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06/10/2000 - 20h39

Secretário duvida de laudo do IC sobre acidente da CPTM

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FABIANE LEITE
da Folha Online

O secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Cláudio de Senna Frederico, duvida do laudo do IC (Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo) sobre as causas do acidente com trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que matou nove pessoas e feriu outras 104 no dia 28 de julho.

Senna Frederico também manteve afirmação sobre a existência de indícios de que o maquinista de uma das composições, a de número 127, Osvaldo Pierucci, não teria calçado o seu trem. O secretário também reafirmou que esse seria o motivo do acidente.

Segundo Senna Frederico, que disse ter apenas recebido informações sobre o laudo e ainda não leu o documento, houve uma "falha grave" pelo fato de não ter sido investigado pelos peritos do IC se Pierucci tentou ou não calçar a composição que dirigia.

"Se (o laudo) não coloca que é relevante se (o maquinista) tentou colocar o calço, é falha grave", afirmou o secretário em entrevista no fim da tarde de hoje, ao ser informado de que não há menção no documento sobre supostas tentativas do maquinista de calçar o trem.

O secretário também apontou suposto "caráter opinativo" do documento, ao comentar trecho do laudo que contraria uma afirmação sua de que uma pedra da via férrea poderia paralisar o trem. "O laudo não deveria ter opinião", afirmou.

O diretor do IC, Valdir Santoro, não quis comentar as afirmações do secretário. O IC recebeu orientação da Secretaria da Segurança Pública para que seus funcionários não falem sobre o laudo, apesar de o órgão ser o responsável pela perícia.

O delegado que investiga o caso, Edvaldo Faria, do 46º Distrito Policial (Perus) deve dar uma entrevista coletiva sobre o laudo na segunda-feira.

Mesma esquina

O laudo responsabiliza a CPTM pelo acidente, dizendo que houve falha no gerenciamento operacional para neutralizar a possibilidade da movimentação do trem 127. A principal causa do acidente, segundo o laudo, foi o fato da empresa não disponibilizar calços adequados dentro dos trens e não ter orientado no manual dos maquinistas estes profissionais a calçar as composições.

"Chegamos na mesma esquina", disse Senna Frederico. Ele destacou que o laudo confirma sua tese de que a falta de calçamento provocou o acidente.

"Eu acho importante ter o procedimento escrito. Mas não teria evitado o acidente. A diferença é que o escrito é a prova", afirmou sobre as normas a respeito do calçamento. "Os indícios internos são de que o maquinista não tentou calçar o trem."

Senna Frederico disse que os maquinistas recebem orientação oral para calçar os trens. Para o secretário, no entanto, Pierucci não deverá ser condenado na Justiça porque não há provas contra o maquinista.

O secretário disse que o laudo não deverá ser levado em conta na avaliação que está sendo feita na CPTM para se decidir se Pierucci volta à função de maquinista _ ele está afastado da atividade, exercendo tarefas burocráticas.

Na data do acidente, a composição de prefixo 127 parou entre as estações Jaraguá e Perus da CPTM, na região noroeste de São Paulo, porque seus cabos enroscaram na rede elétrica. O problema paralisou o fornecimento de energia.

Pierucci disse que acionou os freios e calçou o trem com madeiras, mas a máquina perdeu o controle e acabou batendo em outra que estava na estação de Perus.

A CPTM informou que não encontrou vestígios de madeira amassada, que poderiam indicar a tentativa de calçamento do trem.

Indenizações

Senna Frederico reafirmou também que nunca isentou a CPTM de responsabilidade sobre o acidente.

Segundo ele, a empresa ainda não pagou indenização por danos morais às vítimas e a parentes dos mortos. O motivo, disse o secretário, é o fato das vítimas e parentes dos mortos não aceitarem oferta de 50 salários mínimos de indenização feita pela empresa.

Segundo o secretário, não é possível pagar mais porque a empresa pode ser acusada de estar tentando "calar a boca" das pessoas prejudicadas pelo acidente ao oferecer grande quantia de dinheiro.

E-mail: fabiane@folhasp.com.br

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