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26/01/2006 - 09h06

Em crise financeira, hospital institui a "lista da morte"

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EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha

Alegando falta de recursos financeiros, o Hospital Napoleão Laureano, referência na Paraíba para o tratamento de câncer, teve de suspender novos atendimentos e instituir o que está sendo chamado de "lista da morte", com os nomes de 159 pacientes que esperam na fila por tratamento quimioterápico pós-cirúrgico.

Desde que a relação foi criada, em 26 de dezembro, duas pessoas já morreram à espera de tratamento. O principal critério para a escolha dos que vão aguardar, nos casos em que só a quimioterapia é necessária, é a ordem de chegada.

Segundo a direção do hospital, nas situações em que é necessária a radioterapia, o paciente não entra na fila. Crianças e casos agudos de leucemia, da mesma forma, têm atendimento prioritário. Para ser atendido, o paciente na fila tem de esperar que outro em recuperação receba alta.

Como 20 a 25 pessoas em média recebem alta mensalmente, ainda segundo a direção do hospital, o tempo de espera poderá chegar a seis meses para o último da lista. A maioria dos casos é de câncer de boca, útero, intestino, mama e próstata. "Ainda não são pacientes crônicos. Agora vão ficar crônicos se ficarem esperando na fila e não tiverem uma solução rápida", disse o diretor do hospital, João Batista Simões.

O termo "lista da morte" surgiu em reunião no Ministério Público entre representantes das secretarias municipal e estadual da Saúde e do Conselho Regional de Medicina e está sendo amplamente usado no Estado nas referências ao caso, inclusive pelo diretor do hospital. A Promotoria foi acionada para intermediar uma solução, e haverá reunião na segunda.

O hospital diz que teve de negar novos tratamentos por conta de um buraco no orçamento e do acúmulo de despesas atrasadas.

De acordo com Simões, o aumento das receitas do hospital no ano passado não acompanhou a subida da demanda por novos atendimentos pós-cirúrgicos.

O desequilíbrio nas contas começou em agosto, e o déficit está em torno de R$ 250 mil. Para não ter o repasse de insumos cortados, a direção do hospital vem renegociando dívidas com fornecedores e laboratórios.

Segundo Simões, o aumento da demanda pelo tratamento quimioterápico foi conseqüência de um plano instituído pela Secretaria da Saúde de João Pessoa para acabar com outra fila, de pacientes que esperavam por cirurgias.

Com isso, subiu de 1.100 para 1.300 a média mensal de pacientes que necessitam passar por quimioterapia no Napoleão Laureano, único hospital especializado em oncologia no Estado.

Para tentar cobrir a subida dos custos, houve uma complementação de R$ 100 mil aos R$ 400 mil mensais repassados ao hospital por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) para quimioterapia. Simões estima que seriam necessários mais R$ 120 mil.

Para o cirurgião oncológico José Luiz Bevilacqua, do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, a quimioterapia deve acontecer o quanto antes para não prejudicar o prognóstico do paciente. Segundo ele, em alguns casos mais graves, recomenda-se o início da quimioterapia antes mesmo da retirada do tumor para melhorar a resposta ao tratamento.

Colaboraram MARTHA ALVES, da Agência Folha e CLÁUDIA COLLUCCI, da Folha de S.Paulo

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