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22/05/2006 - 09h40

Maioria dos jovens mora em área de risco em São Paulo

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MARCELO BILLI
da Folha de S.Paulo

Mais da metade dos jovens de São Paulo vive em áreas e condições que os deixa vulneráveis ou em condições de risco. Risco de não conseguir estudar para superar a pobreza ou risco de optarem por "atalhos socioeconômicos". Esses atalhos, na maioria das vezes, traduzem-se por atividades ilegais, em maior ou menor nível.

A fotografia mais recente da população brasileira foi feita em 2000, quando o IBGE realizou o último censo disponível. Com base nesses dados, a Fundação Seade descobriu que nada menos do que 65% da população entre 15 e 19 anos vivia na periferia da cidade.

Mais: os indicadores dos distritos onde moram esses jovens sugerem que eles estão imersos em um universo onde reinam o desemprego, baixos níveis de renda e escolaridade e acesso precário a serviços públicos.
Com base nos indicadores socioeconômicos, o Seade organizou um índice de vulnerabilidade da juventude e ranqueou os distritos da capital.

Atualização

Os números mudaram desde então. A população cresceu, o emprego e a renda subiram e pesquisas sugerem que o setor público chegou a mais áreas.

Mas quem trabalha com os jovens da periferia diz que as mudanças são marginais, e que o Censo 2000 ainda é um retrato fiel das condições de vida da população das áreas pobres.

"Pode ser que em determinado bairro a realidade tenha mudado, por conta de programas específicos. Mas a tendência de distribuição de bens, de grau de acesso a serviços, de padrão de vida continuou a mesma", diz Beat Wehrle, do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Interlagos.

Os mapas de vulnerabilidade social mostram, para a juventude paulistana, o mesmo abismo sugerido pelos indicadores de distribuição de renda em São Paulo. Em Cidade Tiradentes, (zona leste), a taxa de homicídio entre os homens de 15 a 19 anos é de 292 por 100 mil habitantes. No Jardim Paulista, a relação cai para 13 por 100 mil.

"A ilegalidade é muito sedutora para população jovem dessas áreas. [Eles são] carentes não só de serviços públicos mas sofrem [também] com o que podemos chamar de falência geracional. Os pais não conseguem alcançar um objetivo e os filhos tentam um caminho diferente", diz o pesquisador Pablo Tiarajú D'Andrea, do Centro de Estudos da Metrópole.

Nem sempre o Estado está ausente na periferia paulistana. Cidade Tiradentes, por exemplo, foi construída pelo Estado. D'Andrea lembra que o primeiro prédio do conjunto habitacional que deu origem ao distrito, onde vivem hoje mais de 200 mil pessoas, foi inaugurado em 1975. Mas, diz ele, a relação entre o poder público em áreas como Cidade Tiradentes e o Jardim Paulista --região onde os jovens estão menos vulneráveis dentre todas as demais da cidade, segundo o Seade-- é muito diferente.

"Sempre haverá um cuidado contínuo com áreas como a avenida Paulista. Em Cidade Tiradentes, o cuidado depende dos ventos políticos na administração pública", diz.

Estudos

Estado e município não têm recursos para levantar dados sobre os jovens da periferia. O Censo é feito, quando muito, uma vez por década. Hoje, os pesquisadores só podem supor as condições de vida da juventude paulistana baseados no que ocorria em 2000.

Há, porém, algumas pesquisas de opinião sobre o que pensam os jovens brasileiros. As últimas foram feitas no final de 2003. O Instituto Cidadania entrevistou mais de 2.000 jovens da cidade. O retrato era o mesmo do censo, ainda que mostrasse a situação sobre outros ângulos.

A pesquisa apontou que, nas áreas mais ricas, 36% dos jovens entre 15 e 19 anos estavam em escolas privadas. Nas mais pobres, 91% recorriam à escola pública. Ou seja, onde o Estado é mais ausente estão os jovens que mais precisam dele.

Especial
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