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09/09/2005
-
10h14
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha
No ano de seu bicentenário, os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e que adornam a área externa do santuário Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas (MG), passam por inédito processo de limpeza e restauração.
A recuperação, iniciada em julho, tem como alvo o principal problema de conservação das esculturas: a ação de microrganismos, que liberam ácidos corrosivos e têm raízes que causam pequenas fissuras nas pedras.
Os liquens (associação de fungos e algas) estão sendo combatidos por meio da pulverização de um composto químico (biocida) nas estátuas. Os liquens se alimentam da substância e morrem.
Segundo o geólogo Marcos Tannus, do Cetec (fundação de pesquisa do governo mineiro), não é possível prever o que ocorreria se a remoção dos microrganismos não fosse feita agora, apenas que o processo de deterioração iria se intensificar.
A degradação das obras --visível na chamada "lepra da pedra", pequenos buracos na superfície das estátuas-- também é agravada por causa de vandalismo e da exposição ao sol e à chuva.
Coordenado pelo Cetec, o estudo atual incluiu uma ultra-sonografia dos profetas, que concluiu que as pedras não estão degradadas internamente. Os principais problemas identificados nas estátuas foram contaminação biológica, fissuras, descoloração e perda de material superficial.
O processo de retirada dos liquens e os efeitos sobre a estrutura dos profetas serão avaliados a cada três meses, durante um ano. A avaliação inicial mostrou que os liquens estão secando e se descolando das pedras.
Todo o trabalho custou R$ 110 mil e está sendo bancado pelo Monumenta, programa de recuperação de sítios históricos do Ministério da Cultura.
Segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), é a primeira vez que os profetas passam por uma intervenção dessa natureza. Há registros de restauração em 1946, 1949, 1957 e 1974, quando houve a introdução do projeto paisagístico de Burle Marx (1909-1994).
Em 1987, as esculturas estavam quase totalmente cobertas por liquens. Houve uma limpeza com outra substância (o anti-séptico timol), mas as colonizações voltaram três anos depois. Em 96, foi feito um teste com o biocida na aba do manto do lado direito do profeta Abdias. Agora, resultados comprovados, será feita a pulverização em todo o conjunto.
Transferência
A limpeza dos profetas não pôs fim a uma polêmica de mais de 30 anos: a transferência ou não das obras para um abrigo climatizado e a substituição dos originais por réplicas. A medida teria como objetivo evitar a ação de vândalos e proteger as peças das intempéries.
Em 2003, o ministro Gilberto Gil (Cultura) defendeu publicamente a transferência quando lançou o projeto do Museu de Congonhas (Museu Aleijadinho), ainda no papel. "Com mais 20 ou 30 anos expostas ao tempo, elas estarão definitivamente comprometidas", disse Gil na ocasião.
Para o coordenador nacional do Monumenta, Luiz Fernando de Almeida, a discussão sempre foi tratada com "posições muito apaixonadas". "Queremos trabalhar essa questão em um campo mais técnico", disse.
Biocida
A escolha do composto químico para a limpeza das estátuas foi resultado de oito anos de estudos.
Foram testados quatro biocidas (substâncias que inibem o crescimento de microrganismos). O escolhido é um derivado do ácido benzóico, usado como conservante de bebidas, anti-séptico e na indústria de corantes.
Segundo os técnicos, o produto não é tóxico e não é caro.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre obras de Aleijadinho
Profetas de Aleijadinho passam por restauro
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da Agência Folha
No ano de seu bicentenário, os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e que adornam a área externa do santuário Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas (MG), passam por inédito processo de limpeza e restauração.
R.Wagner/Pref. de Congonhas |
Obra de Aleijadinho passa por trabalhos de restauro |
Os liquens (associação de fungos e algas) estão sendo combatidos por meio da pulverização de um composto químico (biocida) nas estátuas. Os liquens se alimentam da substância e morrem.
Segundo o geólogo Marcos Tannus, do Cetec (fundação de pesquisa do governo mineiro), não é possível prever o que ocorreria se a remoção dos microrganismos não fosse feita agora, apenas que o processo de deterioração iria se intensificar.
A degradação das obras --visível na chamada "lepra da pedra", pequenos buracos na superfície das estátuas-- também é agravada por causa de vandalismo e da exposição ao sol e à chuva.
Coordenado pelo Cetec, o estudo atual incluiu uma ultra-sonografia dos profetas, que concluiu que as pedras não estão degradadas internamente. Os principais problemas identificados nas estátuas foram contaminação biológica, fissuras, descoloração e perda de material superficial.
O processo de retirada dos liquens e os efeitos sobre a estrutura dos profetas serão avaliados a cada três meses, durante um ano. A avaliação inicial mostrou que os liquens estão secando e se descolando das pedras.
Todo o trabalho custou R$ 110 mil e está sendo bancado pelo Monumenta, programa de recuperação de sítios históricos do Ministério da Cultura.
Segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), é a primeira vez que os profetas passam por uma intervenção dessa natureza. Há registros de restauração em 1946, 1949, 1957 e 1974, quando houve a introdução do projeto paisagístico de Burle Marx (1909-1994).
Em 1987, as esculturas estavam quase totalmente cobertas por liquens. Houve uma limpeza com outra substância (o anti-séptico timol), mas as colonizações voltaram três anos depois. Em 96, foi feito um teste com o biocida na aba do manto do lado direito do profeta Abdias. Agora, resultados comprovados, será feita a pulverização em todo o conjunto.
Transferência
A limpeza dos profetas não pôs fim a uma polêmica de mais de 30 anos: a transferência ou não das obras para um abrigo climatizado e a substituição dos originais por réplicas. A medida teria como objetivo evitar a ação de vândalos e proteger as peças das intempéries.
Em 2003, o ministro Gilberto Gil (Cultura) defendeu publicamente a transferência quando lançou o projeto do Museu de Congonhas (Museu Aleijadinho), ainda no papel. "Com mais 20 ou 30 anos expostas ao tempo, elas estarão definitivamente comprometidas", disse Gil na ocasião.
Para o coordenador nacional do Monumenta, Luiz Fernando de Almeida, a discussão sempre foi tratada com "posições muito apaixonadas". "Queremos trabalhar essa questão em um campo mais técnico", disse.
Biocida
A escolha do composto químico para a limpeza das estátuas foi resultado de oito anos de estudos.
Foram testados quatro biocidas (substâncias que inibem o crescimento de microrganismos). O escolhido é um derivado do ácido benzóico, usado como conservante de bebidas, anti-séptico e na indústria de corantes.
Segundo os técnicos, o produto não é tóxico e não é caro.
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