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28/09/2000
-
18h44
SABRINA PETRY
da Folha de S.Paulo
Cerca de 200 sem-teto ocuparam na tarde desta quinta (27) por uma hora as pistas da avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio, em frente a um assentamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em Campo Grande, na zona oeste da cidade.
Eles reivindicavam a instalação de um posto médico no local, um dia depois de 36 pessoas do assentamento terem sido internadas por intoxicação com um produto químico, ainda não identificado.
Entre os medicados há 12 crianças, uma delas em estado "delicado", de acordo com os médicos.
No local, um terreno baldio de 85 mil metros quadrados que pertencia à Codin (Companhia Estadual de Desenvolvimento Industrial), moram atualmente cerca de 360 famílias, provenientes dos acampamentos Nova Canudos e Araguaia.
O terreno foi cedido mês passado pelo governo do Estado, depois que o MTST realizou manifestações na cidade, como a "ocupação pacífica" do shopping Rio Sul.
Segundo a coordenadora do acampamento Araguaia, Paula Fernandes, na tarde de anteontem foram despejados 37 tonéis a alguns metros do assentamento. "As pessoas apanharam os galões, que tinham uma espécie de areia dentro, lavaram e usaram para armazenar água", explicou Paula.
Os moradores começaram a passar mal durante a noite, sentindo dores de cabeça, tontura e náuseas.
De acordo com Paula Fernandes, 78 pessoas sentiram os sintomas. Dessas, 36 foram internadas no hospital Rocha Faria, em Campo Grande, com intoxicação. Ontem à tarde, sete continuavam hospitalizadas, mas, segundo informações do Rocha Faria, receberiam alta até o final do dia.
O caso mais grave é o do menino José Bento dos Santos Júnior, 11, que teve de ser transferido para o Instituto Fernandes Figueira, no Flamengo, zona sul da cidade. Segundo a instituição, seu estado é "delicado".
Hoje pela manhã, técnicos da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) estiveram no assentamento e recolheram os tonéis e outras embalagens de produtos químicos encontradas espalhadas pelo terreno.
"A análise do produto ainda não está concluída, mas achamos embalagens de soda cáustica, ácido fosfórico e cloreto de alumínio. Todos tóxicos", explicou o presidente da Feema, Axel Grael. Ele disse que toda a área será vistoriada para evitar novos acidentes.
Os moradores reclamam que o local é utilizado como depósito clandestino de lixo industrial. "Há várias indústrias ao redor daqui. Quase todas despejam lixo no terreno", acusou Eric Vermelho, que também é coordenador do MTST.
Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online
Sem-teto do Rio protestam contra intoxicação e fecham av. Brasil
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Cerca de 200 sem-teto ocuparam na tarde desta quinta (27) por uma hora as pistas da avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio, em frente a um assentamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em Campo Grande, na zona oeste da cidade.
Eles reivindicavam a instalação de um posto médico no local, um dia depois de 36 pessoas do assentamento terem sido internadas por intoxicação com um produto químico, ainda não identificado.
Entre os medicados há 12 crianças, uma delas em estado "delicado", de acordo com os médicos.
No local, um terreno baldio de 85 mil metros quadrados que pertencia à Codin (Companhia Estadual de Desenvolvimento Industrial), moram atualmente cerca de 360 famílias, provenientes dos acampamentos Nova Canudos e Araguaia.
O terreno foi cedido mês passado pelo governo do Estado, depois que o MTST realizou manifestações na cidade, como a "ocupação pacífica" do shopping Rio Sul.
Segundo a coordenadora do acampamento Araguaia, Paula Fernandes, na tarde de anteontem foram despejados 37 tonéis a alguns metros do assentamento. "As pessoas apanharam os galões, que tinham uma espécie de areia dentro, lavaram e usaram para armazenar água", explicou Paula.
Os moradores começaram a passar mal durante a noite, sentindo dores de cabeça, tontura e náuseas.
De acordo com Paula Fernandes, 78 pessoas sentiram os sintomas. Dessas, 36 foram internadas no hospital Rocha Faria, em Campo Grande, com intoxicação. Ontem à tarde, sete continuavam hospitalizadas, mas, segundo informações do Rocha Faria, receberiam alta até o final do dia.
O caso mais grave é o do menino José Bento dos Santos Júnior, 11, que teve de ser transferido para o Instituto Fernandes Figueira, no Flamengo, zona sul da cidade. Segundo a instituição, seu estado é "delicado".
Hoje pela manhã, técnicos da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) estiveram no assentamento e recolheram os tonéis e outras embalagens de produtos químicos encontradas espalhadas pelo terreno.
"A análise do produto ainda não está concluída, mas achamos embalagens de soda cáustica, ácido fosfórico e cloreto de alumínio. Todos tóxicos", explicou o presidente da Feema, Axel Grael. Ele disse que toda a área será vistoriada para evitar novos acidentes.
Os moradores reclamam que o local é utilizado como depósito clandestino de lixo industrial. "Há várias indústrias ao redor daqui. Quase todas despejam lixo no terreno", acusou Eric Vermelho, que também é coordenador do MTST.
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