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17/01/2006
-
10h07
CLÁUDIA COLLUCCI
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
O Conselho Tutelar de São Paulo constatou ontem que pelo menos cinco adolescentes da unidade Tietê do complexo Vila Maria da Febem (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor) estão feridos. A unidade, segundo o conselho, está "destruída".
Anteontem, a fundação proibiu mães de adolescentes do complexo Vila Maria de visitar seus filhos. Para as mães, o veto foi uma tentativa de esconder agressões contra os internos. A Febem nega --informou apenas que eles estão de castigo em conseqüência de uma tentativa de fuga.
Ainda segundo a fundação, as depredações ocorreram na última quarta-feira, após os adolescentes serem informados que a unidade seria reformada. Os internos agora estão na "tranca" --período em que ficam na cela, sem poder sair e participar de atividades.
De acordo com o Conselho Tutelar, que ficou entre 15h e 23h na unidade, os adolescentes feridos apresentavam marcas de balas de borracha e de pancadas. Além deles, um interno apresentava sintomas de desnutrição, um urinava sangue e outro estava com caroços na pele. "O calor lá dentro é infernal", afirmou a conselheira tutelar Silvia Carnevalli.
Segundo ela, a unidade (que tem 133 internos e capacidade para 150) estava com as camas de alvenaria e vasos sanitários destruídos. Os adolescentes ficavam em meio aos escombros, de cuecas. Eles estavam sem água desde sexta-feira.
O promotor da Infância e Juventude, Wilson Tafner, pediu ontem exame de corpo de delito nos internos. Tafner quer ainda a liberação das visitas. Ele se baseia no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que prevê uma visita semanal. Segundo o Conselho Tutelar, a Febem se comprometeu a levá-los de volta aos quartos amanhã. A visita para o próximo final de semana será liberada.
Ontem as mães ficaram sem notícias dos filhos. "Estou desesperada. Não saio daqui enquanto não ver meu filho", disse a comerciante Sonia Regina da Silva, 44.
Outro lado
A presidente da Febem, Berenice Maria Gianella, negou ontem a ocorrência de abusos ou agressões aos internos da Vila Maria durante o fim de semana.
De acordo com ela, se algum adolescente se machucou, foi devido ao embate com os funcionários da fundação enquanto os jovens faziam um quebra-quebra na unidade. "Não tenho notícia de agressão ou espancamento", afirmou Gianella. "Eles também podem ter se machucado quando quebravam a unidade. Tijolo você não quebra sem se machucar."
Sobre a reclamação das mães de que não puderam visitar os internos, a presidente da fundação diz que o regimento interno prevê que as visitas sejam proibidas "quando há algum problema". Gianella relata que os adolescentes destruíram a unidade na sexta-feira, após funcionários evitarem uma tentativa de fuga por meio de um túnel.
Mesmo assim, haveria uma visita de 20 minutos anteontem, mas houve nova confusão no sábado à noite e a fundação recebeu a informação de que internos seriam resgatados. Por isso, a visita foi proibida.
"As mães foram avisadas [de que não haveria visitas], apesar de não termos obrigação de fazer isso. Tanto que tinham somente umas 20 na porta, quando o normal seriam 200", disse a presidente da fundação. "Avisamos porque sabemos que muitas são pobres e vêm de longe, mas o regimento não prevê isso."
Gianella nega ainda que objetos pessoais dos internos tenham sido jogados deliberadamente no lixo. "Há muita coisa que foi para o lixo, assim como foi a unidade inteira, porque eles destruíram tudo. Tivemos de dar uniforme, toalha e lençol novos a eles."
Especial
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Conselho vê interno ferido na Febem
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FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
O Conselho Tutelar de São Paulo constatou ontem que pelo menos cinco adolescentes da unidade Tietê do complexo Vila Maria da Febem (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor) estão feridos. A unidade, segundo o conselho, está "destruída".
Anteontem, a fundação proibiu mães de adolescentes do complexo Vila Maria de visitar seus filhos. Para as mães, o veto foi uma tentativa de esconder agressões contra os internos. A Febem nega --informou apenas que eles estão de castigo em conseqüência de uma tentativa de fuga.
Ainda segundo a fundação, as depredações ocorreram na última quarta-feira, após os adolescentes serem informados que a unidade seria reformada. Os internos agora estão na "tranca" --período em que ficam na cela, sem poder sair e participar de atividades.
De acordo com o Conselho Tutelar, que ficou entre 15h e 23h na unidade, os adolescentes feridos apresentavam marcas de balas de borracha e de pancadas. Além deles, um interno apresentava sintomas de desnutrição, um urinava sangue e outro estava com caroços na pele. "O calor lá dentro é infernal", afirmou a conselheira tutelar Silvia Carnevalli.
Segundo ela, a unidade (que tem 133 internos e capacidade para 150) estava com as camas de alvenaria e vasos sanitários destruídos. Os adolescentes ficavam em meio aos escombros, de cuecas. Eles estavam sem água desde sexta-feira.
O promotor da Infância e Juventude, Wilson Tafner, pediu ontem exame de corpo de delito nos internos. Tafner quer ainda a liberação das visitas. Ele se baseia no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que prevê uma visita semanal. Segundo o Conselho Tutelar, a Febem se comprometeu a levá-los de volta aos quartos amanhã. A visita para o próximo final de semana será liberada.
Ontem as mães ficaram sem notícias dos filhos. "Estou desesperada. Não saio daqui enquanto não ver meu filho", disse a comerciante Sonia Regina da Silva, 44.
Outro lado
A presidente da Febem, Berenice Maria Gianella, negou ontem a ocorrência de abusos ou agressões aos internos da Vila Maria durante o fim de semana.
De acordo com ela, se algum adolescente se machucou, foi devido ao embate com os funcionários da fundação enquanto os jovens faziam um quebra-quebra na unidade. "Não tenho notícia de agressão ou espancamento", afirmou Gianella. "Eles também podem ter se machucado quando quebravam a unidade. Tijolo você não quebra sem se machucar."
Sobre a reclamação das mães de que não puderam visitar os internos, a presidente da fundação diz que o regimento interno prevê que as visitas sejam proibidas "quando há algum problema". Gianella relata que os adolescentes destruíram a unidade na sexta-feira, após funcionários evitarem uma tentativa de fuga por meio de um túnel.
Mesmo assim, haveria uma visita de 20 minutos anteontem, mas houve nova confusão no sábado à noite e a fundação recebeu a informação de que internos seriam resgatados. Por isso, a visita foi proibida.
"As mães foram avisadas [de que não haveria visitas], apesar de não termos obrigação de fazer isso. Tanto que tinham somente umas 20 na porta, quando o normal seriam 200", disse a presidente da fundação. "Avisamos porque sabemos que muitas são pobres e vêm de longe, mas o regimento não prevê isso."
Gianella nega ainda que objetos pessoais dos internos tenham sido jogados deliberadamente no lixo. "Há muita coisa que foi para o lixo, assim como foi a unidade inteira, porque eles destruíram tudo. Tivemos de dar uniforme, toalha e lençol novos a eles."
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