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30/05/2006 - 10h23

Maioria das pessoas são tortas, diz estudo

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

A maior parte das pessoas são tortas. A constatação é de um estudo da Faculdade de Medicina da USP que avaliou a postura de pessoas saudáveis e concluiu que 76% são assimétricas, ou seja, apresentam diferença entre o alinhamento do lado direito e do lado esquerdo.

A partir do estudo, desenhado de forma a representar a população brasileira, os pesquisadores estão propondo um novo padrão de referência de postura corporal --que ainda precisa ser validado. O atual modelo, adotado internacionalmente desde a década de 80, considera a simetria total como padrão de normalidade.

A avaliação da postura é um método utilizado na fisioterapia para estudar o alinhamento das partes do corpo. A partir dela, é montado o tratamento que tem por objetivo levar o paciente ao nível mais próximo possível do padrão de referência considerado como ideal.

"Em 16 anos de consultório, nunca vi ninguém simétrico. Não podemos aceitar como normal um padrão alcançado por tão poucas pessoas", diz a fisioterapeuta Elizabeth Alves Ferreira, autora do estudo que embasou sua tese de doutorado defendida na USP.

Foram analisadas 115 pessoas, entre 19 e 43 anos, sem queixas de dor. Delas, 66% apresentaram uma inclinação para o lado direito do corpo; 55%, um desvio à direita da bacia; 63,5%, uma inclinação à direita da cabeça e 67,8%, desvio do ombro à direita.

O estudo não avaliou as razões da assimetria. Elizabeth diz que, com base na experiência clínica, elas vão desde problemas de postura até características relacionadas à constituição interna de cada um. "As pessoas costumam sofrer quando escutam que são um pouco tortas. Mas essa é a situação da grande maioria da população", afirma.

Segundo Elizabeth, outros estudos já demonstraram que mesmo as pessoas que não relatam dor no sistema músculo-esquelético apresentam alterações na postura. "A postura ideal talvez não seja a postura considerada normal pelos postulados de fisioterapia, usados como referência nas faculdades. Isso precisa ser revisto."

Com a adoção de um novo padrão na definição, ela afirma que as pequenas assimetrias precisarão ser interpretadas, e o tratamento irá depender se há dor e da sua intensidade.

A professora universitária Sandra Nunes participou do estudo de Elizabeth e teve diagnosticado um pequeno desvio no ombro, que já se refletia em dores no braço.

Ela conta que desde 1993, quando sofreu um acidente de carro, precisa passar eventualmente no consultório da fisioterapeuta para dar "uma alinhada e uma balanceada no corpo". "Depois do acidente, perdi a noção de eixo."

O estudo mostrou que a maior parte da população tem uma inclinação de ombro e de pelve para a direita.

Software

Em conjunto com estudo que avaliou a postura das pessoas, Elizabeth participou também da elaboração de um software gratuito, de uso acadêmico e clínico, que auxilia na análise da postura, inclinação e equilíbrio dos pacientes.

Chamado Sapo (Software para Avaliação Postural), o programa contém fotos e desenhos para facilitar a localização dos ossos que são usados como pontos de referência para análise da postura. Para marcá-los, o software sugere que sejam usadas bolinhas de isopor. "São um recurso simples, de baixo custo", diz a fisioterapeuta.

Outro objetivo do projeto, segundo Elizabeth, é gerar um banco de dados nacional sobre a postura da população brasileira, por meio do próprio software. O projeto também pretende criar uma padronização dos ângulos e medidas usados para as análises posturais, que hoje podem variar de acordo com o profissional.

Pesquisa

As pessoas analisadas na pesquisa da USP receberam marcadores (bolinhas de isopor) em pontos anatômicos específicos do corpo. Depois, foram fotografadas de costas, de frente, na lateral direita e na lateral esquerda.

A análise das fotos foi realizada com a ajuda do software, e os dados, submetidos à análise estatística. Foi observado, por exemplo, que 88% das pessoas analisadas tinham uma inclinação da cabeça, com predomínio à direita (67%).

Saiba mais sobre o assunto no site do projeto Sapo.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Faculdade de Medicina da USP
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