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01/06/2006 - 09h40

Em ato falho, deputado cita em CPI possível transferência de preso do PCC

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FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A possível transferência de presídio de um dos líderes do PCC foi mencionada, de passagem, na sessão secreta da CPI do Tráfico de Armas cuja gravação vazou para dois advogados da facção criminosa, há três semanas. Segundo parlamentares, essa informação, reproduzida posteriormente por telefone celular para membros do PCC, pode ter contribuído para deflagrar a maior onda de violência da história do Estado.

A Folha teve acesso à íntegra do depoimento, de 10 de maio, com 64 páginas. Até agora, apenas 29 páginas da metade inicial tinham vindo à tona.

Os trechos inéditos incluem um breve diálogo entre Leandro Lima de Carvalho, que seria um "matador" a serviço do chefe da organização, Marcos Camacho (Marcola), e o presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE). No depoimento de Leandro, o parlamentar dá a entender que ele poderia ser transferido para o presídio de Avaré (SP).

"Tu estás na carceragem do Deic, não estás no [presídio de] Avaré ainda?", pergunta Moroni. Leandro se surpreende: "Por quê, eu estou indo para Avaré?" O deputado titubeia e Leandro insiste: "Eu estou indo para Avaré?" Moroni desconversa: "Não, não sei para onde tu estás indo, não tenho nem idéia". O deputado então diz que a informação poderia ser checada com os delegados Godofredo Bittencourt e Rui Fontes, do Deic, que haviam prestado depoimento pouco antes, também em sessão secreta. "Nós temos aqui os delegados, que foram ouvidos antes de ti.[...] Eles sabem todo o esquema, como é que funciona, onde é que tu fostes encontrado, como fostes encontrado."

No dia seguinte, 11 de maio, começou a transferência de 765 detentos, muitos ligados ao PCC. Leandro acabou permanecendo na sede do Deic.

Segundo a Folha apurou, os dois delegados, antes da sessão, comentaram informalmente com membros da CPI que havia um plano para transferir líderes do PCC. Mas na íntegra dos depoimentos de Bittencourt e Fontes eles não tratam do assunto, como chegou a ser veiculado. No mesmo dia, os advogados Sérgio Ueslei Cunha (de Leandro) e Maria Cristina Rachado (de Marcola) conseguiram com o técnico que gravou a sessão uma cópia do áudio. Teriam pago R$ 200.

A transferência de Leandro é abordada em outro trecho do depoimento do preso. Ao responder ao relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ele resiste à possibilidade de ser transferido.

"Quer sair de São Paulo?", pergunta Pimenta. A resposta é enfática: "Não quero sair de lá [São Paulo] não, não senhor. Minha família é toda de lá", diz.
Leandro foi preso no início de maio, acusado de planejar o resgate de Marcola --a quem negou conhecer.

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