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19/09/2005 - 09h52

Morte de açougueiro gera protesto na Tijuca

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CARMÉLIO DIAS
Colaboração para a Folha de S.Paulo, no Rio

A morte de um açougueiro na manhã de ontem levou os moradores do morro da Chacrinha, na Tijuca, zona norte do Rio, a fazer uma manifestação contra a violência policial e a fechar a principal rua do bairro.

Segundo eles, o açougueiro Márcio Maranhão teria sido morto por policias do 6º Batalhão de Polícia Militar (Tijuca) logo após sair de casa para comprar pão.

De acordo com testemunhas, os tiros que atingiram Maranhão partiram de dentro da Blazer da polícia da governadora Rosinha Matheus --de número 520681. Os cerca de 400 manifestantes fecharam a rua Conde do Bonfim, antes de serem dispersados pela PM.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que o caso será investigado e que, até o final da tarde de ontem, não havia indícios de participação dos policiais na morte do açougueiro. A secretaria informou, ainda, que os cinco PMs negam que tenham relação com o crime.

De acordo com Gilson Rodrigues, diretor da Federação de Favelas do Rio (Faferj), as ações de policiais do 6º BPM nos morros da Tijuca têm sido marcadas pela violência. "Mais uma vez, a gente vê que a polícia está despreparada para lidar com as comunidades. É uma coisa monstruosa, eles sobem o morro e sem critério começam a atirar. O resultado é, como hoje, a morte de um cidadão de bem, um trabalhador", disse.

Para o historiador Marcelo Freixo, pesquisador da ONG Justiça Global, a questão é ainda mais grave. "Temos recebido muitas denúncias a respeito de abusos cometidos por policiais do 6º Batalhão. A origem desse problema está no comando da unidade, que não pune as ações violentas praticadas por seus homens", afirma.

O caso mais recente de violência policial na área do 6º BPM aconteceu no dia 22 de agosto, quando cinco jovens, supostamente traficantes, com idades entre 14 e 19 anos, foram mortos por policiais no morro do Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro. De acordo com Marcelo Freixo, a perícia feita nos cadáveres indica prática de execução sumária.

Para o historiador, o comandante da unidade, coronel Álvaro Rodrigues Garcia, seria o maior responsável pelas práticas adotadas pelos policiais do batalhão. "Sabemos que há uma cultura de violência entre os policiais do Rio. Nos batalhões onde não existe uma determinação do comandante de coibir essa prática, a situação foge do controle", diz.

Procurado pela Folha, Álvaro Garcia não foi encontrado para falar sobre o assunto. A assessoria da secretaria disse que ele está afastado em licença médica. Em abril de 1997, o comandante esteve envolvido no episódio conhecido como "muro da vergonha", na Cidade de Deus, zona oeste do Rio. O então major Álvaro Garcia era um dos seis PMs filmados por um cinegrafista amador enquanto agrediam moradores da favela com socos e tapas.

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