado Giudice chegou a comprar, em 1997, um apartamento no bairro Paraíso, na zona sul, por cerca de R$ 37 mil, com o dinheiro recebido de Tomasetti.
Na denúncia, o promotor afirma que "em virtude da corrupção ativa cometida por Alcides Tomasetti Júnior, do suborno, das vantagens pecuniárias indevidas, recebidas continuamente, o delegado de polícia Wagner Giudice, aos 14 de julho de 1997, adquiriu para si o apartamento designado pelo preço de R$ 36.291".
Já o perito Hutterer, segundo a denúncia, é acusado de elaborar um laudo falso de suicídio após receber um depósito em sua conta bancária de R$ 25 mil de Tomasetti no dia 13 de julho de 1998.
O ex-escrivão Rodrigues Dantas comprou um terreno avaliado em R$ 10 mil, na zona leste de São Paulo, e um Fiat Palio, por R$ 14 mil, e que também recebeu um depósito de R$ 20 mil. Ainda segundo a denúncia, o escrivão pediu exoneração da Polícia Civil meses depois de receber dinheiro de Tomasetti e estaria morando no Mato Grosso do Sul.
Outro lado
O delegado Wagner Giudice negou as acusações de corrupção e disse que a denúncia feita pelo Ministério Público pode estar baseada em "perseguições de ordem pessoal" --referindo-se ao promotor Gabriel Inellas e a advogada da família de Denise Piovani, Liliana Prinzivalli.
Os dois disseram, no entanto, não ter problemas pessoais com o delegado e que a denúncia foi resultado das provas colhidas.
Segundo Giudice, para comprar o apartamento no Paraíso, avaliado em R$ 120 mil, deu uma entrada, de cerca de R$ 37 mil, e financiou o resto em cinco anos. "Dei a entrada no imóvel em julho de 1997, e assumi o caso em dezembro do mesmo ano e fiquei até o início de 1999. Nunca poderia ter comprado o imóvel com dinheiro de propina como diz o Ministério Público. Isso é um absurdo."
O diretor da Corregedoria da Polícia Civil, delegado Rui Estanislau Silveira Mello, também se surpreendeu com a denúncia. Segundo ele, o inquérito da corregedoria sobre o caso havia sido mandado à Justiça com pedido para prorrogar as investigações, que haviam indiciado apenas Tomasetti Júnior e o perito Paulo Villa Hutterer por corrupção. "Vamos aguardar a decisão da Justiça", afirmou Mello.
A Secretaria da Segurança Pública informou que o perito Hutterer não quis comentar as acusações. O ex-escrivão Marcelo Rodrigues Dantas não foi localizado pela reportagem. Tomasetti também não. O advogado dele, Eduardo Carnelós, foi procurado, mas, segundo sua secretária, estava de férias.
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