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10/05/2006 - 10h52

Pré-natal comum não flagra HPV, diz estudo

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FERNANDA BASSETTE
da Folha de S.Paulo

Uma pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo mostrou que só o papanicolaou e a colposcopia --que são parte do procedimento rotineiro na realização de pré-natal-- não são suficientes para detectar a presença do vírus do HPV, um dos principais responsáveis pelo câncer de colo de útero. Com isso, o HC passou a realizar um terceiro exame, chamado de captura híbrida, capaz de identificar o agente infeccioso.

O estudo, realizado pela ginecologista Fernanda Erci dos Santos e orientado pelo diretor-executivo do Instituto Central do HC e também ginecologista, Waldemir Rezende, acompanhou a gestação de um total de 60 jovens entre 12 e 18 anos. O HPV é o causador de uma das doenças transmitidas pelo sexo mais freqüentes no país. Nas mulheres, provoca verrugas na região genital ou lesões na vagina.

Em 90% das pacientes os exames de rotina não constataram a presença do vírus. Porém, com a realização da captura híbrida, que é feita por meio de biologia molecular, o vírus foi diagnosticado em 51% delas.

"Isso acontece porque o papanicolaou e a colposcopia só detectam a presença do vírus quando já existe alguma lesão celular no colo do útero da mulher. Já a captura híbrida é capaz de identificar a presença do vírus no organismo, mesmo que ele esteja inativado", explicou Fernanda.

Segundo a médica, esse exame pode ser mais um componente importante na prevenção do câncer do colo do útero. "Não é novidade que a principal causa do câncer do colo do útero é o HPV. Por isso é necessário investir em prevenção", diz.

O exame de captura híbrida custa cerca de R$ 75 por paciente. O HC ganhou 3.000 kits para começar o programa e avaliar a eficácia. Segundo Rezende, esse valor poderá ser reduzido para cerca de R$ 45 quando for lançada a licitação para a aquisição dos kits. "Pode parecer caro, mas é um investimento em prevenção que reduzirá futuramente os custos do hospital com tratamentos e cirurgias por causa desse vírus."

O ambulatório de obstetrícia do HC atende cerca de 70 pacientes novos por dia. Por isso, os kits gratuitos devem durar apenas dois meses. "Nesse período teremos dados suficientes para mostrar que a captura híbrida é muito superior aos outros exames para detectar o HPV."

A médica obstetra Eliana Amaral, responsável pelo ambulatório de obstetrícia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é contra a realização desse exame como rotina ambulatorial. Segundo ela, não há necessidade de investir esse dinheiro, já que a vacina contra o HPV deve estar disponível em breve.

"Eu não investiria recursos nesse exame, porque ele é caro e não há clareza ainda se é necessário mudar a conduta da gestação por causa da presença do vírus. Geralmente essas mães tratam a doença depois do nascimento do bebê. E logo logo teremos a vacina."

Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) apontam que o HPV está em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero, a quarta causa de morte por câncer em mulheres. O instituto estima que neste ano 19.260 novos casos sejam diagnosticados.

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