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06/03/2006 - 22h27

CNBB lança campanha por deficientes em igreja sem adaptação

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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha

Responsável pela Campanha da Fraternidade, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) não precisou de muito tempo para perceber as dificuldades que os portadores de necessidades especiais têm para entrar em uma igreja.

Na manhã do último domingo (5), no dia do lançamento oficial da campanha na Bahia, dezenas de pessoas que usam cadeiras de rodas tiveram de ser carregadas para entrar na mais famosa igreja do Estado, a do Senhor do Bonfim.

Ao ser cobrado pelos portadores de necessidades especiais, o presidente da CNBB, d. Geraldo Majella Agnelo, disse que a igreja "foi construída há mais de 300 anos, quando não existia essa preocupação".

"Assim como ela (igreja do Bonfim), outras podem se tornar mais acessíveis". A presidente da Abadef (Associação Baiana de Deficientes Físicos), Luiza Câmera, disse que a proposta da CNBB precisa ser mais abrangente.

"O que queremos é a inclusão através da educação e do trabalho, ou seja, a bandeira do fortalecimento. Não aceitamos e não queremos ser tratados como coitadinhos pela sociedade. Há muito tempo abolimos essa idéia."

Segundo a presidente da Abadef, a CNBB deveria convocar as entidades que representam os portadores de necessidades especiais para discutir o tema da Campanha da Fraternidade. "Isso não foi feito e, agora, querem nos impor alguma coisa só para falar que a igreja está preocupada."

Patrimônio

Em Minas Gerais, a maior parte das igrejas da histórica Ouro Preto (95 km ao sul de Belo Horizonte) não tem problemas de acesso para deficientes físicos, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Para o técnico em preservação Geraldo Cotta, as dificuldades de acesso estão restritas a duas igrejas --Carmo e Santa Efigênia--, que representam 8% do total de 24 templos históricos da cidade. "A maioria das igrejas possui entrada ao nível do solo", disse Cotta. Segundo ele, as igrejas da vizinha Mariana também têm essa característica.

Jurema Rugani, da Prefeitura de Ouro Preto, disse que a topografia da cidade, de ruas estreitas e íngremes, impõe obstáculos ao trânsito de todos. Ela afirmou que a prefeitura não tem um projeto para facilitar o acesso de deficientes físicos às igrejas, mas já prevê a necessidade de se instalar equipamentos móveis para esse fim.

A promotora Simone Montez, coordenadora do setor de defesa dos portadores de deficiência do Ministério Público mineiro, disse que as igrejas, por serem prédios privados de uso coletivo, estão sujeitas ao cumprimento da legislação sobre acessibilidade.

"Não temos ainda uma fiscalização específica sobre as igrejas, mas sabemos que as condições [de acesso] não são ideais."

O psicólogo Daniel Augusto dos Reis, 39, que é tetraplégico, diz que "há muito o que se fazer" para melhorar o acesso às igrejas, inclusive em Ouro Preto. Para ele, intervenções nesse sentido em imóveis tombados podem ser feitas sem que haja descaracterização do patrimônio.

Especial
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