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23/03/2005 - 22h11

Sobe para cinco o número de mortos por causa da doença de Chagas em SC

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THIAGO REIS
da Agência Folha

Já chega a cinco o número de mortos por causa da doença de Chagas, em Santa Catarina, após as vítimas terem ingerido caldo de cana, segundo o Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira. Ainda de acordo com o ministério, já são 31 pessoas infectadas com a doença. Nove casos ainda estão sendo investigados. Outros já foram descartados.

A Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, no entanto, não computa o 31º caso em suas estatísticas. Segundo o diretor da Vigilância, Luis Antonio Silva, um doente internado no Paraná não é residente em Santa Catarina.

Já a mulher do caminhoneiro Zair Pedro Fritzen, 33, que está internado em Curitiba, informou que a família mora em Joinville. Ela disse ainda que seu marido teve de ser transferido para a capital paranaense por possuir um plano de saúde restrito àquele Estado.

"Se ele é daqui [Santa Catarina] ou se ele é de lá, o Paraná vai investigar
e depois a gente vê isso", disse Luis Antonio Silva, que, anteontem, estimou em 50 mil o número de pessoas que devem fazer exames no Estado.

Na terça-feira, antes do novo número divulgado pelo Ministério da Saúde, haviam sido registrados 19 casos com a doença. Entre eles, três mortes, todas de Itajaí. Ana Beatriz Cabral, 4, e a avó, Dorvalina da Rocha Cabral, 62, no dia 7, e a irmã Anne Heloísa Cabral, 9, no dia 14 deste mês, morreram com as suspeitas de leptospirose e hantavirose. O laudo que apontou doença de Chagas como causa só foi divulgado no último sábado.

Nesta quarta, houve a confirmação de mais duas mortes, uma em Blumenau e outra em Videira, ambas de Santa Catarina.

A morte de um turista boliviano em Joinville também está sendo investigada. A Vigilância municipal já confirmou a causa como sendo doença de Chagas. O exame, no entanto, foi feito em laboratório particular e o Estado decidiu repetir os exames. O resultado ainda não foi divulgado.

Além de Curitiba, há duas pessoas internadas em São Paulo e em Brasília. Para Silva, os dois são catarinenses, residentes em Joinville e Navegantes, e foram apenas transferidos para hospitais de outros Estados.

Fiscalização

Segundo a Diretoria de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, três toneladas de cana foram destruídas até agora. Uma quantidade não divulgada foi recolhida para exame.

Os técnicos fecharam 626 estabelecimentos no Estado (quiosques, bares e lanchonetes que vendem caldo de cana). Os proprietários que não seguirem a proibição estarão sujeitos a perder o alvará e a pagar uma multa de até R$ 1.604. Nenhum estabelecimento foi autuado.

A suspeita é que o percevejo conhecido como barbeiro, o vetor do mal de Chagas, ou suas fezes tenham sido moídos misturados na cana. A Secretaria da Saúde de Santa Catarina também estuda a possibilidade de um carregamento de cana-de-açúcar ter entrado no Estado já contaminado.

Segundo o coordenador da Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage Carmo, uma outra hipótese é o transmissor da doença ter sido um gambá. Ele lembra que, em 1986, em Catolé do Rocha (PB), as investigações também apontaram o gambá como transmissor de um surto de Chagas. Os excrementos do animal podem conter o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença.

Nesta quarta, 20 estabelecimentos (16 locais de distribuição e quatro de venda) foram vistoriados durante uma blitz do Ministério da Saúde na região do Vale do Itajaí, às margens da BR-101.

Carmo acredita que o problema não esteja localizado nas lavouras de cana-de-açúcar do Estado, mas no armazenamento inadequado do produto.

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