Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/03/2005 - 13h23

Entenda o caso da família envenenada em Campinas

Publicidade

da Folha Online

O médico homeopata Hudson da Silva Carvalho, 46, a mulher dele, Thelma Almeida Migueis, 43, e a filha mais velha do casal, de 17 anos, morreram horas depois de serem socorridos com sintomas de intoxicação, na madrugada do dia 30 de janeiro, no Hospital Madre Maria Theodora, em Campinas (95 km de São Paulo). Apenas a filha mais nova, de 15 anos, sobreviveu.

A adolescente está desaparecida desde o dia 21 de fevereiro, quando foi vista no velório da avó paterna --que morreu vítima de um ataque cardíaco. Antes de fugir --provavelmente pela janela no quarto-- ela gravou um vídeo onde diz que não teria "coragem para matar ninguém".

Segundo a Vigilância Sanitária do município, ao serem socorridas, as vítimas apresentavam sangramento nos olhos e nas fezes, "vômito e diarréia, com exceção da filha mais nova que apresentava somente vômitos". A adolescente chegou a ser internada na UTI (Unidade e Terapia Intensiva) do hospital, mas se recuperou e teve alta dias depois.

A Polícia Civil passou a investigar a origem da contaminação. O restaurante onde a família havia almoçado, no dia anterior às mortes, chegou a ser interditado, mas a ausência de outras reclamações fez com que a hipótese de intoxicação alimentar fosse descartada.

Laudos do Instituto Adolfo Lutz apontaram que a família foi vítima de envenenamento por arsênico. Frascos de arsênico, antimônio e bismuto na casa. Ao lado do imóvel, no Parque das Universidades, área nobre de Campinas, funciona a clínica homeopática do pai. O homeopata também mantinha um laboratório de manipulação, no bairro da Guanabara.

A mãe, segundo a Polícia Civil, sofria de câncer linfático e a irmã tinha lupus --uma doença crônica de causa desconhecida que provoca alterações no sistema imunológico da pessoa e atinge geralmente mulheres.

Um doce de chocolate preparado pela filha mais nova e servido pelo pai na noite anterior passou a ser, então, a fonte de contaminação mais provável. Entretanto, análises preliminares do IC (Instituto de Criminalística) não detectaram a presença de arsênico em restos do doce, recolhidos no lixo da casa.

Segundo o delegado Cláudio Alvarenga, titular da 4ª delegacia --que atuou no início das investigações--, a adolescente afirmou, em depoimento, que o pai relutou em prestar atendimento médico aos familiares, na noite em que sentiram-se mal. Cerca de um mês antes do envenenamento, ele retirou um frasco de arsênico de sua farmácia de manipulação. Para os funcionários, teria dito que o produto estava "vencido".

Em outubro do ano passado, o homeopata manteve a adolescente em cárcere privado por 20 dias, após uma tentativa de fuga.

Dias depois do crime, em depoimento, uma mulher que trabalhou durante nove anos como empregada doméstica na casa da família disse que Carvalho batia nas filhas e que pediu demissão depois de ter sido ameaçada por ele, em novembro do ano passado.

Anotações feitas pela sobrevivente, dois revólveres calibre 38 e uma pistola 765 e três computadores que eram utilizados pelo médico foram apreendidos e serão periciados.

Na segunda-feira (28 de fevereiro), a Secretaria da Segurança confirmou o afastamento do delegado Alvarenga do caso, que passou a ser investigado pela Delegacia Seccional de Campinas. Também foi decretado sigilo nas investigações.

Leia mais
  • Delegacia Seccional assume caso de família envenenada em Campinas

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre envenenamento
  • Leia o que já foi publicado sobre a família envenenada em Campinas
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página