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01/06/2006 - 10h43

Corregedoria investiga desaparecimentos em São Paulo

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ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo investiga, desde o início desta semana, as circunstâncias em torno do desaparecimento de pelo menos sete pessoas na região metropolitana, todos os casos ocorridos durante o período mais crítico de ataques do PCC contra as forças de segurança do Estado, entre os dias 12 e 19 de maio.

Um oficial da Corregedoria da PM --que pediu para não ter sua identidade revelada, pois teme "sofrer punições do comando por conversar com jornalistas"-- diz que cinco casos ocorreram na capital e têm o mesmo histórico.

À noite, em lugares pouco movimentados, testemunhas viram homens da Polícia Militar revistar e deter pessoas; mais tarde, familiares dessas pessoas foram procurá-las nos lugares onde foram vistas pela última vez e receberam a notícia de que todas haviam sido detidas. Desde então, ninguém mais foi visto pelos parentes.

Ontem, a Folha questionou o Comando Geral da Polícia Militar sobre mais dois desaparecidos que, segundo testemunhas, haviam sido abordados por PMs ao lado de um parque em Guarulhos (Grande São Paulo). A Corregedoria decidiu incluí-los na investigação.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, no total, há de 50 a 60 queixas de desaparecimento por dia no Estado.

Guardadores de carro

Segundo três testemunhas, na noite do dia 14, Dia das Mães e um dos mais tensos da guerra do PCC, dois guardadores de carros --Diego Augusto Sant'Anna, 15, e Everton dos Santos Pereira, 24-- foram abordados por PMs em uma Blazer, na avenida Paulo Faccini, região central de Guarulhos.

Os dois trabalhavam no calçadão que margeia o Bosque Maia, um dos maiores parques da cidade.

Sant'Anna e Pereira, segundo seus parentes e a polícia, em outubro de 2005 haviam sido presos sob a acusação de tentar furtar peças de bronze de um cemitério da cidade. Ambos são usuários de drogas.

O mecânico A.S., 40, pai de Sant'Anna, disse que o filho, nos últimos dois meses, passou a viver alguns períodos na rua, onde trabalhava como guardador de carros e tentava arrumar dinheiro para consumir drogas. "Mas, de tempos em tempos, ele ia em casa. Nunca ficava tanto tempo sem aparecer. No máximo, era um ou dois dias sem dar notícias. Pelo que ouvi das três testemunhas, tenho convicção de que ele foi, sim, levado pelos policiais. Se aconteceu alguma coisa, queria ao menos encontrar o corpo dele", disse o pai, que autorizou a divulgação do nome do filho, mas pediu que apenas suas próprias iniciais constassem na reportagem. "Tenho medo."

Boletim de ocorrência

A notícia de que o filho e o amigo dele haviam sido levados por PMs chegou ao mecânico por meio de um amigo dos dois desaparecidos. Para formalizar junto às autoridades policiais o desaparecimento do filho, A.S. foi ao 1º DP de Guarulhos.

Lá, ele foi atendido por um escrivão de polícia que preencheu o boletim de ocorrência nº 6.054/2006 sem fazer nenhuma citação ao fato de que ele havia sido abordado por PMs. A delegada responsável pelo caso, segundo ele, nem olhou em seu rosto durante todo o tempo em que esteve na delegacia. "Senti um certo descaso com a vida do meu filho."

Não é a primeira vez que se tem notícia de desaparecimentos em Guarulhos, após relatos de contato com PMs. Em março de 2003, Danilo Henrique Vicente e Alex Quirino Silva foram vistos em um carro da PM e também desapareceram horas depois, segundo a Polícia Civil. Até hoje, nenhum policial foi responsabilizado.

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