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20/02/2005 - 09h48

Patronos de escolas de samba são réus no Rio

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Processos do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) indicam que pelo menos quatro integrantes da cúpula do jogo do bicho com participação ativa nos desfiles das escolas de samba correm risco de voltar para a cadeia devido a envolvimento em crimes de contravenção apurados na década de 90. Dois deles estão foragidos.

Um deles é Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho Drummond, patrono da Imperatriz Leopoldinense e ex-presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), que esteve preso na década passada no processo da então juíza Denise Frossard, que condenou 14 contraventores por formação de quadrilha em 1993.

Drummond foi um dos oito bicheiros condenados por corrupção ativa na ação penal resultante da descoberta de fortalezas do jogo do bicho e da apreensão de livros contábeis da contravenção. Eles foram acusados ainda de corrupção de funcionários públicos, seqüestros e homicídios.

Condenado a nove anos, Drummond recorreu e aguarda o acórdão final do Supremo Tribunal Federal. Responde em liberdade.

Outro banqueiro condenado no mesmo processo é Carlos Teixeira Martins, o Carlinhos Maracanã, que foi presidente da Portela e agora patrocina o carnaval da Estácio de Sá, campeã do grupo B. A pena é de sete anos e seis meses. Aguarda recurso em liberdade.

Na mesma ação penal, o bicheiro César Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores contraventores do Rio nas décadas de 80 e 90, foi condenado a nove anos de prisão e já teve a sentença transitada em julgado (não cabe mais recurso). É procurado pela polícia assim como o primo Rogério Andrade, condenado a 19 anos de prisão pela morte do bicheiro Paulinho Andrade, seu primo, em 1998.

Apesar de ser foragido da Justiça, Cesar foi homenageado no último desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola patrocinada pela família Andrade. O fato está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual, que suspeita que houve apologia ao crime organizado.

A mesma suspeita recai sobre a Acadêmicos do Salgueiro, que exibiu em seu desfile imagens de Waldemir Paes Garcia, o Maninho, e de seu pai, Waldomiro Paes Garcia, o Miro, mortos em 2004. Eles patrocinavam a escola.

Nova atividade

A prisão dos principais chefes do bicho na década de 90 não acabou com o jogo, que continua sendo praticado livremente pelas ruas do Rio, mas fez com que os contraventores diversificassem seus negócios. Investigação da polícia confirmou que os bicheiros passaram a controlar a exploração de máquinas caça-níqueis.

O inquérito apurou a destruição de 400 máquinas no final do ano passado e concluiu que o quebra-quebra se deveu a uma disputa por territórios entre os bicheiros Rogério Andrade e Fernando de Miranda Iggnácio, genro de Castor de Andrade. Os equipamentos destruídos tinham o selo da Adult Fifty Games, supostamente controlada por Iggnácio.

Outro bicheiro que teria explorado as máquinas caça-níqueis é Maninho, patrono do Salgueiro assassinado no ano passado. Uma das linhas de investigação sobre sua morte é de que o crime estaria ligado à disputa por pontos de instalação de caça-níqueis.

As máquinas são instaladas principalmente em bares e estão funcionando por meio de liminares autorizadas pela Justiça. Há a suspeita de que se trata de jogo de azar, mas perícias nos equipamentos não comprovaram isso.

Policiais afirmaram que, quando não são donos das máquinas, os banqueiros controlam o jogo do mesmo jeito. Para que um equipamento seja instalado, são eles que dão autorização e exigem que se coloquem o selo de uma empresa e paguem mensalidade.

Para a polícia, essas empresas estão em nome de testas-de-ferro dos contraventores, e policiais fazem a segurança das firmas.

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