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26/10/2005 - 15h48

Polícia prende 11 supostos skinheads no Paraná

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da Folha Online
da Agência Folha

Onze suspeitos de espalhar adesivos e cartazes pregando preconceito racial e homossexual foram presos na manhã desta quarta-feira pela polícia do Paraná. Seriam skinheads, integrantes do grupo autointitulado FAC (Frente Anti-Caos).

Segundo a Secretaria da Segurança, o grupo é suspeito também de praticar agressões contra judeus, negros e homossexuais, em Curitiba.

O professor de jiu-jitsu Eduardo Toniolo Del Segue, conhecido por Brasil, 25, e Edwiges Francis Barroso --que adota o nome de Franciele Del Segue, ou apenas Fran--, 26, são apontados pelo delegado Marcus Vinicius Michelotto como líderes dos ativistas do neonazismo em Curitiba.

Nas buscas, que começaram às 7h de ontem, os policiais encontraram nas casas visitadas material literário de apologia nazista, bandeiras, desenhos de Adolf Hitler, cassetetes, punhais, e peças do uniforme de soldados alemães na Segunda Guerra Mundial.
SSP-PR
Retrato de Hitler encontrado em casa de suspeitos
Retrato de Hitler encontrado em casa de suspeitos


Também foi exibida uma matriz para impressão da cruz celta e camisetas com essa cruz, com a suástica ou com o número 88 --que significa as letras H (de Heil Hitler) estampados no peito ou nas costas.

Uma zarabatana artesanal tinha o adesivo "Eu voto não" (à proibição de armas, no referendo de domingo) colocado em um extremidade.

Outro lado

"Vocês não são a favor da liberdade de expressão? Qual o problema em fazer a saudação nazista? Vocês estão espantados com o quê? A gente ensina o que quiser para os filhos." Foi com frases como essas que um dos suspeitos, Fran Del Segue, confirmou guardar em casa peças e material literário da ideologia neonazista, que ela admite seguir.

Negou, contudo, que seja ela ou seus amigos presos os responsáveis pela violência contra um homossexual e a colação de adesivos contra a mistura racial e a opção gay, no mês passado, em Curitiba.

"Prenderam as pessoas erradas", disse Fran Del Segue, que promete entregar à polícia o rapaz que teria acertado o homossexual com uma tesoura na barriga. Antes de ser atingido pela arma branca, ele foi violentamente espancado por um grupo.

"Há muitas facções [de skinheads em atividade] em Curitiba. Pelo menos uns 50, ativos, violentos e que querem carnificina. Não posso responder por eles", disse ela.

A auxiliar de escritório que abandonou um curso de administração afirma ter deixado de ser ativista do movimento neonazista "há pelo menos dez anos", mas fotografias recolhidas pela polícia mostram que ela estava ativa havia pouco tempo.

"Sou um pai de família, não sei de violência nenhuma", declarou o marido de Fran, Eduardo Toniolo Del Segue. O professor de jiu-jitsu já atuou como segurança de celebridades. Ele aparece na maioria das fotos em situações de reverência a Adolf Hitler, ditador alemão da Segunda Guerra Mundial, que mandou exterminar judeus, negros e homossexuais.

Estela Herman Heise, que também concordou em falar para os jornalistas, disse que não sabia as razões de sua prisão. "Na minha casa, eles não encontraram nada que possa justificar essas algemas", falou, mostrando os braços. Contra ela, a polícia apresentou apenas fotos, como uma em que a estudante exibe tatuagens de símbolos nazistas.

Até o final da tarde, o grupo ainda não tinha constituído advogado para que a Folha tentasse ouvir os defensores dos demais.

O delegado Marcus Vinicius Michelotto, que chefiou as prisões, disse que um ex-namorado de Heise, morador de São Paulo, foi quem abasteceu o grupo de Curitiba com os panfletos racistas e homofóbicos. Ele está sendo procurado.

Agressão

Em setembro, o Ministério Público Federal e a Polícia Civil abriram investigações para tentar identificar os grupos Orgulho Branco e FAC (Frente Anti-Caos), que assinaram adesivos e cartazes.

No mesmo mês, um jovem de 19 anos disse ter sido agredido física e verbalmente por cinco rapazes, no centro de Curitiba, por ser negro e homossexual. O jovem disse que foi atacado com uma tesoura por um dos agressores.

Na ocasião, a advogada Silene Hirata, da ONG Dignidade, informou que o rapaz disse ter visto integrantes do grupo colando adesivos contra gays em orelhões, postes e fachadas de prédios, antes de sofrer o ataque.

Especial
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