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05/02/2006 - 09h10

Fora da cadeia, Suzane é atração no interior

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ALENCAR IZIDORO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a São Pedro

Nas ruas, nos bares, nas casas, não há tema tão constante nas conversas dos 33 mil moradores de São Pedro, a 198 km de SP, quanto a presença no município de Suzane von Richthofen, 22, que aguarda, em liberdade, seu julgamento pela morte dos pais.

Nos últimos três meses, os relatos de habitantes que dizem já ter visto, reconhecido e até conversado com a jovem são diversos --embora a defesa dela não confirme e a acusação duvide e cite a hipótese inclusive de poder haver algum tipo de fantasia coletiva.

As atividades relatadas à Folha por mais de uma dezena de moradores que afirmam ter tido algum contato com ela do final do ano passado ao começo deste incluem caminhadas pela rua, compras num supermercado, numa loja de móveis e numa de produtos de R$ 1,99. Às vezes, estaria de óculos escuros. Alguns falam até em festas.

Balconistas e vendedores se orgulham em dizer que já atenderam Suzane --mesmo que não gostem dela. Vizinhos exaltam ter observado a jovem de passagem. Mesmo seu "sumiço" nas últimas semanas, depois que uma equipe de televisão esteve no local, não apagou essa sensação de furor.

"Ela esteve na loja de móveis onde eu trabalho e até entregou os cupons de uma promoção que sorteava um carro. Mas eu não quero ela por perto não", afirma Silvia Rodrigues, 29, citando um dia da semana antes do Natal.

"Até que ela foi simpática, tem cara de boazinha", conta Luciane Cabral Dutra, 17, caixa da loja "Quase Tudo R$ 1,99" e que diz ter atendido Suzane duas vezes de um mês para cá. Ela afirma que, acompanhada de uma mulher bem mais velha, a jovem comprou doces e pagou em dinheiro.

O dono do estabelecimento diz que a presença dela atraiu curiosos depois que um cliente saiu de lá contando a notícia na praça central. Segundo ele, dezenas foram aos corredores da loja, que ficou lotada, mas não a abordaram.

O bairro onde ela teria ficado, Novo Horizonte, com mais de cem casas de alto padrão, virou atração. É comum deparar com habitantes da cidade e até de fora --como da vizinha Águas de São Pedro-- circulando de carro nas imediações só para ver se conseguem espiar a suposta Suzane.

O casal Sílvia e Júnior conta que já se acostumou a ser abordado por turistas querendo saber onde a jovem está. A moradora Ana, 34, diz que seu marido, com medo, pediu que ela não deixasse mais a filha de 12 anos brincar na rua.

Histórias das mais fantasiosas se multiplicaram. Não há quem não tenha ouvido falar em discussões dela com moradores numa praça, sobre a matrícula de Suzane numa academia ou para nadar na piscina municipal --algo negado com veemência por aqueles que poderiam ter testemunhado.

No discurso dos moradores, até namorado ela já teve lá --em referência a E., jovem conhecido em São Pedro por seu corpo tatuado, por só andar de carro equipado e por freqüentar muitas "baladas".

Entrevistado pela Folha, E., aparência de 20 anos, diz não querer ser identificado e mostra irritação diante da boataria sobre esse relacionamento. Mas afirma ter conhecido, conversado e saído com Suzane e alguns amigos "umas quatro ou cinco vezes", do final de 2005 ao começo de 2006.

Ele dá inclusive detalhes dos supostos encontros. O primeiro deles, numa tarde de domingo, na praça central, na data do último jogo do Campeonato Brasileiro.

O jovem E. é amigo de uma mulher de 28 anos condenada por tráfico de drogas e que ficou presa no Centro de Ressocialização de Rio Claro junto com Suzane --e que também vive em São Pedro.

ET de Varginha

A suposta passagem de Suzane mudou a rotina do município e foi noticiada no jornal local. A "Folha de São Pedro" contestou a Promotoria ao dizer que a jovem não tem paradeiro desconhecido.

"Nós moradores de São Pedro sabemos onde ela pode ser encontrada: pelas ruas e eventos da cidade, mais precisamente no bairro Novo Horizonte, zona norte. Para nós, ela é figura conhecida, que não faz intenção de se esconder", escreveu a publicação.

O promotor Roberto Tardelli diz não acreditar que Suzane tenha ficado em São Pedro. "Ela pode até ter passado algum dia. Mas me parece mais uma história como a do ET de Varginha", afirma.

O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, representante oficial dela, não respondeu aos pedidos de entrevista. Mas Luzia Helena Sanches, advogada que se tornou amiga da jovem, nega ter conhecimento da presença ou da passagem dela pelo município.

A jovem foi presa em 2002, após confessar ter participado do plano para assassinar seus pais, junto com Cristian e Daniel Cravinhos --este, seu namorado na época. Suzane obteve em junho autorização para sair da prisão e aguardar seu julgamento em liberdade.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Suzane von Richtofen
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