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25/08/2005 - 00h08

Prefeitura quer construir pirâmide de cristal sobre prédios em Paulínia

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas

A Prefeitura de Paulínia (126 km de São Paulo) quer construir um "manto de cristal" em forma de pirâmide asteca em cima de um conjunto de prédios históricos no centro da cidade que inclui uma igreja secular e casarões tombados como patrimônio público pelo próprio município.

A obra --que já foi iniciada com a derrubada parcial de dois casarões-- está orçada em R$ 114 milhões, mas foi paralisada por decisão da Justiça.

Pelo projeto, a pirâmide terá cerca de 20 metros de altura (o equivalente a um prédio de oito andares) e a área de projeção no solo é de 4,1 mil metros. A obra prevê ainda passarelas, mezaninos internos e um mirante no topo da edificação, que terá acesso por rampas e elevadores. A pirâmide será toda coberta por vidros.

A obra gera diversos debates entre moradores da cidade. O prefeito Edson Moura (PMDB) alega que o manto de cristal é necessário para revitalizar o centro da cidade e, dessa forma, alavancar o comércio e o turismo.

A ONG AMA-Paulínia (Associação dos Moradores Amigos de Paulínia) contesta a obra e propôs a liminar que paralisou a obra no início deste mês. A prefeitura recorre da decisão.

O manto de cristal cobrirá o centro histórico da cidade, incluindo o Museu Municipal, a Casa do Padre, a Casa da Banda e a Igreja São Bento --considerada marco inicial da cidade e fundada há 103 anos. Todos os prédios que estiverem em um perímetro de um quarteirão e meio da igreja serão encobertos.

A casa do primeiro farmacêutico da cidade e um barracão centenário --tombados pelo patrimônio histórico municipal-- já foram derrubados com o início da obras.

"É um absurdo cobrir patrimônio histórico com uma obra dessas e com um orçamento de R$ 114 milhões. A cidade tem muitas carências e esse dinheiro poderia ser revertido em obras sociais e ambientais, que, aliás, a cidade necessita muito", disse um dos diretores da ONG AMA, Valmor Amorim.

O bispo da Arquidiocese de Campinas (SP), d. Bruno Gamberini, vetou a construção da pirâmide sobre a igreja e disse que sequer foi consultado pela prefeitura. A arquidiocese divulgou nota na qual diz que a "igreja só deve ser coberta com o manto azul do céu". A igreja, em volta da qual cresceu o vilarejo que deu origem à cidade, pertence à Arquidiocese de Campinas.

Na semana passada, o TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo indeferiu dois embargos de instrumento propostos pela prefeitura com pedido de suspensão da liminar que interrompeu as obras. De acordo com a decisão, a liminar vale até o julgamento do mérito de uma ação pública em que a AMA pede o embargo definitivo do projeto.

Outro lado

O prefeito de Paulínia, Edson Moura (PMDB), justifica a construção do "manto de cristal" com a alegação de que a obra trará infra-estrutura para o comércio no centro da cidade, protegerá os prédios históricos das ações do tempo e transformará o local em uma atração turística-arquitetônica.

"Nós unimos o útil ao agradável. Além de proteger os prédios históricos e revitalizar o centro da cidade com maior infra-estrutura, ao mesmo tempo, criaremos uma atração turística-arquitetônica para a cidade", disse Moura.

Na visão do prefeito, os moradores da cidade e da região passariam a freqüentar mais o comércio de Paulínia por causa da obra.

Com um orçamento anual de R$ 500 milhões, Paulínia tem cerca 60,8 mil habitantes. A maior parte de sua verba provem da arrecadação do ICMS pago pela Replan (Refinaria de Paulínia), a maior refinaria do país.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o departamento jurídico da administração está recorrendo da liminar que proíbe a retomada das obras. A assessoria informou ainda ter feito uma enquete na cidade, na qual ao menos 20 mil moradores da cidade declararam ser favoráveis à construção do manto de cristal.

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