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11/03/2006 - 09h49

SP acha 200 celulares por mês em prisões

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ANDRÉ CARAMANTE
GILMAR PENTEADO
LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo

Pelo menos 2.400 telefones celulares são apreendidos por ano com detentos nas 104 unidades prisionais de regime fechado de São Paulo, segundo a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária. Por mês, a média é de 200 aparelhos irregulares.

Mas, como não existe uma estatística específica sobre as apreensões, os números podem ser bem mais altos. Ontem à tarde, a secretaria chegou a divulgar que, em média, de seis a oito aparelhos são pegos por mês com detentos nas 104 prisões com regime fechado --no total, São Paulo tem 144 unidades, com 123.017 presos.

Pela média de sete aparelhos por mês por unidade de regime fechado, chega-se a 8.736 celulares por ano. Ao ser consultada sobre esse cálculo, a assessoria de imprensa do órgão disse que havia cometido um equívoco. Em seguida, anunciou a média de 200 apreensões por mês.

Na edição de ontem, a Folha revelou uma foto do chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, 38, com um telefone celular na mão. A imagem foi registrada por outro telefone celular com câmera digital que pertencia a um preso.

O aparelho com a imagem arquivada na memória foi apreendido durante uma revista na Penitenciária 1 de Presidente Bernardes (589 km de São Paulo), no dia 10 de janeiro deste ano.

O celular também continha fotos de outros presos, filhos e namoradas. Em uma das outras fotos, aparecem três presos, dois portando celular. Essas imagens comprovam que as medidas anunciadas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) para impedir a entrada de celulares nos presídios falharam.

Banalização

Para Ruy Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), principal delegado que investiga as ações do PCC, o uso de celulares nas cadeias está banalizado.

"[O número de celulares] é suficiente para atender a demanda deles, não tenho a menor dúvida. Todos os presos, se quiserem falar ao celular com alguém, conseguem", afirmou o delegado.

Fontes afirmou que é impossível saber o número de celulares nas prisões. "Não existe controle. Todo criminoso está falando da cadeia com celular. É o dia inteiro. Sem parar. O telefone começa a funcionar de manhã e não pára", disse o delegado.

Ele afirmou que, desde 2001, quando ocorreu a megarrebelião comandada pelo PCC que atingiu 29 presídios em São Paulo, o uso de celular pelos presos saiu do controle e não há como monitorar essas comunicações.

"Você vai demandar centenas de policiais para acompanhar isso no dia-a-dia. Não há viabilidade para isso", disse Fontes. Para ele, o acesso a celulares pelos presos existe em quase todas as unidades. "São todos os presídios, com raríssimas exceções. Com quantidade suficiente para atender a demanda", disse.

Segundo a secretaria e a polícia, os celulares entram nas cadeias com as visitas e com os funcionários das prisões. Mas não há um levantamento sobre essa questão.

Fontes afirmou que a banalização dos celulares é a mesma em presídios de São Paulo e do Rio. Nos últimos anos, Fontes investigou casos de extorsão feitas por telefone. Os autores, segundo as investigações, eram presos do Rio que ligavam para as vítimas pedindo dinheiro ou créditos para telefone pré-pago.

O governo planejou impedir a comunicação de presos por celulares implantando bloqueadores de transmissão nas cadeias, mas o projeto foi abandonado porque a tecnologia se mostrou ineficiente.

Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, cerca de R$ 1 milhão foi gasto na implantação de bloqueadores de celular em sete presídios. Depois de desistir desse projeto, a secretaria resolveu investir em aparelhos de raio-x. Foram gastos R$ 7,3 milhões na implantação desse sistema em 73 unidades prisionais.

Nos últimos dois dias, o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, recusou os pedidos de entrevista feitos pela reportagem.

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