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21/09/2000 - 18h25

Na era da Internet, SP promete agilizar combate ao crime

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CRISPIM ALVES
Coordenador de Cidades da Folha Online

O Infocrim, sistema informatizado de mapeamento criminal lançado nesta quinta-feira pelo governo do Estado de São Paulo, promete esmiuçar, ao máximo, todos os crimes cometidos na cidade de São Paulo. Trata-se de um sistema que vai disponibilizar informações diárias e atualizadas dos delitos ocorridos em cada área das 93 delegacias da cidade. Desta forma, a polícia terá acesso on line, por meio da Internet, aos tipos de crime mais frequentes, horários, dias da semana e locais em que eles acontecem.

Todas essas informações estarão armazenadas em um banco de dados alimentado pelos boletins de ocorrência registrados nos distritos policiais. Por mês, são cerca de 50 mil. Os dados da ocorrência entram automaticamente no sistema assim que uma ocorrência é registrada. Eles podem ser analisados, em tempo real, pelos comandantes da Polícia Militar, delegados da Polícia Civil, pela Secretaria da Segurança Pública e pelo governador do Estado.

No papel, com o histórico completo das ocorrências, a estatística informatizada e mapeada por região deverá melhorar e agilizar o planejamento policial no combate aos crimes de maior incidência em determinada rua, avenida ou região.

Conforme a Folha Online revelou com exclusividade ontem, se o DP de Moema, por exemplo, registrou em determinada noite cinco ocorrências de furto ou roubo de veículo nas imediações da alameda dos Jurupis, o comandante da PM na região poderá fazer uma operação especial naquela área imediatamente após perceber o problema.

Um outro exemplo, já com base em dados do Infocrim relativos ao mês de junho: Foi detectado que 11 ruas do Bom Retiro, na região central, responderam, no período pesquisado, por 62,6% dos roubos e furtos de veículos registrados pela delegacia que cobre a região. Desse total de casos, 23,35% se concentravam na rua José Paulino, sendo que 42,41% dos veículos foram roubados ou furtados aos sábados. O levantamento mostra também que o período preferido dos assaltantes e parte da tarde.

Serrote

"Dá para fazer isso em qualquer base territorial da cidade de São Paulo", afirmou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, que apresentou o projeto à imprensa nesta quinta-feira no Palácio dos Bandeirantes. "Esse instrumento é uma ferramenta como o serrote, que pode servir para construir uma casa ou para serrar um dedo. Nós temos que aprender a tirar o maior proveito disso tudo."

Ou seja, o Infocrim, se for usado corretamente, vai permitir que a polícia tenha um diagnóstico imediato da frequência de um determinado delito e dos locais de incidência, permitindo, em tese, uma ação mais eficaz e direcionada da polícia. Antes, a maior parte do planejamento policial era feito mês a mês.

O sistema permite pesquisas de diversas formas: por delegacias seccionais, batalhões da PM, delegacias de bairros, ruas, bairros e por faixa de horários, entre outros. Todas as informações e cruzamentos de dados são obtidos em questões de segundos. Em alguns casos, dependendo da pesquisa, a demora era de até seis meses.

"Com esse sistema, poderão ser estabelecidas estratégias mais eficazes para o combate aos crimes", afirmou Mário Papaterra Limongi, secretário-adjunto da Segurança. "Um sistema desse, bem usado, impediria parte dos crimes do maníaco do parque. Aconteceriam um, dois ou três assassinatos. O quarto, não. Alguém perceberia que havia alguma coisa estranha acontecendo no naquele parque", afirmou Limongi, se referindo ao motoboy Francisco de Assis Pereira, que irá a julgamento pela morte de nove mulheres e a uma das formas de uso do Infocrim.

Combate em "tempo real"

Para o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rui César Melo, o novo sistema vai agilizar a atuação da corporação. "O mapeamento praticamente instantâneo das ocorrências criminais na capital, vai permitir que a polícia direcione recursos humanos e materiais para os focos que inspiram maior preocupação e pontos mais críticos da criminalidade. Com isso, será possível agir de forma mais racional e menos aleatória", afirmou.

"Antes, precisávamos de dois meses para obter alguma informação. Agora, em tese, dá para combater o crime em tempo real. É um instrumento valiosíssimo, mas tem que saber usar", declarou o coronel.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, o Infocrim vai ampliar as ações preventivas e possibilitar a resolução rápida de inúmeros casos. "Por esse programa inédito, poderão ser feitas investigações por meio da informática e haverá acesso imediato do que está ocorrendo em qualquer lugar da capital. Com isso, poderão ser programadas ações rápidas, principalmente na área da investigação", declarou.

Para a implantação do projeto, desenvolvido em cinco meses, grupos de policiais civis e militares realizaram treinamentos especiais de análises criminais no exterior. O custo do sistema, segundo Petrelluzzi, foi de cerca de R$ 100 mil.

O secretário declarou que o Infocrim vai liberar quatro carros da polícia que percorrem a cidade diariamente para recolher boletins de ocorrência, que atualmente são impressos em oito vias. "Isto significa uma economia maior do que o valor investido", afirmou.

De acordo com ele, além da solução dos crimes ocorridos, a grande meta é a prevenção da criminalidade. Petrelluzzi, no entanto, evitou fazer previsões sobre queda nos índices de criminalidade. De acordo com ele, o mapeamento informatizado do crime será estendido à Grande São Paulo até o meio do próximo ano. Até o final de 2001, a meta é implantá-lo nas grandes cidades do interior, como Campinas e Ribeirão Preto.

Petrelluzzi negou que a divulgação tenha objetivo eleitoral. "O sistema ficou pronto agora." Ele afirma que sabia que seria criticado por divulgar o programa próximo das eleições. "Se eu não divulgasse, iam me criticar. Se divulgasse, também. Preferi fazer porque é melhor para a polícia, é melhor para São Paulo e é melhor para todo mundo."

E-mail: crispimalves@uol.com.br

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