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14/11/2005 - 09h25

Traficante do Rio lava dinheiro em quatro Estados

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

O agora traficante mais procurado do Rio de Janeiro, Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, 31, lava o dinheiro que obtém nas 16 favelas que controla na capital fluminense em outros quatro Estados --São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo--, apontam investigações da polícia do Rio.

O criminoso ainda declara Imposto de Renda com seu CPF legal. Ele teve direito a restituição nos últimos dois anos e está incluindo no lote de 2005.

Tem um perfil diferente dos traficantes do Rio. É o único que administra suas bocas-de-fumo fora do Estado.

Com a morte de Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe do tráfico na Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio) e a prisão de Edmílson Ferreira da Silva, o Sassá, líder da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos), a captura de Pinga volta a ser o foco principal da polícia embora o traficante esteja radicado em São Paulo e venha raramente ao Rio, segundo o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins.

A polícia do Rio não tem uma noção exata do patrimônio de Robinho Pinga porque ainda não recebeu as informações da Receita Federal, apesar de a Justiça ter autorizado a quebra de seu sigilo fiscal há pelo menos cinco meses. Outra dificuldade é que os bens estão em nomes de laranjas.

O ponto alto dos negócios é São Paulo, de acordo com as investigações. Há pelo menos quatro anos, o traficante transferiu seu domicílio eleitoral para São Bernardo, na região do ABC paulista, apesar de não votar, nem justificar sua ausência.

Uma das bases de Robinho Pinga no Estado paulista é Atibaia. Seus filhos estudaram em uma escola no município. Há três meses, a polícia descobriu que o traficante tinha uma marmoraria na cidade. A empresa seria de fachada para facilitar a distribuição de drogas. Segundo a Polícia Civil, Pinga transportava cocaína e maconha escondidas nas cargas de mármore para dificultar a apreensão. Após a descoberta, Pinga fechou a empresa e a transferiu para outra cidade.

Indícios da atuação de Pinga em São Paulo foram filmagens feitas por um circuito interno de TV de um shopping na região metropolitana no ano passado. Câmaras flagraram o traficante e seu pai --identificado como Valdir Camisão-- passeando. Ali, eram realizadas as reuniões da quadrilha.

No mesmo shopping foi preso no ano passado Márcio José Sabino Pereira, o Márcio Matemático, um dos principais assessores do traficante.

A última vez que Pinga foi preso, em 2002, ele estava em um condomínio de luxo em São Paulo. A casa onde morava estava avaliada em R$ 400 mil. Uma semana depois, foi solto beneficiado por um habeas corpus.

Meses depois, a polícia prendeu sua mulher, Márcia Cristina Alves de Araújo, na cidade litorânea de Peruíbe (SP). Foram apreendidas com ela jóias avaliadas em cerca de R$ 2 milhões. A polícia descobriu ainda uma mansão no Guarujá (SP), de propriedade do casal. Márcia também foi solta com um habeas corpus.

Recentemente, a polícia descobriu três carros --um Astra e dois Honda Civic-- emplacados em São Paulo e que eram de propriedade da quadrilha. Os veículos, em nome de uma pessoa que já morreu, foram vendidos.

A cocaína e a maconha vendidas por Pinga em seus redutos no Rio de Janeiro são trazidas do Paraguai e da Bolívia por fornecedores radicados em São Paulo.

Em maio, a polícia descobriu que alguns dos contatos de Pinga eram presos de uma cadeia de Guarulhos (região metropolitana de São Paulo).

Minas Gerais é outro foco de Pinga. Para realizar o transporte do mármore juntamente com drogas, o criminoso mantinha na cidade de Itaobim, na divisa com a Bahia, uma transportadora para fazer o negócio parecer legal.
A transportadora foi criada inicialmente em Carangola (MG). Foi para São Paulo (SP), depois Vitória (ES) antes de ser transferida para Itaobim, cidade considerada um dos entrepostos de traficantes do Rio.

Em junho, a polícia prendeu um dos supostos sócios de Pinga no negócio, Luiz Roberto Damas de Souza, que tomava conta dos filhos do traficante, na cidade de Almenara, próxima a Itaobim. Em carta, ele denunciou que Robinho Pinga estaria radicado em São Caetano do Sul, região do ABC paulista.

Já os caminhões utilizados pelo bando eram todos emplacados no Espírito Santo, principalmente nas cidades de Cariacica e Rio Novo do Sul. Ao todo, seriam sete veículos que foram comprados por meio de leasing.

Para poder circular pelos estados onde mantém negócios, o traficante usa identidades falsas. Todas apreendidas pela polícia até agora foram em Feira de Santana (BA), região metropolitana de Salvador.

Uma das identidades é de uma pessoa que vive em Salvador e seria colaborador da quadrilha. O suposto laranja tem dois carros e um caminhão em seu nome e já foi visto na casa da mãe do traficante. A suspeita de que a quadrilha também mantém negócios na Bahia surgiu após a prisão, em março, de um de seus gerentes, Henrique Bezerra Braga, o Gêmeo. Ele foi pego quando seguia para Feira de Santana.

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