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12/02/2006
-
08h41
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
Jovens universitárias têm sido recrutadas por clínicas de reprodução para doar óvulos a mulheres acima de 40 anos com dificuldade de gravidez. Em troca, essas instituições afirmam que oferecem check-ups ginecológicos e métodos contraceptivos.
Porém, três mulheres relataram à Folha que receberam de R$ 800 a R$ 1.500, em dinheiro, pela "doação" dos óvulos. Elas pediram sigilo em relação aos nomes das clínicas --uma de São Paulo e outra de Minas Gerais-- em razão de um compromisso firmado com as instituições. Procuradas pela reportagem, as clínicas negam a compra de gametas.
Apesar de inexistir lei que regulamente procedimentos de reprodução assistida no país, o CFM (Conselho Federal de Medicina) veta o comércio de óvulos e espermatozóides. A infração pode levar à perda do registro profissional.
Os EUA são o único país que considera legal o comércio de células reprodutivas. Páginas na internet oferecem, por até US$ 15 mil (R$ 32.400), óvulos de mulheres com as mais diversas características físicas e intelectuais.
Na doação de óvulos, a mulher recebe injeções de hormônio na barriga para estimular o ovário. A retirada é feita com uma agulha pela vagina, sob sedação. Há risco de hemorragia e reação alérgica.
Além de passarem por exames, as doadoras preenchem formulários com as características físicas (cor da pele, dos olhos, peso e altura), tipo sangüíneo e doenças que já teve. Algumas clínicas fazem o perfil psicológico e pedem fotos das mulheres quando bebês.
Na clínica do urologista Roger Abdelmassih, 30 universitárias, com idades entre 23 e 26 anos, estão inscritas como doadoras. Segundo o médico, as jovens doam em média dez óvulos a cada estimulação e, às vezes, repetem o procedimento. "São poucas as que aceitam uma segunda vez."
Segundo ele, as universitárias são abordadas por assistentes sociais que vão às faculdades e as convidam a avaliar a fertilidade. Na clínica, são informadas de que a análise dos óvulos complementa o check-up da saúde reprodutiva. "As que topam fazer a estimulação ovariana são convidadas a doar seus óvulos."
Além de saciar a curiosidade de saber se são férteis, Abdelmassih alega que as jovens doam por altruísmo. "Tem gente ainda assim, boas e solidárias, graças a Deus."
Na clínica Huntington, a mulher que precisa do óvulo paga o tratamento da doadora, em geral uma jovem que precisa da fertilização in vitro pois o marido é infértil. "Não existe doação altruísta", diz o médico Eduardo Motta, professor na Universidade Federal de São Paulo.
A doação compartilhada já teve parecer favorável no CRM (Conselho Regional de Medicina) do Distrito Federal, mas não é prevista na resolução do CFM que regula o tema no âmbito federal.
Roger Abdelmassih afirma que a idéia de procurar jovens doadoras ocorreu em razão do desconforto que sentia pedindo óvulos excedentes às clientes.
O ginecologista Selmo Geber, da clínica Origem, de Belo Horizonte (MG), diz que já aceitou "duas ou três" doações de mulheres já mães em troca de DIU e laqueadura. "Elas é que vieram até a clínica à procura de métodos contraceptivos, mas, como não podiam pagá-los, propuseram doar os óvulos."
Ele diz que, na sua clínica, a forma mais comum de obter óvulo é por "pareamento": a mulher que precisa do óvulo indica uma parente jovem disposta a fazer a doação a uma pessoa não conhecida. Outra paciente, preferencialmente de outra cidade, na mesma condição, faz o mesmo.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre doação de óvulos
Clínicas médicas trocam óvulo por check-up
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da Folha de S.Paulo
Jovens universitárias têm sido recrutadas por clínicas de reprodução para doar óvulos a mulheres acima de 40 anos com dificuldade de gravidez. Em troca, essas instituições afirmam que oferecem check-ups ginecológicos e métodos contraceptivos.
Porém, três mulheres relataram à Folha que receberam de R$ 800 a R$ 1.500, em dinheiro, pela "doação" dos óvulos. Elas pediram sigilo em relação aos nomes das clínicas --uma de São Paulo e outra de Minas Gerais-- em razão de um compromisso firmado com as instituições. Procuradas pela reportagem, as clínicas negam a compra de gametas.
Apesar de inexistir lei que regulamente procedimentos de reprodução assistida no país, o CFM (Conselho Federal de Medicina) veta o comércio de óvulos e espermatozóides. A infração pode levar à perda do registro profissional.
Os EUA são o único país que considera legal o comércio de células reprodutivas. Páginas na internet oferecem, por até US$ 15 mil (R$ 32.400), óvulos de mulheres com as mais diversas características físicas e intelectuais.
Na doação de óvulos, a mulher recebe injeções de hormônio na barriga para estimular o ovário. A retirada é feita com uma agulha pela vagina, sob sedação. Há risco de hemorragia e reação alérgica.
Além de passarem por exames, as doadoras preenchem formulários com as características físicas (cor da pele, dos olhos, peso e altura), tipo sangüíneo e doenças que já teve. Algumas clínicas fazem o perfil psicológico e pedem fotos das mulheres quando bebês.
Na clínica do urologista Roger Abdelmassih, 30 universitárias, com idades entre 23 e 26 anos, estão inscritas como doadoras. Segundo o médico, as jovens doam em média dez óvulos a cada estimulação e, às vezes, repetem o procedimento. "São poucas as que aceitam uma segunda vez."
Segundo ele, as universitárias são abordadas por assistentes sociais que vão às faculdades e as convidam a avaliar a fertilidade. Na clínica, são informadas de que a análise dos óvulos complementa o check-up da saúde reprodutiva. "As que topam fazer a estimulação ovariana são convidadas a doar seus óvulos."
Além de saciar a curiosidade de saber se são férteis, Abdelmassih alega que as jovens doam por altruísmo. "Tem gente ainda assim, boas e solidárias, graças a Deus."
Na clínica Huntington, a mulher que precisa do óvulo paga o tratamento da doadora, em geral uma jovem que precisa da fertilização in vitro pois o marido é infértil. "Não existe doação altruísta", diz o médico Eduardo Motta, professor na Universidade Federal de São Paulo.
A doação compartilhada já teve parecer favorável no CRM (Conselho Regional de Medicina) do Distrito Federal, mas não é prevista na resolução do CFM que regula o tema no âmbito federal.
Roger Abdelmassih afirma que a idéia de procurar jovens doadoras ocorreu em razão do desconforto que sentia pedindo óvulos excedentes às clientes.
O ginecologista Selmo Geber, da clínica Origem, de Belo Horizonte (MG), diz que já aceitou "duas ou três" doações de mulheres já mães em troca de DIU e laqueadura. "Elas é que vieram até a clínica à procura de métodos contraceptivos, mas, como não podiam pagá-los, propuseram doar os óvulos."
Ele diz que, na sua clínica, a forma mais comum de obter óvulo é por "pareamento": a mulher que precisa do óvulo indica uma parente jovem disposta a fazer a doação a uma pessoa não conhecida. Outra paciente, preferencialmente de outra cidade, na mesma condição, faz o mesmo.
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