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27/09/2005 - 22h26

Deputados do Paraná criam frente contra o desarmamento

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

A maioria dos 54 deputados estaduais do Paraná é contra a proibição do comércio de armas no país. E, para marcar posição em favor do "não" no referendo de 23 de outubro, criou a Frente Parlamentar pelo "direito à legítima defesa".

O requerimento de criação da frente saiu com 32 assinaturas e ganhou a adesão do 33º, o deputado Natálio Stica (PT), nesta terça-feira. A bancada contra o referendo é dominada por deputados donos de terras ou que tem base eleitoral no campo.

"[O desarmamento] é uma bobeira. Enquanto este país não tiver uma política de segurança séria, não se pode falar em desarmar a população", disse o deputado petista, que é petroleiro de origem.

Além de pertencer ao partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva --cujo governo faz campanha pelo desarmamento--, Stica foi líder do governador Roberto Requião (PMDB) na Assembléia Legislativa.

O Paraná foi o primeiro a lançar a campanha de incentivo ao desarmamento no país em troca de um prêmio em dinheiro, copiada depois pelo governo Lula. A lei estadual do desarmamento, mediante indenização de R$ 100, nasceu na Assembléia paranaense. Foi proposta pelo deputado estadual Ratinho Júnior (PPS) em 2003.

Minoria

O bloco pró-desarmamento liderado por Ratinho Júnior contava com apenas sete parlamentares até esta terça-feira, mas ele acredita que possa chegar a 20. Há ainda 14 que não se posicionaram.

"Somos minoria aqui [na Assembléia], não há dúvida, mas não é isso que a gente sente da população", disse Ratinho Júnior. Ele acusa a bancada do "não" de fazer "discurso fácil".

O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), foi um dos primeiros a aderir à frente do "não", proposta por Élio Rusch (PFL).

"Faço parte da bancada dos homens sérios, que não quer deixar armados os bandidos e desarmadas as pessoas que precisam se defender", reage ele, quando é identificado como integrante da "bancada da bala". O termo é como a frente pró-desarmamento identifica os adversários.

Para Brandão, seria suficiente que, na venda de uma arma, se exigisse do comprador uma ficha policial limpa e que ele passasse por um estande de treino de tiro.

"Eu não vou ficar em casa assistindo minha mulher ou minha filha ser agredida por um ladrão, e até violentada. Numa situação dessas, quero o direito de reagir porque estou preparado para isso." Brandão afirma que tem arma em casa e que ela é registrada.

Reação

O mais aguerrido contra o desarmamento é Antonio Anibelli (PMDB), proprietário rural como Brandão. "Se você vê sua propriedade arrombada e arrebentada, como aconteceu na minha casa... Por sorte que eu não estava, senão tinha metido bala no cara."

Anibelli diz representar proprietários rurais que viraram vítimas freqüentes de ladrões de trator, caminhão e mercadorias. "O cara que fizer isso [usar de violência] com alguém de minha família, mato o resto da geração dele." Ele disse já ter dado um tiro "num vagabundo", mas que não o matou.

"É mentira que as pessoas de bem ficarão desarmadas para enfrentar bandidos em suas casas. O Estatuto do Desarmamento faculta a quem já tem armas de mantê-las, desde que as registrem. Também criou regras rigorosas contra os bandidos", disse Ratinho Júnior.

Seu principal argumento pela proibição da venda é que 65% dos assassinatos no Brasil são praticados por pessoas comuns, que têm uma arma ao alcance das mão. O dado é da ONU (Organização das Nações Unidas).

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o referendo sobre o comércio de armas
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