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13/08/2005 - 10h54

Traficantes cobram pedágio de perueiros no Rio

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Em pelo menos nove pontos da cidade do Rio, motoristas de Kombis e vans pagam pedágios a traficantes de drogas para poderem circular, acusa sindicato do Rio.

Um dos locais onde ocorre a cobrança é a Ilha do Governador (zona norte). Traficantes do morro do Dendê exigiriam pedágios diários de R$ 10 a R$ 15, de segunda a sábado. Quem não paga não pode circular no bairro.

De acordo com informações da SMTU (Superintendência Municipal de Transportes Urbanos), órgão vinculado à prefeitura, existem hoje na cidade do Rio cerca de 6.000 Kombis e vans regularizadas e outras 18 mil irregulares. O número diário de usuários atinge 1,6 milhão, só perdendo para os ônibus.

Selo de identificação

Para identificar quem paga o "imposto", os traficantes ordenaram que os motoristas colassem o selo "Coop-Ilha" em todos os veículos. A Coop-Ilha não existe.

A cobrança é feita em seis pontos diferentes, sendo quatro na Ilha, um em Ramos e outro na Vila da Penha.

Ao todo, segundo levantamento do Sintral (Sindicato dos Trabalhadores Autônomos do Transporte Alternativo), 364 motoristas são obrigados a pagar diariamente o pedágio. Com parte do dinheiro arrecadado, informou o Sintral, os traficantes pagariam propinas a PMs.

O Sintral estima que, com a cobrança do pedágio, os traficantes arrecadem uma receita de cerca de R$ 3.500 por semana e R$ 20 mil por mês.

Outro ponto da cidade onde traficantes obrigariam motoristas a pagarem pedágio é na favela do Taquaral, em Senador Camará (zona oeste).

Segundo o Sintral, os condutores pagam um pedágio mensal de R$ 2.000 à quadrilha do traficante Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, que controla a venda de drogas no local.

Argumento

O valor do "imposto", de acordo com os motoristas, era de R$ 4.000. Como não tinham como pagar, os condutores tiveram que sensibilizar os traficantes. Eles argumentaram que, com este valor, não teriam como continuar circulando e deixariam de transportar usuários de drogas, o que poderia trazer prejuízos também ao próprio tráfico. Diante disso, os traficantes concordaram em reduzir a "tarifa".

O pedágio aos motoristas é cobrado também na favela Vila do João, no complexo da Maré (zona norte). Segundo informações do Disque-Denúncia, cada condutor paga uma taxa diária de R$ 5 ao bando do traficante Edmílson Ferreira dos Santos, o Sassá, chefão do tráfico, para poder circular pelo local.

A Folha apurou que, no morro do Vidigal (São Conrado, zona sul), por exigência do tráfico, os motoristas são obrigados a doar mensalmente cestas básicas para a comunidade. A mesma coisa ocorre na favela do Muquiço, em Guadalupe (zona norte).

No bairro de Santa Cruz (zona oeste), os traficantes já são donos das Kombis, segundo uma investigação da 36ª Delegacia. A quadrilha que controla a venda de drogas na favela de Antares lavaria o dinheiro no transporte alternativo. A polícia já identificou pelo menos 30 veículos nas ruas.

Em São Paulo, integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) também cobram pedágio dos chamados perueiros, conforme investiga a polícia. Quem não paga é morto ou expulso da linha.

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