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07/12/2005 - 10h37

31% descobrem tarde o câncer da próstata

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Um terço dos homens com câncer da próstata atendidos no sistema público de saúde do Estado de São Paulo tem a doença diagnosticada em estado avançado ou já atingindo outras partes do corpo. Na rede privada ou conveniada, o índice de detecção chega a 21%.

Os dados constam do primeiro estudo epidemiológico sobre câncer da próstata já realizado no Brasil e que envolveu 110 urologistas paulistas (cerca de 10% do total) e 1.915 pacientes que procuraram os serviços de saúde (públicos e privados) em diferentes estágios da doença.

Os números mostram ainda que mais da metade dos pacientes pesquisados (57%) teve de sair da sua cidade de origem para conseguir o atendimento.

De acordo com o Ministério da Saúde, há hoje uma fila de pelo menos 3.000 homens aguardando uma cirurgia da próstata em toda rede SUS. Só no Hospital das Clínicas de São Paulo são 160.

O tempo de espera leva, em média, um ano, o que piora o prognóstico da doença. Detectado em estágio inicial, há 90% de chances de cura. Quando a doença ultrapassa os limites da próstata, o índice cai para, no máximo, 30%.

Dos pesquisados, 53,5% foram atendidos no SUS; 37% por planos de saúde; e 9% na clínica particular. A idade média dos paciente pesquisados foi de 67,4 anos.

De acordo com o presidente paulista da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-SP), Aguinaldo Cesar Nardi, uma das surpresas do estudo foi o fato de a doença predominar entre indivíduos brancos (85,2%). Nos EUA, os negros são os mais atingidos.

Em compensação, avalia o médico, a doença tende a ser mais agressiva entre os pacientes negros em comparação aos brancos (47,2% contra 40,8%).

"Há fatores genéticos que explicam isso, mas não podemos excluir a dificuldade de acesso que essa população tem aos serviços de saúde, o que leva ao diagnóstico tardio", explica Nardi.

Miguel Srougi, professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP, considera importante a pesquisa, mas vê com cautela os resultados.
Para ele, o fato de os dados terem sido notificados voluntariamente pelos médicos pode deixar a pesquisa enviesada, ou seja, não refletir a realidade sobre o perfil da doença no país.

Srougi também pondera o resultado de a maioria dos doentes ser branca. "Os negros costumam estar tão segregados que não conseguem nem chegar ao sistema público de saúde", avalia.

Programa

A SBU-SP está sugerindo à Secretaria da Saúde do Estado a criação do Programa de Saúde do Homem, a exemplo do que a entidade, no âmbito nacional, já o fez com o Ministério da Saúde.

Para Nardi, é preciso ampliar o número de urologistas na rede de saúde e, ao mesmo tempo, treinar os clínicos-gerais para que façam o diagnóstico precoce.

Na opinião de Srougi, o problema é garantir o atendimento global ao doente. "Detectar é mais simples. O difícil é fazer o diagnóstico e o tratamento completo, com radioterapia e as complicações após a cirurgia", diz.

Ele afirma que seriam necessários R$ 6 milhões por ano para o país tratar corretamente os pacientes com câncer da próstata, um quinto do orçamento total do Ministério da Saúde, que fica em torno de R$ 30 milhões.

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