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26/04/2005
-
09h31
da Folha de S.Paulo
Duas empresas de segurança privada, cujos sócios são policiais de departamentos de elite da Polícia Civil, são alvo de investigação pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela própria polícia paulista por suspeita de espionagem e investigação paralela por meio de escutas telefônicas sem autorização da Justiça.
O perito criminal Samuel Alves de Melo Neto, 39, negou ontem à Folha que a Spy Cops faça escutas ilegais. Segundo ele, sua empresa faz vigilância privada e presta serviços de segurança, como providenciar porteiros e vigilantes.
Neto, que estava com o seu sócio, o papiloscopista João Charles Ferreira, negou ter confirmado em depoimento, conforme diz a Polícia Federal, que fez uso da escuta clandestina em pelo menos duas investigações.
Em um dos casos citados pela PF, o perito afirmou que o executivo assaltado é cliente da Spy Cops e pediu à empresa a realização de uma "auditoria" para apurar a eventual participação de funcionários do prédio no caso.
"Fomos atrás de outra empresa [Marte] para fazer esse levantamento. Pelo que consta nos relatórios dessa empresa, foi feita escuta telefônica", disse o perito. O policial contou que a Marte repassou relatório e os CDs das gravações para a Spy Cops.
No caso de Campos do Jordão, ele afirma que a investigação foi pedida por um empresário --e não um juiz como consta no depoimento da PF-- e visava a namorada do filho. Mas também negam o uso de escutas ilegais
.
O perito contou que a Spy Cops existe há cerca de três anos. Segundo ele, o trabalho no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) não fica comprometido com sua atividade empresarial. "Venho à empresa quando estou de folga", afirmou.
Marte
Já o investigador Claudio da Silva Santos, da empresa Marte, ainda não foi ouvido pela PF, mas nega as acusações. "Eles [Neto e Ferreira] me acusaram de uma coisa que não fiz", afirmou.
Ele diz que sua firma só faz escuta com autorização do dono da linha. "A empresa possui autorização no Dird [Departamento de Identificação e Registros Diversos da Polícia Civil] para atuar em investigações." Para a Justiça, porém, qualquer escuta só é válida com autorização judicial.
Santos disse que pediu à Justiça uma acareação com os dois sócios da Spy Cops. "O meu advogado já fez o pedido à juíza-corregedora. Só posso dizer que estou sendo vítima de uma grande injustiça."
O diretor da Corregedoria da Polícia Civil, delegado Rui Estanislau Silveira Mello, disse que há inquérito policial para apurar se os três policiais praticaram crime contra a administração pública.
Segundo ele, policiais civis, pela Lei Orgânica da corporação, podem ter cotas de empresas de segurança. "Mas nunca podem ser os donos ou sócios majoritários."
Neto e Ferreira admitem ser sócios da Spy Cops. Santos disse que a Marte está registrada no nome de sua mãe e de seu sobrinho.
Leia mais
Policiais são acusados de usar escuta clandestina para fazer espionagem
Especial
Leia o que já foi publicado sobre escutas telefônicas
Suspeitos negam fazer escutas ilegais
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Duas empresas de segurança privada, cujos sócios são policiais de departamentos de elite da Polícia Civil, são alvo de investigação pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela própria polícia paulista por suspeita de espionagem e investigação paralela por meio de escutas telefônicas sem autorização da Justiça.
O perito criminal Samuel Alves de Melo Neto, 39, negou ontem à Folha que a Spy Cops faça escutas ilegais. Segundo ele, sua empresa faz vigilância privada e presta serviços de segurança, como providenciar porteiros e vigilantes.
Neto, que estava com o seu sócio, o papiloscopista João Charles Ferreira, negou ter confirmado em depoimento, conforme diz a Polícia Federal, que fez uso da escuta clandestina em pelo menos duas investigações.
Em um dos casos citados pela PF, o perito afirmou que o executivo assaltado é cliente da Spy Cops e pediu à empresa a realização de uma "auditoria" para apurar a eventual participação de funcionários do prédio no caso.
"Fomos atrás de outra empresa [Marte] para fazer esse levantamento. Pelo que consta nos relatórios dessa empresa, foi feita escuta telefônica", disse o perito. O policial contou que a Marte repassou relatório e os CDs das gravações para a Spy Cops.
No caso de Campos do Jordão, ele afirma que a investigação foi pedida por um empresário --e não um juiz como consta no depoimento da PF-- e visava a namorada do filho. Mas também negam o uso de escutas ilegais
.
O perito contou que a Spy Cops existe há cerca de três anos. Segundo ele, o trabalho no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) não fica comprometido com sua atividade empresarial. "Venho à empresa quando estou de folga", afirmou.
Marte
Já o investigador Claudio da Silva Santos, da empresa Marte, ainda não foi ouvido pela PF, mas nega as acusações. "Eles [Neto e Ferreira] me acusaram de uma coisa que não fiz", afirmou.
Ele diz que sua firma só faz escuta com autorização do dono da linha. "A empresa possui autorização no Dird [Departamento de Identificação e Registros Diversos da Polícia Civil] para atuar em investigações." Para a Justiça, porém, qualquer escuta só é válida com autorização judicial.
Santos disse que pediu à Justiça uma acareação com os dois sócios da Spy Cops. "O meu advogado já fez o pedido à juíza-corregedora. Só posso dizer que estou sendo vítima de uma grande injustiça."
O diretor da Corregedoria da Polícia Civil, delegado Rui Estanislau Silveira Mello, disse que há inquérito policial para apurar se os três policiais praticaram crime contra a administração pública.
Segundo ele, policiais civis, pela Lei Orgânica da corporação, podem ter cotas de empresas de segurança. "Mas nunca podem ser os donos ou sócios majoritários."
Neto e Ferreira admitem ser sócios da Spy Cops. Santos disse que a Marte está registrada no nome de sua mãe e de seu sobrinho.
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