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22/03/2005 - 22h31

Exames de detecção da doença de Chagas devem sobrecarregar centros

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THIAGO REIS
da Agência Folha

Pelo menos 50 mil pessoas deverão procurar nos próximos dias os laboratórios de Santa Catarina para realizar o exame de detecção do mal de Chagas. A estimativa é do diretor da Vigilância Epidemiológica do Estado, Luis Antonio Silva. O Estado, segundo ele, possui apenas 25 centros capazes de realizar esse tipo de exame clínico.

A corrida aos laboratórios já foi sentida após a divulgação de casos da doença de Chagas no Estado provocados pela ingestão de caldo de cana.

Os casos considerados suspeitos subiram de nove para 18. Outros 19 já haviam sido confirmados. Três pessoas morreram devido à doença. Outras três mortes, em Joinville, Blumenau e Videira, estão sendo investigadas.

De acordo com o Ministério da Saúde, os casos se concentram na região que abrange os municípios de Navegantes, Itajaí, Penha, Piçarras, Barra Velha, Araquari, Joinville, Balneário Barra do Sul, Garuva, Itapema, Camboriú, Balneário Camboriú, São Francisco do Sul e Itapoá.

A orientação do órgão estadual é que apenas os moradores dessas localidades que tenham ingerido a bebida façam o exame.

No entanto, todos os estabelecimentos que comercializam caldo de cana no Estado continuam proibidos de vender o produto.

Sintomas

A Secretaria da Saúde de Santa Catarina considera suspeito de contaminação casos de pessoas que morem ou que tenham passado pelos municípios de Navegantes, Itajaí, Penha, Piçarras, Barra Velha, Araquari, Joinville, Balneário Barra do Sul, Garuva, Itapema, Camboriú, Balneário Camboriú, São Francisco do Sul e Itapoá e que tenham ingerido caldo de cana no período entre 1º de fevereiro e 20 de março.

Segundo a secretaria, os sintomas da contaminação pela ingestão da bebida são febre há pelo menos cinco dias, cefaléia e mialgia generalizada, acompanhadas de uma ou mais das seguintes alterações: icterícia, vômito, diarréia, sinais de hemorragia digestiva ou pulmonar, dispnéia, edema agudo de pulmão ou derrame pleural, disfunção hepática ou renal, insuficiência cardíaca ou miocardite.

Bom senso

"Tem gente aqui da capital que tomou caldo de cana ontem nas praias de Florianópolis e está exigindo fazer exame. Isso é um absurdo. As pessoas não têm bom senso", afirmou Silva.

Segundo o diretor da Vigilância Epidemiológica, a prioridade é atender às pessoas que apresentem os sintomas da doença.

"Nós não fazemos diagnóstico de Chagas nos hemocentros. Então, precisamos organizar o serviço ainda. As pessoas têm de aguardar um pouquinho. Elas vão ser atendidas."

Para Silva, há um clima de pavor sem necessidade. "Confirmada a doença, existe remédio, tem tratamento, não tem problema nenhum", afirma.

As pessoas que ainda não apresentaram os sintomas, mas desejam a confirmação através do exame, estão sendo orientadas pela Secretaria da Saúde a fazer um cadastro nos postos dos municípios. A intenção da Vigilância Epidemiológica é agendar os exames conforme a urgência do caso.

O infectologista Antonio Miranda, diretor do Hospital Nereu Ramos, localizado em Florianópolis, afirma que existe um pânico infundado e concorda que apenas os que apresentam os sintomas devem fazer o exame.

Rio Grande do Sul

Seis técnicos do Rio Grande do Sul chegaram a Santa Catarina para auxiliar no atendimento às vítimas e nas investigações sobre a contaminação.

As hipóteses levantadas são as de que o barbeiro ou as fezes infectadas tenham sido moídas junto da cana ou que um carregamento já contaminado tenha entrado em Santa Catarina.

De acordo com o secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Gasparini Terra, os agentes enviados a Santa Catarina possuem experiência, pois ajudaram a erradicar a doença no Estado.

O Rio Grande do Sul é considerado modelo e deve receber, nos próximos dias, um certificado da Organização Pan-Americana da Saúde por ter se tornado zona livre de transmissão da doença.

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