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05/04/2005 - 23h15

Em tese na ESG, militar preso admitiu infiltração de policiais no MST

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JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Curitiba

O tenente-coronel Waldir Copetti Neves, preso nesta terça-feira no Paraná e acusado de comandar uma milícia armada a serviço de fazendeiros no Estado, infiltrou homens da PM em acampamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

A infiltração de agentes é confirmada em trabalho de conclusão do curso de Estudos de Política Estratégica, da ESG (Escola Superior de Guerra). A monografia diz que o MST fazia treinamento de guerrilha e buscava a "desestruturação do campo, com o objetivo de desestabilizar o país".

O trabalho é de 1999 e foi escrito pelo então major Waldir Copetti Neves e mais cinco pessoas, duas delas também da PM do Paraná. Com a monografia "O MST e suas ações no Paraná" eles defendiam a tese de que o "MST prepara estratégia para tomar o poder".

A monografia, obtida pela Folha, faz detalhamento completo do sistema funcional e da rotina diária de acampamentos e assentamentos do MST no Paraná e no Pontal do Paranapanema (SP).

Para justificar esse conhecimento da estrutura interna do MST, os autores da monografia escreveram que os relatórios foram baseados "na infiltração de homens do Serviço de Inteligência em acampamentos do MST".

Um apêndice com documentos sobre ilícitos praticados pelo MST, anexado ao final da monografia, mostra que a infiltração ocorreu pelo menos a partir de 1997, período em que Copetti Neves comandava o grupo Águia (polícia secreta da PM do Paraná).

Os autores do trabalho recorrem ao testemunho do jornalista mexicano Lorenzo Bazúa, para afirmarem que o MST é financiado por organismos internacionais e ligado à Teologia da Libertação, em um plano para desestruturar "o Estado Nacional Brasileiro".

Esse plano seguiria uma "estratégia geopolítica estabelecida fora do país" com o objetivo de evitar a "integração econômica e físico-civilizatória do Mercosul". Para justificar a existência dessa "geopolítica do MST" os autores mostram a distribuição estratégica do MST pelo país.

"Ele [O MST] está presente principalmente nas regiões onde há grandes rios, boa produção de alimentos, importantes hidrelétricas e ricas reservas minerais", afirmaram.

Ouvido pela Folha em 2002 sobre o trabalho, Copetti Neves defendeu sua tese, que "recebeu louvor pela rigidez científica com que foi elaborado". Homem forte da PM do Paraná durante dois governos de Jaime Lerner, Copetti Neves foi inocentado em processos administrativos internos da PM do Paraná em que era acusado de prática de torturas e desvios de conduta.

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