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29/06/2006 - 14h33

PCC usa pombos-correio em prisão de segurança máxima, diz deputado

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da Folha Online

Imagens e bilhetes divulgados nesta quinta-feira pelo deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) mostram dois dos maiores chefes do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, recebendo informações por meio de um advogado durante consultas realizadas na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo).

Lula Marques/Folha Imagem
PCC usa pombos-correio em prisão de segurança máxima, diz Raul Jungmann (foto)
PCC usa pombos-correio em prisão de segurança máxima, diz Raul Jungmann (foto)
Para o deputado, integrante da CPI, as imagens provam que o crime organizado, em especial o PCC (Primeiro Comando da Capital), possui um "braço jurídico legal" e "usa advogados como pombos-correio".

De acordo com Jungmann, a fita com as imagens que denunciam o esquema integra um processo que tramita na 5ª Vara Criminal de São Paulo. Ela foi entregue à CPI na semana passada e divulgada à Folha Online pelo deputado nesta quinta-feira.

Nas imagens, Marcola e o advogado Mario Sergio Mungioli travam um diálogo sem sentido que, para o deputado, é um código usado pelos dois. Embora estivesse separado de Marcola por um vidro, o advogado colocava bilhetes sobre a superfície, para que o preso pudesse lê-los.

Na ocasião em que a irregularidade foi flagrada, a Polícia Civil conseguiu apreender os bilhetes. Eles também foram entregues à CPI.

Comunicação

De acordo com o processo, diversos bilhetes manuscritos e datilografados foram encontrados em poder do advogado. Eles serviriam para estabelecer a comunicação entre os chefes do PCC e os demais presos.

Na cópia do inquérito à qual a reportagem teve acesso, policiais do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) relatam ter encontrado um bilhete manuscrito com o advogado no dia 6 de junho de 2003, após um encontro com Julinho Carambola.

Segundo o inquérito, o manuscrito dizia: "vou continuar trazendo notícias da P.E. - o pessoal pergunta se é melhor com você ou com o M".

"Em outras palavras, o advogado (...) afirmava que iria continuar trazendo notícias da Penitenciária do Estado, acrescentando uma indagação dos presos encarcerados naquela unidade: se era melhor dirigi-las a Julinho ou diretamente a Marcola", conclui o inquérito.

De acordo com a investigação, o mesmo advogado havia visitado o também integrante do PCC Alexandre Francisco Sandorf na penitenciária de Avaré (262 km a oeste de São Paulo) e o preso havia "proposto à liderança do PCC o desencadeamento de diversos atentados e um seqüestro".

Em outro bilhete, datilografado, há uma relação de armas "que estariam em poder dos criminosos, pois as expressões '2 bicudos 47' é entendida, na linguagem prisional, como dois fuzis AK-47", descreve o inquérito.

Outro bilhete, também datilografado, trata da morte de um preso no presídio de Pacaembu (617 km a oeste de São Paulo) e explica que "a vítima teria molestado uma visita de um outro sentenciado, razão pela qual foi morto".

No dia 22 de setembro de 2003, Luiz Carlos de Oliveira foi morto por estrangulamento dentro do presídio daquela cidade "por diversos outros presos porque havia atacado um companheiro seu".

Em outubro de 2004, Mungioli foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por formação de quadrilha, em primeira instância. No inquérito, ele negou as acusações.

Por telefone, a reportagem tentou entrar em contato com pessoas ligadas a Mungioli para obter informações sobre o andamento do processo, mas seu telefone que consta no cadastro da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) não existe mais.

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