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31/05/2006 - 10h37

Chacinas disparam durante crise do PCC

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GILMAR PENTEADO
ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

O número de pessoas mortas em chacinas na capital e na Grande São Paulo quase triplicou no auge da crise provocada pelos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em relação ao restante do ano.

Foram pelo menos 30 vítimas só entre os dias 12 e 19 deste mês, no total de oito chacinas. Dessas, 21 mortes já apresentam indícios de ação de grupos de extermínio, com suposta participação de policiais.

Essas mortes não entram na contagem oficial do governo, que encaminhou ao Ministério Público dados de 123 civis mortos em supostos confrontos com a polícia. Desses, 79 tinham ligação com os atentados, segundo o governo.

De janeiro até o último dia 11, os números referentes às chacinas eram bem menores. Em um período de pouco mais de quatro meses, 12 pessoas foram mortas em três casos na capital paulista, segundo a Secretaria da Segurança Pública --a pasta só considera chacina quando, no mínimo, três pessoas são mortas ao mesmo tempo.

Todas as chacinas registradas entre os dias 12 e 19 deste mês foram de autoria desconhecida, segundo os boletins de ocorrência. Foram seis casos, com 22 mortos, na capital, e mais dois, com oito vítimas, em Guarulhos (Grande São Paulo).

Cinco casos estão sendo apurados pela Ouvidoria da Polícia. Em todos eles, as vítimas foram surpreendidas por homens encapuzados, que usaram armas de grosso calibre. Em alguns deles, familiares acusam policiais de passarem pelos locais pouco antes dos disparos.

Encapuzados também se preocuparam em coletar as cápsulas dos tiros espalhadas pelo chão, com o objetivo de dificultar a perícia do local, como ocorreu em Guarulhos, no último dia 16. Três pessoas foram mortas. Segundo moradores, PMs passaram pelo local cinco minutos antes pedindo documentos de identificação.

Os outros três casos, porém, ainda estão fora da apuração da Ouvidoria. Em um deles, ocorrido no último dia 15, na área do 103º DP (Cohab Itaquera), na zona leste, três pessoas foram mortas com ferimentos à bala idênticos, revelando que as vítimas estavam rendidas e que o atirador fez questão de atingir o mesmo local.

As três vítimas receberam um tiro no lado direito na cabeça, levemente de cima para baixo. As trajetórias dos disparos descritas por legistas do IML (Instituto Médico Legal) Central são iguais.

Sem antecedentes

A maioria das vítimas dos supostos grupos de extermínio não tinha ficha criminal. Das 27 mortes apuradas pela Ouvidoria da Polícia, 21 referem-se a cinco chacinas. Em apenas três as vítimas tinham antecedentes: um por furto, um por roubo e o outro por tráfico de drogas.

Para o prefeito de Guarulhos, cidade que registrou duas chacinas entre os dias 12 e 19, Elói Pietá (PT), o município foi alvo de uma "reação vingativa da polícia". "É muito perigoso o fato de que as polícias passem de vítimas a agressoras", disse Pietá.

O governo afirma que vai apurar todos os casos de morte envolvendo civis, inclusive os episódios de chacina.

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