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29/06/2005 - 12h10

Uso de droga acirra disseminação de HIV no Brasil, diz ONU

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EMÍLIA BERTOLLI
da Folha Online

Cerca de 200 milhões de pessoas --ou 5% da população global com idades entre 15 e 64 anos-- consomem drogas ao menos uma vez ao ano, segundo relatório da ONU. O estudo também aponta o Brasil como o 2º país com maior número de portadores de HIV entre os usuários de drogas na América Latina, além de ser uma das principais rotas do tráfico de cocaína.

O relatório da ONU (Organização das nações Unidas), divulgado nesta quarta-feira, avaliou o período 2003-2004.

Segundo o documento publicado pela ONU, quase 50% das pessoas que usam drogas injetáveis estão contaminados com o vírus HIV. De acordo com a organização, o contágio entre usuários desse tipo de droga foi uma das principais razões da velocidade com que a Aids se disseminou durante a década de 80 no país. Entre esse grupo, duas capitais brasileiras se destacam: são Paulo (75% dos casos) Rio de Janeiro (25% dos casos).

A falta de cuidado dos usuários de drogas injetáveis é um fator preocupante na hora de controlar a disseminação do vírus HIV. No Brasil, estudo feito com esse grupo mostrou que apenas 12,5% usam camisinha durante o ato sexual --mas 77,7% deles tomam a iniciativa de lavar a seringa usada por outra pessoa antes de usá-la novamente.

Os efeitos da despreocupação com o assunto atinge ainda mais as mulheres: 40% delas foram contaminadas com o vírus HIV por manter relações sexuais com parceiros usuários de drogas.

De acordo com o estudo da ONU, usuários de heroína geralmente passam por longos períodos de abstinência sexual, o que não acontece com aqueles que consomem cocaína, usada em maior escala no Brasil.

Rota da cocaína

A maior parte da cocaína que é destinada ao mercado europeu entra pela Espanha ou Holanda, vinda da Venezuela e do Brasil. A cocaína que é vendida no Reino Unido --um dos maiores consumidores dessa droga-- é de origem caribenha.

Além do envio direto da América do Sul, traficantes desenvolveram uma outra rota para a comercialização da droga. Ao sair dos países andinos produtores, passa pelo Brasil, e depois segue para o continente africano, de onde é enviada para os países europeus.

Estima-se que 60% da cocaína destinada ou em trânsito no Brasil saia da Colômbia. Outros 30% vêm da Bolívia e, 10%, do Peru.

No ano de 2003, o Brasil foi o oitavo país com a maior quantidade de cocaína apreendida pelas autoridades, e o quinto em relação à maconha.

América do Sul

A produção de cocaína na Bolívia aumentou 35% no ano de 2004 em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório da ONU.

Em compensação, houve diminuição da produção da droga na Colômbia que, segundo a ONU, deve-se à "luta" levada a cabo pelo governo americano, que "parece estar dando frutos". As áreas cultivadas teriam passado de 160 mil a 80 mil hectares, representando uma diminuição de 50%.

Além da Bolívia, o cultivo de coca e a produção de cocaína também aumentaram no Peru. A erva é plantada em uma área que representa 14% do total usado no ano passado, gerando um crescimento de 23% na produção.

Drogas mais usadas

A maconha e o haxixe continuam sendo as drogas mais populares entre os usuários de todo o mundo. Mais de 160 milhões de pessoas já usaram maconha ao menos uma vez, e o consumo da droga deverá crescer nos próximos anos.

Em 2004, 15 milhões de pessoas passaram a usar maconha, segundo o estudo. Nesse mesmo período, o haxixe também aparece como uma das drogas mais consumidas.

Em segundo lugar no consumo mundial de drogas está a anfetamina, com 26 milhões de usuários, seguida pelo o ecstasy (7,9 milhões de usuários). Apesar dos números alarmantes, o consumo desses tipos de droga tem diminuído, segundo a ONU.

Ásia

A produção de ópio no Oriente Médio e no sul da Ásia apresentou uma diminuição na região denominada Triângulo Dourado --nas fronteiras entre Mianmar, Laos e Tailândia-- considerado o maior produtor de heroína [derivada do ópio] depois do Afeganistão.

Em Laos, a cultivação do ópio diminuiu 43%, e em Mianmar, diminuiu outros 23%.

No Afeganistão, a extensão do território usada para o cultivo de ópio aumentou, mas o tempo ruim acabou por prejudicar a colheita da droga. A redução foi de apenas 2%, segundo a ONU. Autoridades afegãs afirmam que a produção de ópio no país caiu 30%.

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