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17/01/2005
-
09h40
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
Há poucos lugares para sentar, os banheiros normalmente estão longe de estarem limpos e é até difícil de se locomover. Mesmo com tudo isso, os ensaios das escolas de samba de São Paulo chegam a concentrar cerca de 10 mil pessoas em um só local.
Esse é o caso da Vai-Vai. O número é estimado pela organização da agremiação, uma das mais tradicionais do Carnaval paulistano, com 12 títulos. Os ensaios são feitos na rua em frente à quadra da escola, na Bela Vista (centro). Lá, é possível ver a diversidade de classes sociais e de raças que participam das festas das escolas.
O técnico em eletrônica José Carlos Castro, 30, considera os ensaios na agremiação da Bela Vista como "a balada". "É baratinho para entrar [R$ 3] e tem gente bonita." Ele diz gostar da heterogeneidade. "Tem japonês, preto, branco, alemão. Todos na paz."
Para a advogada Gisele Gomes, 32, o preço da entrada não importa. Ela considera a festa um aquecimento --a advogada vai desfilar pela escola. As fantasias estão na casa dos R$ 300. "Essa mistura [de classes] é muito legal."
Quando a bateria começa a tocar, até quem não samba começa a dar uns passos para cá e para lá. Como a bibliotecária Lucia Quinteiro, 36, estreante no local. "É uma boa energia", disse, enquanto sacudia timidamente o corpo.
Os trajes também indicam a diversidade presente. Misturam-se chinelos e bermudas a produções como a da estudante Camila Tucunduva, 25: salto alto, saia, bolsa rosa e uma blusinha que deixava à mostra três tatuagens e um piercing no umbigo. "Não sou sambista. Venho só curtir."
Nas escolas em que os ensaios são feitos dentro das quadras, a força da bateria fica ainda mais evidente. Conversar torna-se uma missão praticamente impossível. Para atenuar o volume, seguranças e até foliões usam protetores auriculares.
"Sem isso, meu ouvido fica "apitando" uns três dias", conta o economista Wagner Merlan, 45, durante o ensaio na Império da Casa Verde, na região norte. "Gosto daqui, trago meus filhos com tranqüilidade", completa Merlan. O local comporta cerca de 4.000 pessoas e recebe perto de 2.000 nos ensaios.
Na Gaviões da Fiel, a queda para o Grupo de Acesso no ano passado não influenciou a presença de público, segundo o diretor da comissão de Carnaval da escola, Renato Rocha Viana. Ele afirma que a agremiação recebe até 6.000 pessoas --mesmo número dos anos anteriores. Os ensaios são às terças, às sextas e aos domingos.
Problemas
Como o nome diz, os ensaios seriam o momento de treinar a escola para o desfile. Como virou uma festa, as agremiações encontram problemas para se preparar. "Não sei se isso é bom ou ruim", afirma a presidente da Rosas de Ouro, Angelina Basílio. "Muitos jovens bebem muito e atrapalham nosso treinamento."
Durante os ensaios, treina-se por exemplo a coreografia da comissão de frente e os passos do mestre-sala e da porta-bandeira. "O lado bom é o dinheiro. As escolas precisam encontrar meios de se manter", diz Angelina. Os ensaios da Rosas de Ouro atraem até 5.000 pessoas, segundo ela.
Integrantes da Vai-Vai usam uma camiseta com a frase "não perturbe... estou ensaiando". Já na Mancha Verde, uma fita delimita um quadrado no meio da quadra, onde ficam a bateria e o mestre-sala e a porta-bandeira.
Vizinhança
O Psiu (Programa de Silêncio Urbano da Prefeitura de São Paulo) recebeu de novembro do ano passado até o dia 10 deste mês 20 reclamações relacionadas ao barulho dos ensaios. As escolas que mais despertaram reclamações foram Leandro de Itaquera (6) e Acadêmicos do Tatuapé (5).
