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12/10/2000 - 18h14

Sindicância será aberta para apurar causas de rebelião no PR

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JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
da Folha Online

O chefe de gabinete da Secretaria de Justiça do Paraná, Lourival Vieira Junior, disse que será aberta uma sindicância, provavelmente na próxima segunda-feira para investigar as causas da rebelião na PCE (Penitenciária Central do Estado), em Piraquara, perto de Curitiba, onde 16 presos fizeram uma rebelião que durou mais de 86 horas.

Além de apurar as causas da rebelião, será apurado também como as armas utilizadas pelos rebelados chegaram dentro do presídio.

A rebelião, que começou por volta das 23h de domingo, terminou à tarde, com o governo do Paraná atendendo à exigência dos 16 presos que lideraram o motim.

Depois de desistir do plano inicial de fuga, os detentos negociaram a transferência para outros Estados. Os sete agentes penitenciários mantidos como reféns foram libertados.

A rebelião durou quase 88 horas e foi a terceira mais longa na história penitenciária paranaense.

O fim da rebelião, que começou às 23h do último domingo e só terminou por volta das 14h30 de hoje, foi considerado uma vitória pelo secretário interino da Justiça do Paraná, Carlos Maranhão.

Segundo ele, a estratégia de "negociar sempre'' evitou mortes. Três presos foram atendidos com ferimentos depois do fim do motim. Eles teriam sido feridos por grupos rivais a golpes de facas improvisadas com talheres.

Um acordo, celebrado na tarde de ontem em um termo de compromisso, colocou fim ao impasse nas negociações. Dos 16 líderes rebelados, cinco tinham concordado em ser transferidos. Os outros 11 exigiam condições para a fuga, com carro-forte, armas e coletes à prova de balas.

Assinaram o termo de compromisso representantes da Pastoral Carcerária, da Procuradoria de Justiça e os secretários José Tavares, da Segurança Pública, e Carlos Maranhão, interino da Justiça. Representando os presos, assinou o advogado Oscar Severiano.

Às 14h de hoje, os 16 presos foram levados ao Centro de Observação e Triagem, no presídio provisório do Ahu (Curitiba), e de lá para o aeroporto do Bacacheri, de onde embarcaram para Porto Velho (RO), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT).

Três detentos foram transferidos para Porto Velho, cinco para Campo Grande e oito para Cuiabá. O sequestrador Manoel Francisco de Oliveira e outros sete integrantes de sua quadrilha foram transferidos para Cuiabá.

Condenado a 326 anos de prisão, Oliveira é um dos líderes da quadrilha dos "irmãos Oliveira'', responsável por sequestros e assaltos com reféns nos Estados do Paraná, Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A rebelião havia começado após a descoberta de um plano de fuga articulado por Oliveira. Ele é irmão dos sequestradores de Wellington Camargo, irmão dos integrantes da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano.

Manoel e Ozélio de Oliveira, também transferido para Cuiabá, fazem parte da segunda geração da quadrilha, que iniciou suas atividades na década de 80 no norte do Paraná.

Tensão

Hoje pela manhã, em um acordo para receber comida e que a água e a energia elétrica fossem religadas na penitenciária, os rebelados soltaram o refém Antônio Airsenter da Silva, 44. O corte no fornecimento de água e energia elétrica havia acontecido no domingo à noite, após o início da rebelião.

A demora dos negociadores do governo do Paraná em atender os pedidos gerou revolta entre os rebelados. Durante mais de um hora, entre às 11h30 e 12h30, eles ameaçavam matar reféns e jogar um preso do telhado da PCE. Os amotinados só se acalmaram quando o fornecimento de energia elétrica foi restabelecido.

Quando deixaram a penitenciária, os rebelados entregaram suas armas para os agentes penitenciários mantidos como reféns. Às 14h30, os seis agentes foram retirados do presídio, sendo atendidos por equipes médicas.

Os seis reféns libertados foram Paulino Lobato Custódio, Osnei Carlos Vivi, Élcio dos Santos de Souza, Mauro da Silva, Ivaldir Pereira de Jesus e José Mário Donato. Nenhum deles apresentou ferimentos.

Os agentes deverão se manter longe a Penitenciária Central nos próximos 15 dias. O secretário interino da Justiça, Carlos Maranhão, disse que a Polícia Militar irá permanecer no presídio nesse período.

"A presença dos policiais militares se justifica pelo estresse dos agentes penitenciários'', afirmou Maranhão.

Depois da saída dos reféns, o batalhão de choque da PM iniciou uma operação varredura na penitenciária. A PCE é o maior presídio do Paraná e abriga 1.430 presos. Em todo o Estado, dez presídios abrigam um total
de 4.500 internos.

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