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01/12/2005 - 19h03

Confira a íntegra do bate-papo com Fabiane Leite

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da Folha Online

Confira a íntegra do bate-papo com a repórter Fabiane Leite, da Folha de S.Paulo, sobre Aids. O texto abaixo reproduz a forma com os participantes digitaram.

(05:01:12) Fabiane Leite: Olá. Aguardo as perguntas de vocês.

(05:02:51) Basilio: vc nao acha que o preservativo e mais uma forma de controle de natalidade, do que prevenção da aids?

(05:04:09) Fabiane Leite: Caro Basilio, o preservativo é comprovadamente uma forma de prevenção da doença. Tanto é que pesquisas do Ministério da Saúde mostram que nos jovens, que usam mais camisinha dos que os mais velhos, os casos de Aids vêm caindo.

(05:04:29) Vivi: Neste Dia de Luta Contra a Aids temos alguma coisa para comemorar?

(05:05:56) Fabiane Leite: Bem, há uma diminuição ano a ano dos casos de transmissão de mãe para filho, assim como entre adultos jovens e usuários de drogas inejtáveis --os usuários de drogas já chegaram a responder por cerca de 20% dos casos.

(05:06:16) Vivi: Vc acha que as pessoas têm consciência da importância do preservativo para o controle de DST?

(05:08:04) Fabiane Leite: Vivi, infelizmente, em razão de discursos teológicos, algumas pessoas ainda desconfiam do preservativo. Mas está provado que, pela camisinha, não passa nada! Este é inclusive o slogan das campanhas do Ministério da Saúde brasileiros. Integrantes da Igreja Católica que fazem um discurso contra a camisinha certamente prejudicam a saúde pública. Talvez tenham de pedir desculpas por isso, um dia...

(05:08:09) Rodrigo ***0_o***: As camisinhas destribuidas gratuitamente nos postos de saúde tem a mesma qualidade das compradas?

(05:09:44) Fabiane Leite: Rodrigo, não temos notícia de notificações sobre problemas com as camisinhas da rede pública. Todas passam por um complicado protesto de testagem, em institutos competentes, segundo as informações disponíveis no Ministério da Saúde.

(05:10:00) Basilio: Vc acredita em que um dia havera cura ?

(05:11:36) Fabiane Leite: Basilio, há varios grupos que estudam para desenvolver uma vacina. E os laboratórios farmacêuticos têm interesse nesta doença, porque com certeza terão muito lucro com um benefício desses. A pergunta é como viabilizar o acesso de todos a algo que custará tão caro...

(05:11:53) maumau: Fabiane, você acha que onde podemos encontar famílias muito grandes, o numero de DST é maior?

(05:14:04) Fabiane Leite: Maumau, não sei, desconheço estudos que façam relação da fecundidade com a incidência dessas doenças... Mas posso me informar e escrever para você. Envie o seu e-mail.

(05:14:05) andrea: Fabiane, por que a imprensa não denuncia mais os casos de preconceito contra portadores de HIV?

(05:16:25) Fabiane Leite: Oi Andrea. Ontem mesmo comentava com um dos editores que talvez a imprensa, em razão do Brasil ter um programa contra a Aids estruturado, não veja mais a doença como grande questão nacional. Não é verdade. Um caso absurdo de preconceito ocorreu recentemente nos EUA, que barraram a entrada de um portador soropositivo para o HIV. O Brasil não tem como interferir nas "leis de fronteira" dos EUA, mas poderia, no mínimo, ter se posicionado sob o ponto de vista dos Direitos Humanos...

(05:16:46) cristal: oi fabiane e verdade que a maioria de pessoa com aids sao mulheres casadas

(05:18:26) Fabiane Leite: Olá Cristal. Não tenho informação de que haja maior número de casos entre as casadas, mas sim que o número de casos e a mortalidade continuam crescendo com persistência entre as mulheres.

(05:19:06) fabio: Fabiane, você é a favor da quebra de patentes em relação aos medicamentos para Aids ? Por quê?

