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21/07/2005 - 08h49

Jovem morto por ladrão com tiro à queima-roupa vira símbolo de campanha

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GABRIELA MANZINI
da Folha Online

O dia 21 de julho poderia ser somente de tristeza e saudade para os parentes e amigos do designer Luiz Fernando Lopes Caldeira, o Lula, assassinado com um tiro à queima-roupa exatamente um ano atrás, quando tentava ajudar uma idosa que fora derrubada por um ladrão, em Niterói (RJ). Vítimas da violência, eles decidiram se unir para lançar uma campanha de arrecadação de alimentos e agasalhos que serão entregues a asilos beneficentes do Estado.

O crime aconteceu na avenida Coronel Moreira César, por volta do meio-dia de uma quarta-feira, quando Caldeira deixava a loja de um dos clientes de sua firma de design. Um ladrão aproximou-se de uma mulher de 89 anos que saía de uma agência bancária e a derrubou, com o intuito de roubá-la. Ao presenciar a agressão, o designer tentou detê-lo, atracando-se com ele.

O criminoso, então, conseguiu sacar o revólver que trazia à cintura, atirou à queima-roupa contra Caldeira e fugiu. Nunca foi preso.

Imagens do circuito interno de vigilância do banco chegaram a ser analisadas por inspetores da Polícia Civil, pois acreditava-se que a idosa tivesse sido seguida desde que entrou no local, mas elas não puderam ser utilizadas devido à má qualidade. Os depoimentos de testemunhas foram considerados "inconclusivos".

O projétil atravessou o ombro de Caldeira e instalou-se em sua nuca. Socorrido, ele ainda chegou consciente ao hospital, mas entrou em coma minutos depois. A cirurgia já durava mais de cinco horas quando seu corpo não resistiu a uma parada cardiorrespiratória.

"Morreu de solidariedade", diz o site da campanha lançada nesta quinta-feira por iniciativa da mãe de Caldeira, Márcia de Castro Lopes. "Se fizéssemos apenas uma missa para marcar a data, no ano seguinte tudo o que ele fez seria esquecido. Encaro como uma forma de homenagem", diz.

Ela afirma ainda que a impunidade não a incomodaria, não fosse a possibilidade de "ele [o autor dos disparos] estar fazendo isso com outras pessoas". "O que foi feito é irreversível, nada vai trazer o Luiz Fernando de volta. É uma situação com diversas vítimas. Fica difícil entender como a violência te atinge tão depressa."

Contatos com amigos permitiram que Lopes criasse uma rede de postos de coleta na capital fluminense e nos municípios de Niterói e Teresópolis. A intenção é arrecadar alimentos e agasalhos que serão entregues a asilos beneficentes selecionados. A lista de entidades e de postos está disponível no site.

Também está sendo promovida a venda de camisetas com o tema da solidariedade. A renda será revertida para uma entidade que abriga e auxilia no tratamento de 42 crianças e adolescentes portadores de hidrocefalia --acúmulo de líquido no crânio.

Uma missa será celebrada em memória de Caldeira, às 18h, na igreja matriz de Nossa Senhora da Glória, no largo do Machado.

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