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06/10/2005 - 23h13

Estiagem em leitos de rios deixa cidades sem alimentos, água e luz

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

A falta de chuva nos leitos dos rios da Amazônia está tornando a situação das cidades ribeirinhas caótica. Há alimentos, água potável e energia para apenas dez dias em algumas localidades. A navegabilidade está prejudicada.

Com a seca, em Caapiranga e Manaquiri, a oeste de Manaus (AM), 40 toneladas de peixes morreram em afluentes do rio Solimões, segundo a Defesa Civil do Estado do Amazonas. As prefeituras decretaram estado de calamidade pública.

O coordenador da Defesa Civil, coronel Franz Alcântara, disse que pedirá apoio às Forças Armadas para desenvolver ações em um total de 18 municípios que enfrentam isolamento e dificuldade de navegabilidade nos rios.

A estiagem na região acontece de maio a início de novembro. Em setembro choveu 20 milímetros a menos do que a média (45,9 mm). O rio Negro, que é o eixo da bacia para os rios Amazonas, Solimões e Madeira, continua com suas águas descendo cerca de 20 cm por dia.

Especialista em hidrologia da bacia amazônica, o geólogo Naziano Filizola afirmou que o nível do rio Negro está acima do nível das últimas recentes secas, de 1997 e 1995. "Ainda pode secar mais", afirmou

Segundo o prefeito de Manaquiri (60 km de Manaus), Jair Aguiar Souto (PL-AM), se a falta de chuvas persistir, 25 dos 44 distritos do municípios ficarão sem água e alimentos.

A cidade não está completamente isolada porque tem um acesso por rodovia até a capital do Estado. Para chegar às comunidades rurais, o acesso é apenas pelo rio Manaquiri, que está com apenas 1 m de nível de água.

Por telefone, Souto contou que sobrevoou por duas horas (começou às 11 h --12h em Brasília) as comunidades em um helicóptero que levou à cidade representantes da Defesa Civil.

Ele disse que a imagem mais chocante foi a da mortandade de peixes. "Vimos pelo menos três quilômetros de margem de rios e lagos com peixes mortos: são tambaquis, matrinxã, jaraqui. O mau cheiro já contaminou o ar das comunidades", afirmou.

Em Caapiranga (222 km de Manaus), a diretora do único hospital da cidade, Ana Maria Lopes, disse que, para levar um doente em estado de emergência para outra cidade, precisa atravessar um ramal de 32 km para ter acesso às embarcações.

Peixes

O secretário da Administração, Sebastião Francisco Soares, disse que o estado de calamidade pública foi decretado em Caapiranga porque os peixes estão morrendo e não há meios de retirá-los das margens dos rios e lagos.

O ecólogo Bruce Forsberg, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), afirmou que a falta de oxigênio é a provável causa da morte dos peixes, aliada com a poluição provocada por desejos.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) desenvolveu um plano emergencial para a seca e para conter a matança de peixe-boi, o maior mamífero de água doce, ameaçado de extinção.

Em Tefé, Manaquiri e Fonte Boa foram registradas mortes de peixe-boi e de boto. Sem água, os animais vão se concentrando em pequenos lagos e tornam-se presas fáceis para caçadores.

Em razão da dificuldade de navegabilidade, ontem (5), a Petrobras anunciou que restringiu o transporte de petróleo e GLP pelos rios Solimões e Negro. A empresa faz o transporte dos produtos por balsas da bacia petrolífera de Coari --cidade que está em estado de alerta devido à estiagem-- para Manaus.

São 390 km de percurso que agora estão sendo realizados em duas etapas porque as balsas não conseguem passar em canais de navegação muito rasos.

Especial
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