(05:21:44) Fabiane Leite: Olá Fabio! Sou a favor, uma vez que não vejo possibilidade de manutenção da distribuição gratuita de remédios no país com os preços cada vez mais altos das drogas produzidas pelas multinacionais. A quebra de patentes permitiria ao Brasil fazer genéricos dos remédios contra a Aids, mais baratos. A própria Organização Mundial da Saúde já apontou que esta é a saída, por meio do seu programa de acesso a medicamentos...

(05:22:14) João Carlos: Fabiane: uma reportagem dessa semana informa que um médico, que foi preso, dava receitas a mais do que um paciente com HIV precisava. Depois, o paciente repassava grande parte dos remédios ao médico. O que acontece nesse caso? Falta controle na entrega de medicamentos?

(05:25:23) Fabiane Leite: João, o que ocorre é que o médico, segundo a polícia, orientava os pacientes a entrar com uma ação na Justiça para obter as drogas, usadas no tratamento de efeitos colaterais dos remédios contra a Aids. Os juízes acreditaram na argumentação feita pelo médico nas ações e decidiram obrigar o Estado a pagar as drogas. Neste caso, o Estado realmente não tem culpa. Talvez seja um caso que faça o Judiciário refletir sobre decisões a respeito de remédios, mas não podemos generalizar. Há muitas ações pertinentes, de pessoas que realmente precisam de medicamentos que o Estado não fornece por falta de dinheiro ou falta de organização.

(05:25:41) Moises: Fabiane, voce não acha que se gasta muito dinheiro com a campanha de combate mas os resultados são minimos?

(05:27:43) Fabiane Leite: Bem, Moisés, as taxas de incidência de Aids (casos por 100 mil habitantes) estão nos mesmo patamar nos últimos anos (17,2 casos por 100 mil no boletim de 2005). No entanto, são altas. O problema, me parece, é justamente a ausência de campanhas amaplas permanentes. O governo faz parulho só no Dia Mundial de Luta, que é comemorado hoje, e no Carnaval.

(05:28:56) maumau: Fabiane, com toda essa crise política, vc acha, que, as verbas de saude poderiam ser desviadas, ou diminuidas?

(05:33:17) Fabiane Leite: Maumau, no ano passado a Polícia Federal apontou fraudes em dezenas de licitações do Ministério da Saúde, até mesmo nas compras de camisinhas. Uma quadrilha atuou por cerca de dez anos na pasta. Sem os controles adequados, sim, a verba pode ser desviada. Pior ainda quando coloca-se na direção de setores estratégicos, como o setor de compras, pessoas despreparadas, que assumem caros somente em razão de composições políticas. Outro problema é que no governo atual o ministro da Saúde nunca fez parte do "núcleo duro" da administração, o que também dificulta um pouco as coisas.

(05:33:40) Marcos: Hoje no Brasil qual é a maior forma de contagio? ( Drogas, sexo, etc )

(05:34:12) Fabiane Leite: Marcos, o sexo é a principal forma de contágio no país.

(05:34:16) juli: Antigamente, gays e prostitutas faziam parte do grupo de risco para aids. Qual é esse grupo hj?

(05:36:07) Fabiane Leite: Juli, não existem "grupos de risco". Somos todos vulneráveis, independentemente de nossa orientação sexual ou meio de vida. O que existe é comportamento de risco, como fazer sexo sem camisinha e compartilhar seringas no uso de drogas injetáveis.

(05:36:23) mciolfi: olá, eu vi uma reportagem num jornal ontem, falando sobre uma mulher q foi indenizada em 700.000 R$ pelo instituto "Adolf Luts", pois nos exames constava que ela era portadora do HIV (mas meses depois se constatou que foi um erro no exame!) ... Agora uma pergunta , se ela nao tinha o virus como ela desenvolvel (reconhecidamente) todos os sintomas da doença? pq apartir do momento que ela ficou sabendo que nao tinha a doença passaram-se os sintomas? Muito grato..

(05:39:01) Fabiane Leite: Mciolfi, eu conversei com esta mulher. Na verdade, segundo o relato desta pessoa e de seu advogado, o médico do posto de saúde deu o diagnóstico sem fazer os testes confirmatórios. Ela teve principálmente problemas psiquiátricos durante o ano em que acreditou ser portadora do vírus mas, segundo relatou, não desenvolveu qualquer sintoma da doença. O diagnóstico não pode ocorrer a partir da realização de um único teste.