De todos os chamados, o Psiu multou apenas a escola do Tatuapé, em R$ 21.553. Para chegar à multa, é preciso que a agremiação seja reincidente e que seja provado que ela extrapolou os limites estabelecidos pela lei.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre escolas de samba de São Paulo
Ensaios de escolas de samba lotam em SP
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da Folha de S.Paulo
Há poucos lugares para sentar, os banheiros normalmente estão longe de estarem limpos e é até difícil de se locomover. Mesmo com tudo isso, os ensaios das escolas de samba de São Paulo chegam a concentrar cerca de 10 mil pessoas em um só local.
Esse é o caso da Vai-Vai. O número é estimado pela organização da agremiação, uma das mais tradicionais do Carnaval paulistano, com 12 títulos. Os ensaios são feitos na rua em frente à quadra da escola, na Bela Vista (centro). Lá, é possível ver a diversidade de classes sociais e de raças que participam das festas das escolas.
O técnico em eletrônica José Carlos Castro, 30, considera os ensaios na agremiação da Bela Vista como "a balada". "É baratinho para entrar [R$ 3] e tem gente bonita." Ele diz gostar da heterogeneidade. "Tem japonês, preto, branco, alemão. Todos na paz."
Para a advogada Gisele Gomes, 32, o preço da entrada não importa. Ela considera a festa um aquecimento --a advogada vai desfilar pela escola. As fantasias estão na casa dos R$ 300. "Essa mistura [de classes] é muito legal."
Quando a bateria começa a tocar, até quem não samba começa a dar uns passos para cá e para lá. Como a bibliotecária Lucia Quinteiro, 36, estreante no local. "É uma boa energia", disse, enquanto sacudia timidamente o corpo.
Os trajes também indicam a diversidade presente. Misturam-se chinelos e bermudas a produções como a da estudante Camila Tucunduva, 25: salto alto, saia, bolsa rosa e uma blusinha que deixava à mostra três tatuagens e um piercing no umbigo. "Não sou sambista. Venho só curtir."
Nas escolas em que os ensaios são feitos dentro das quadras, a força da bateria fica ainda mais evidente. Conversar torna-se uma missão praticamente impossível. Para atenuar o volume, seguranças e até foliões usam protetores auriculares.
"Sem isso, meu ouvido fica "apitando" uns três dias", conta o economista Wagner Merlan, 45, durante o ensaio na Império da Casa Verde, na região norte. "Gosto daqui, trago meus filhos com tranqüilidade", completa Merlan. O local comporta cerca de 4.000 pessoas e recebe perto de 2.000 nos ensaios.
Na Gaviões da Fiel, a queda para o Grupo de Acesso no ano passado não influenciou a presença de público, segundo o diretor da comissão de Carnaval da escola, Renato Rocha Viana. Ele afirma que a agremiação recebe até 6.000 pessoas --mesmo número dos anos anteriores. Os ensaios são às terças, às sextas e aos domingos.
Problemas
Como o nome diz, os ensaios seriam o momento de treinar a escola para o desfile. Como virou uma festa, as agremiações encontram problemas para se preparar. "Não sei se isso é bom ou ruim", afirma a presidente da Rosas de Ouro, Angelina Basílio. "Muitos jovens bebem muito e atrapalham nosso treinamento."
Durante os ensaios, treina-se por exemplo a coreografia da comissão de frente e os passos do mestre-sala e da porta-bandeira. "O lado bom é o dinheiro. As escolas precisam encontrar meios de se manter", diz Angelina. Os ensaios da Rosas de Ouro atraem até 5.000 pessoas, segundo ela.
Integrantes da Vai-Vai usam uma camiseta com a frase "não perturbe... estou ensaiando". Já na Mancha Verde, uma fita delimita um quadrado no meio da quadra, onde ficam a bateria e o mestre-sala e a porta-bandeira.
Vizinhança
O Psiu (Programa de Silêncio Urbano da Prefeitura de São Paulo) recebeu de novembro do ano passado até o dia 10 deste mês 20 reclamações relacionadas ao barulho dos ensaios. As escolas que mais despertaram reclamações foram Leandro de Itaquera (6) e Acadêmicos do Tatuapé (5).
De todos os chamados, o Psiu multou apenas a escola do Tatuapé, em R$ 21.553. Para chegar à multa, é preciso que a agremiação seja reincidente e que seja provado que ela extrapolou os limites estabelecidos pela lei.
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