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30/05/2006 - 09h06

SP reduziu força policial nos "anos PCC"

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LUÍSA BRITO
da Folha de S.Paulo

Enquanto a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ampliou o seu poder por todo o Estado de São Paulo nos últimos 11 anos, o número de policiais, civis e militares, foi reduzido. Em 1995, eram 352 policiais para cada 100 mil habitantes. Agora, a proporção caiu para 309/100 mil.

Em números absolutos, as forças de segurança do Estado passaram de 121.312 policiais civis e militares em 1995 (dois anos após a criação do PCC), na gestão do tucano Mário Covas (morto em 2001), para 127.073 no governo Geraldo Alckmin/ Cláudio Lembo. Em relação ao aumento populacional, houve redução de 12%. No período, a população estimada, segundo o IBGE, subiu de 34.443.979 para 41.053.671 habitantes.

O efeito dessa queda é sentido nas ruas e, principalmente, nos setores de inteligência e de investigação da polícia paulista.

Segundo um delegado que não quis se identificar, devido à grande carga de trabalho, os investigadores não conseguem fazer todas as investigações necessárias, o que atrapalha a elucidação de todo o tipo de crime.

Em relação ao efetivo da Polícia Militar, as queixas são parecidas. "Com a falta de pessoal, alguns policiais trabalham sozinhos num carro e outros têm a folga prejudicada e trabalham", afirma o cabo Wilson Morais, presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM.

A assessoria de imprensa da SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que o número de policiais no Estado é suficiente e que a criminalidade caiu.

Entre 1996 e 2005, apesar de alguns tipos de crime terem caído, como o homicídio doloso (30%) e o latrocínio (30,5%), algumas ocorrências cresceram. A quantidade de seqüestros, por exemplo, passou de 12 para 133 ao ano e a de roubo cresceu 81,7% --subiu de 123,4 mil para 224,3 mil.

Mais inteligência

Para especialistas em segurança pública, o número de policiais em São Paulo é suficiente, mas falta organização do efetivo e investimentos em serviços de inteligência policial.

"O investimento [em funcionários] é adequado. O problema é o resultado. Tem que definir os objetivos da polícia, monitorar e avaliar a qualidade do trabalho", diz Paulo de Mesquita Neto, pesquisador da USP.

Para o coronel José Vicente da Silva Filho, especialista em segurança, é necessário racionalidade na distribuição dos recursos e melhor gerenciamento do efetivo.

Para o vice-presidente do Ibccrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), Sérgio Mazina, a redução no número de policiais per capita é preocupante, mas investir na melhoria do serviço é mais urgente.

Não há um mínimo recomendado de policiais por habitantes, segundo os especialistas, pois isso varia muito de acordo com cada região.

O número per capita de policiais em São Paulo é semelhante ao do Rio de Janeiro. Já em Buenos Aires, por exemplo, são 1.172 policiais por 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério do Interior argentino. Em Bogotá, o índice é bem inferior: 172/100 mil habitantes.

Colaborou SIMONE HARNIK, da Folha de S.Paulo

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