(05:39:04) Érika: Fale mais sobre essa quadrilha que atuou por mais de dez anos no Ministério da Saúde, a que você se referiu. Quando foram descobertos os aos de corrupção? Os responsáveis foram punidos? Houve cobertura dos casos de corrupção pela imprensa?

(05:42:08) Fabiane Leite: Sim Érika, houve cobertura dos casos pela imprensa. Foi a chamada "Operação Vampiro". Os atos foram descobertos pela polícia e o Ministério Público em 2004 e os acusados respondem à Justiça --pelo que sei, um está preso ainda, entre uma dezena de acusados. Passado o vendaval, a imprensa não voltou com freqüência ao assunto. Falha nossa, em razão da quantidade de assuntos que nos "atropelam" todos os dias.

(05:42:11) Patricia: Fabiane você acha que os adolescentes hoje em dia estão se informando e se previnindo mais do que antes?

(05:43:13) Fabiane Leite: Sim Patrícia, isso melhorou. Os jovens são o grupo que mais usa camisinha no país e os casos de Aids vêm recuando entre eles.

(05:43:33) Nando: O que você pensa a respeito das jovens que tem iniciado cada vez mais cedo a vida sexual, nem sempre tomando as devidas precauções? Qual o papel do governo, da família e da sociedae em sua opinião?

(05:47:30) Fabiane Leite: Nando, faltam campanhas permanentes e que falem diferentes linguagens, para atingir um maior número de pessoas. Muita gente acha que porque vive em um bom patamar social está imune ao vírus, por exemplo. O governo tem o papel principal no enfrentamento da epidemia, que não está controlada ainda. Deve informar, informar e informar. Formadores de opinião também devem se atualizar para não falar besteira em público --hoje ouvi de um deputado que a doença em mulheres se deve ao fato de não conseguirem higienizar adequadamente os órgãos genitais. Isto não é verdade. É uma bobagem.

(05:47:43) Marcos: Muito se fala em vacina e na cura da AIDS, o que Brasil esta fazendo em relação a isso?

(05:49:11) Fabiane Leite: Marcos, o país tem vários grupos de pesquisa ativos, a maior parte em universidade e muitos com o apoio de laboratórios multinacionais. Mas não saberia informar neste momento o estágio de cada um.

(05:49:48) renan / bahia: vc acha que a cura da aids ja existem e que naum apareceu ainda por causa da forte politica de inetresse da industria farmaceutica?????

(05:52:24) Fabiane Leite: Renan, os laboratórios ganham muito dinheiro com os remédios contra a Aids --só o Brasil deverá gastar R$ 1 bilhão com essas drogas neste ano. Mas não há qualquer evidência de que a indústria esteja protelando propositalmente o desenvolvimento de vacinas.

(05:52:32) renan / bahia: qual é hoje o numero real de pessoas infectadas com o virus da aids no pais??..qual é a região mais atingida????

(05:55:36) Fabiane Leite: Renan, são mais de 371 mil casos de Aids, e o número de infectados (nem todos desenvolveram a doença ainda) passa dos 500 mil. A epidemia cresce principalmente no Norte do país, onde houve aumento de 94,7% desde 98.

(05:55:41) Baruki: qual é a sua avaliação do papel do governo federal que fez a promessa de criar o maior programa de saúde contra a aids?

(05:58:03) Fabiane Leite: Baruki, o programa ainda tem muito a melhorar. Não tem conseguido, por exemplo, que a epidemia recue entre as mulheres. O aumento de casos na população negra e na faixa dos 40 aos 59 anos também é preocupante. Mas certamente somos o país em desenvolvimento que mais avançou nessa "luta" nos últimos anos.

(05:59:16) Fabiane Leite: Gostaria de agradecer a participação de todos. O site do Ministério da Saúde (www.aids.gov.br) traz informações claras sobre prevenção, pode ajudar muita gente. Obrigada. E, sim, usem camisinha!!!!!!!!!!!!

(05:59:17) Adriana/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Fabiane Leite e de todos os internautas. Até o próximo!

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