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09/07/2006
-
09h48
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Folha de S.Paulo
DÉBORA FANTINI
Colaboração para a Folha
Estudo contratado pela empresa que administra o aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, mostra que a área em que o ruído nocivo à saúde humana provocado pelas operações aeroportuárias cresceu 117% entre 1984, quando foi feito o levantamento anterior, e 2004, ano em que foi realizada a nova pesquisa, que será tornada pública em agosto.
A chamada área de ruído rompeu os limites de Campo Belo e Jabaquara, bairros próximos ao aeroporto, e chegou ao Itaim Bibi e ao zoológico.
Nesses locais, o barulho alcança 65 decibéis e, de acordo com a legislação brasileira, não poderia ser permitido instalar casas e escolas, por exemplo. É o que diz a pesquisa, feita pelo laboratório de acústica e vibrações da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Uma projeção realizada pelo engenheiro Ricardo Stroppa, 37, mostra que, com base na média de habitantes da região, a mancha de ruído afeta cerca de 427 mil pessoas, o equivalente à população de Santos --antes, eram cerca de 195 mil.
Viver nesses locais, segundo médicos, provoca distúrbios como perda de sono, irritação, falta de concentração e aumento do estresse, além de poder causar surdez.
Segundo o professor Jules Slama, que coordena a pesquisa, a maior causa é o aumento de operações no aeroporto. As principais origens dos ruídos são os pousos, as decolagens e o taxiamento. Além disso, como enfrenta problema de superlotação, existe a necessidade de aviões ficarem sobrevoando o aeroporto à espera de uma vaga na pista de pouso.
"A segunda pista entrou em uso mais tarde e comporta 25% dos movimentos de aeronaves", diz o professor, referindo-se ao estudo anterior, de 1984.
O número de operações e de passageiros não pára de crescer. Nos cinco primeiros meses de 2003, passaram pelo aeroporto 92 mil aeronaves e 4,6 milhões de passageiros. De janeiro a maio deste ano, foram 96 mil aeronaves e 7,4 milhões de pessoas, recorde histórico desde a inauguração, em 1936. Em relação a 2005, o número de passageiros subiu 13,89%.
Há planos da Infraero (empresa federal de aeroportos) de transferir parte das operações de Congonhas para Viracopos, em Campinas, mas o projeto ainda não saiu do papel.
A empresa contratou o estudo nos 65 aeroportos que administra no país para implantar sistemas de redução de ruído. A meta é diminuir o impacto sonoro em ao menos dez decibéis.
Slama diz ser possível alcançar tal meta com mudanças na operação. Se a aeronave cortar a potência a 250 metros do solo no pouso e só aumentá-la a mil metros na decolagem, é possível alcançar o resultado, diz.
Como bairros como Moema, Vila Mariana, Jabaquara e Campo Belo cresceram ao longo do aeroporto, atividades que não poderiam estar na mancha de ruído operam normalmente, como a escola municipal João Carlos da Silva Borges. Lá, o ruído alcança 65 decibéis, e o tolerado para aulas é de 60 decibéis.
Procurada pela Folha, a Secretaria Municipal do Planejamento, que encabeça o grupo intersecretarial que proporá mudanças no Plano Diretor até outubro, afirmou que não está definido se a zona de ruído será incorporada à nova legislação.
Há opiniões favoráveis a reordenar a ocupação do solo nessas áreas, como a da urbanista Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização). "Poderíamos, por exemplo, ir reordenando [transferir escolas para outros locais], para deixar escolas e hospitais cada vez mais longe de Congonhas."
A Infraero pediu o estudo à UFRJ para seguir a recomendação da Icao (sigla em inglês para a Organização Internacional de Aviação Civil). No início de 2004, a entidade aprovou documento sobre poluição sonora no entorno de aeroportos.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre aeroportos
Ruído nocivo de Congonhas atinge o Itaim
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da Folha de S.Paulo
DÉBORA FANTINI
Colaboração para a Folha
Estudo contratado pela empresa que administra o aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, mostra que a área em que o ruído nocivo à saúde humana provocado pelas operações aeroportuárias cresceu 117% entre 1984, quando foi feito o levantamento anterior, e 2004, ano em que foi realizada a nova pesquisa, que será tornada pública em agosto.
A chamada área de ruído rompeu os limites de Campo Belo e Jabaquara, bairros próximos ao aeroporto, e chegou ao Itaim Bibi e ao zoológico.
Nesses locais, o barulho alcança 65 decibéis e, de acordo com a legislação brasileira, não poderia ser permitido instalar casas e escolas, por exemplo. É o que diz a pesquisa, feita pelo laboratório de acústica e vibrações da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Uma projeção realizada pelo engenheiro Ricardo Stroppa, 37, mostra que, com base na média de habitantes da região, a mancha de ruído afeta cerca de 427 mil pessoas, o equivalente à população de Santos --antes, eram cerca de 195 mil.
Viver nesses locais, segundo médicos, provoca distúrbios como perda de sono, irritação, falta de concentração e aumento do estresse, além de poder causar surdez.
Segundo o professor Jules Slama, que coordena a pesquisa, a maior causa é o aumento de operações no aeroporto. As principais origens dos ruídos são os pousos, as decolagens e o taxiamento. Além disso, como enfrenta problema de superlotação, existe a necessidade de aviões ficarem sobrevoando o aeroporto à espera de uma vaga na pista de pouso.
"A segunda pista entrou em uso mais tarde e comporta 25% dos movimentos de aeronaves", diz o professor, referindo-se ao estudo anterior, de 1984.
O número de operações e de passageiros não pára de crescer. Nos cinco primeiros meses de 2003, passaram pelo aeroporto 92 mil aeronaves e 4,6 milhões de passageiros. De janeiro a maio deste ano, foram 96 mil aeronaves e 7,4 milhões de pessoas, recorde histórico desde a inauguração, em 1936. Em relação a 2005, o número de passageiros subiu 13,89%.
Há planos da Infraero (empresa federal de aeroportos) de transferir parte das operações de Congonhas para Viracopos, em Campinas, mas o projeto ainda não saiu do papel.
A empresa contratou o estudo nos 65 aeroportos que administra no país para implantar sistemas de redução de ruído. A meta é diminuir o impacto sonoro em ao menos dez decibéis.
Slama diz ser possível alcançar tal meta com mudanças na operação. Se a aeronave cortar a potência a 250 metros do solo no pouso e só aumentá-la a mil metros na decolagem, é possível alcançar o resultado, diz.
Como bairros como Moema, Vila Mariana, Jabaquara e Campo Belo cresceram ao longo do aeroporto, atividades que não poderiam estar na mancha de ruído operam normalmente, como a escola municipal João Carlos da Silva Borges. Lá, o ruído alcança 65 decibéis, e o tolerado para aulas é de 60 decibéis.
Procurada pela Folha, a Secretaria Municipal do Planejamento, que encabeça o grupo intersecretarial que proporá mudanças no Plano Diretor até outubro, afirmou que não está definido se a zona de ruído será incorporada à nova legislação.
Há opiniões favoráveis a reordenar a ocupação do solo nessas áreas, como a da urbanista Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização). "Poderíamos, por exemplo, ir reordenando [transferir escolas para outros locais], para deixar escolas e hospitais cada vez mais longe de Congonhas."
A Infraero pediu o estudo à UFRJ para seguir a recomendação da Icao (sigla em inglês para a Organização Internacional de Aviação Civil). No início de 2004, a entidade aprovou documento sobre poluição sonora no entorno de aeroportos.
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