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24/03/2005 - 22h59

Autoridades sanitárias buscam vestígios do transmissor do mal de Chagas

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MARI TORTATO
da Agência Folha

Passada uma semana da confirmação do primeiro caso do mal de Chagas por ingestão de caldo de cana em Santa Catarina, os agentes do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual da Saúde ainda não conseguiram encontrar vestígios do barbeiro, o inseto vetor da doença.

Nesta quinta-feira, 16 técnicos em vigilância sanitária passaram o dia vasculhando a mata e o quintal de duas propriedades em Navegantes --120 km ao norte de Florianópolis--, onde teria ocorrido a contaminação que provocou as cinco mortes já confirmadas, mas nada foi encontrado que pudesse levar ao protozoário causador da doença.

"A única certeza que temos até agora é que a contaminação se deu pelo caldo de cana", disse o chefe de vigilância epidemiológica da Secretaria da Saúde, Luis Antonio da Silva.

A busca pelo barbeiro ou por algum material capaz de isolar o foco de contaminação da cana-de-açúcar se concentrou nos quiosques das margens da BR-101, entre Tijuca e Joinville.

Os sanitaristas e infectologistas acreditam que o problema está localizado nessa região do Estado. Por precaução, a Secretaria da Saúde determinou a suspensão do comércio e o lacre de todos os pontos de venda de caldo em Santa Catarina, por tempo indeterminado.

"Vamos ficar aqui até descobrir o que aconteceu", disse o coordenador do trabalho de campo da Funasa (Fundação Nacional da Saúde), de nome Humberto, ao sair do mato todo picado de insetos, no quiosque Penha 2, em Navegantes, no final da tarde.

Ele não se identificou. Uma norma adotada quarta-feira restringe as entrevistas ao comando da investigação. Foi para evitar informações conflitantes, afirmou o chefe da área epidemiológica.

Segundo a chefe da vigilância sanitária, Raquel Bitencourt, a confirmação do surto levou à interdição de 616 pontos de caldo de cana no trecho, mas ela afirmou não poder garantir que todos os quiosques foram atingidos. Esse comércio é irregular e muitos desses pontos são clandestinos, disse.

A sanitarista também disse que a contaminação dos canaviais pelo barbeiro "está praticamente descartada".

Para poder afirmar isso, ela disse que foram inspecionadas as dez maiores propriedades que cultivam cana-de-açúcar próximas aos locais onde já ocorreram mortes, mas que o inseto não foi localizado. "Não há nenhum indício de que o barbeiro esteja alojado nessas áreas", afirmou ela.

A cana que abastece os quiosques de caldo sai de propriedades de Gaspar e Luiz Alves, na maioria, cidades distantes cerca de 30 a 60 km dos pontos de consumo.

Exames

Até o meio-dia desta quinta, apenas um posto municipal do centro de Florianópolis funcionou para atender aos que tomaram caldo de cana no período investigado --1º de fevereiro a 20 de março.

A Secretaria de Saúde de Florianópolis chegou a divulgar nota informando que seus postos estariam fechados, por impossibilidade de formar equipes de plantão na quinta-feira de ponto facultativo. Mas, no início da tarde, já eram quatro os pontos de coleta de sangue para exames.

Ainda assim, a coleta foi restrita a pessoas com algum sintoma da doença --febre, dores musculares, dor de cabeça, calafrios. A enfermeira responsável pela vigilância epidemiológica de Florianópolis, Sandra Mara Farias, disse que os casos sem sintoma são agendados para as próximas semanas por falta de kits para exames.

Exército

O Exército disponibilizou seis barracas, com cinco leitos cada uma, aos hospitais de Joinville (SC), onde foram confirmados cinco casos de contaminação por doença de Chagas pela ingestão de caldo de cana. A estrutura foi montada em frente do Hospital Regional.

Segundo o subcomandante do 62º Batalhão de Infantaria, tenente-coronel Agenor Paulino Junior, os equipamentos foram requisitados pelos hospitais devido ao aumento do número de pessoas desejando fazer o exame de detecção de doença de Chagas.

Os hospitais não informaram quantos pacientes os procuraram para fazer o procedimento.

Para auxiliar no atendimento, o Exército cedeu enfermeiros, que realizaram exames de rotina e ajudaram na triagem dos pacientes que apresentam os sintomas da doença, como febre, mal-estar, dor de cabeça e nas articulações, inchaço dos olhos e alterações cardíacas.

Só no Hospital São José, 14 pessoas que ingeriram o caldo de cana continuam internadas. Um turista boliviano morreu com os sintomas da doença na cidade. A Vigilância municipal confirmou o caso; o Estado, ainda não.

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