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03/07/2006 - 09h32

Do morro, traficantes atiram contra rivais em prisão no Rio

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TALITA FIGUEIREDO
MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Presos e agentes penitenciários do complexo Frei Caneca, no centro do Rio, viraram alvos fáceis para traficantes de morros vizinhos dominados por facções rivais às dos detentos --São Carlos, da Mineira e Zinco. No sábado da semana passada, dois presos foram atingidos.

Márcio Pacheco Barbosa, 36, estava em sua cela do presídio Lemos de Brito quando foi atingido de raspão na cabeça. Gilvan Bispo da Silva, 44, estava na galeria e foi atingido por estilhaços de bala no tornozelo. Depois de medicados, foram à 6ª Delegacia de Polícia, onde foi registrado o caso. Ele exigiram cópias do boletim de ocorrência e decidirão nesta semana se processarão o Estado por falta de segurança.

Os agentes dizem que os tiros são quase diários. Foram traficantes do morro do São Carlos, integrantes da facção ADA (Amigo dos Amigos), que atiraram em direção ao Lemos de Brito, onde estão confinados presos do rival TC (Terceiro Comando). Ao lado do São Carlos, o morro da Mineira é dominado por outro rival, o Comando Vermelho.

Em outubro do ano passado, um preso foi assassinado com um tiro no peito no presídio Mílton Dias Moreira (CV), disparado do morro do Zinco (ADA).
Na terça-feira, eles foram atendidos pelo defensor público Eduardo Quintanilha, que vai encaminhar o caso à comissão de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado. "Caso eles decidam processar o Estado, serão assistidos por nós", afirmou.

De acordo com Quintanilha, vários detentos contam que são feitos disparos para essa unidade quase diariamente. "Eles [os criminosos] atiram em direção ao pátio, e os presos estão ficando temerosos. A direção da unidade toma as providências e diz aos presos para não irem muito ao pátio, mas, nesse caso, eles estavam dentro da unidade. A direção não tem como conter os tiros que vêm de fora."

Relatos de agentes penitenciários afirmam que os traficantes do morro de São Carlos circulam armados próximos a um muro entre a favela e o complexo penitenciário. Ameaçam diariamente os guardas e, por inúmeras vezes, atiram para dentro das unidades. Há presídios, como o Petrolino de Oliveira (onde estão policiais presos), onde é possível observar diversas marcas de balas nas paredes.

À noite, funcionários não podem ir ao hospital Heitor Carrilho dar remédios aos presos porque a escada fica exatamente no campo de visão dos atiradores, que os impedem de seguir pelo caminho.

No último mês de janeiro, o sindicato de agentes das prisões encaminhou ofício à Secretaria de Administração Penitenciária no qual relata "o risco de morte de inspetores de segurança" e pede a desativação do complexo.

Membro do Conselho Penitenciário, Cesar Caldeira conta que as guaritas do presídio estão cravejadas de balas. Agentes se escondem dentro das cabines, com medo dos tiros.

"Cápsulas caem no hospital Heitor Carrilho e são recolhidas constantemente. Membros da administração penitenciária têm a teoria de que a facção rival do lado do presídio contém fugas, já que o traficante do TC não vai fugir por dentro de um morro do ADA. Mas não é o tráfico que tem de fazer a segurança dos presídios", diz.

A Secretaria de Administração Penitenciária informou que não se posicionará sobre o perigo para presos e agentes, mas confirmou os fatos.

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